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Advogado promove coletiva para dizer que Andr inocente
Contratado para defender o candidato André Rohde, o advogado santa-cruzense Ademar Antunes da Costa protagonizou na tarde de ontem uma novidade que o município ainda não havia experimentado em período eleitoral. Próximo das 16h, o coordenador da campanha de Elcy/André, Mauro Flores, telefonou para a redação da Folha para comunicar que o advogado estaria concedendo uma entrevista coletiva à imprensa no escritório da DSM Advogados, na avenida Pereira Rego. Participaram da coletiva o editor da Folha de Candelária, a editora do Jornal de Candelária, um repórter da Rádio Comunitária Vida Nova FM e um da rádio Triângulo FM. Inicialmente, Ademar Costa expôs toda a história envolvendo os atos de vandalismo na oficina do PP, no Rincão Comprido, que inicialmente gerou apenas uma ocorrência na delegacia de polícia. Segundo ele, o depoimento do pintor Fábio André da Silva mudou o curso da história, pois ele teria ido depor na DP a mando de pessoas ligadas à coligação de Lauro. O próprio prefeito teria dito ao delegado que haveria uma pessoa disposta a depor contra André, contou Costa. Com isto, segundo o advogado, ficou evidenciado que Fábio teria sido contratado não por André, mas por pessoas ligadas à candidatura de Lauro Mainardi para fazer o estrago na oficina. Ele mencionou ainda que Paulo Roberto Mença e Lauro Oliveira, o “Caiçara”, registraram ocorrências na delegacia de polícia porque teriam sido vítimas de ameaças por parte da coligação adversária de André.
PORTO ALEGRE – Ademar Costa não confirmou a fonte, mas disse que soube por terceiros que Fábio da Silva teria fugido para Porto Alegre, onde prestou depoimento na Secretaria de Justiça e Segurança – SSP. O conteúdo da oitiva ainda não foi revelado, o que deve acontecer somente hoje. Indagado pelo editor da Folha sobre como Fábio foi parar em Porto Alegre e como ele sabia do depoimento de Fábio ao delegado Meirelles, o advogado limitou-se a dizer que foi por informações de terceiros. Estranhamente, na coletiva de ontem, o candidato André Rohde apresentou à imprensa um cartão do delegado Marcos Coelho Gonçalves Meirelles, que, segundo ele, teria tomado o depoimento de Fábio na SSP. Sobre a participação de autoridades no suposto esquema de crime eleitoral, Costa também preferiu não divulgar os nomes, porém acredita-se que na representação judicial que irá mover contra a coligação de Lauro, ainda na segunda-feira, deverá aparecer os nomes do prefeito e do capitão da Brigada e suas respectivas esposas, o que já foi utilizado na gravação do programa eleitoral de Elcy/André na quarta-feira.
“As gravações com Fábio confirmam todos os fatos e servirão de prova para instruir o processo”, argumentou Costa que, paralelamente à representação eleitoral, também vai buscar na justiça ressarcimento por danos morais sofridos por André e sua família. Ademar Costa disse que seria irresponsabilidade de sua parte entrar com alguma ação se não tivesse elementos suficientemente comprobatórios para comprovar o que disse. As degravações dos áudios com os supostos novos depoimentos de Fábio da Silva estão sendo realizadas por um cartório de Santa Cruz do Sul.
“Uma história sem pé nem cabeça”
Ouvido no final da tarde de ontem a respeito dos novos fatos alegados por André Rohde, o advogado da coligação Lauro/Rui, Ilimar Mainardi, afirmou não haver nenhuma lógica na versão. “É uma história sem pé nem cabeça”, observou. A verdade sobre o episódio, segundo declara, é facilmente obtida a partir da comparação entre o que os dois lados dizem e apresentam. “De nossa parte, convém lembrar, inicialmente, que estamos muito tranqüilos em relação ao resultado da eleição. Por isso, não teríamos motivo nenhum para criar ou inventar fatos”, observa. Segundo Ilimar, na verdade o cidadão Fábio da Silva procurou o candidato Lauro em determinado dia relatando que teria sido contratado por André para simular o ato de vandalismo mediante pagamento de R$ 80,00. Fez tal denúncia por não ter recebido o dinheiro prometido. Diante disso, Fábio foi orientado a narrar os fatos na Delegacia de Polícia, o que fez de forma livre e espontânea, sem qualquer coação, perante testemunhas e autoridade policial. A narrativa de Fábio foi levada ao conhecimento do juízo eleitoral, transformada a partir disso em notícia-crime contra André.
Ilimar Mainardi argumenta que, acuado pela situação, André Rohde busca agora inverter acusações para, de forma desesperada, tentar provar sua inocência. “Vale lembrar que a coligação Compromisso com o Trabalho não tomou a iniciativa de acusá-lo. Quem o fez foi o Fábio da Silva de forma espontânea”, acrescentou. Segundo acrescenta, o desespero de André fica bem evidenciado diante de acusações sem prova e sem lógica contra pessoas de bem, incluindo, inclusive, uma autoridade policial. Para tanto, lembra, valeu-se inicialmente de uma gravação de péssima qualidade, da qual pouco se entende e que foi flagrantemente editada. “Tais fatos foram reconhecidos pela justiça, que determinou a retirada do programa do horário eleitoral”, frisou. Segundo Mainardi, dois outros depoimentos reforçam a versão original de Fábio. Um deles já foi prestado ontem na DP local e o outro deverá depor hoje. O advogado diz que essas duas pessoas, reconhecidamente idôneas na comunidade, afirmam terem ouvido Fábio comentar que André teria oferecido R$ 2.500,00 para mudar a versão contada na polícia. Contou que não aceitou a oferta, mas que uma eventual proposta maior o faria mudar de idéia.
“Uma interpretação lógica dos fatos nos permite acreditar que, ao que tudo indica, a proposta maior foi feita e aceita”, ressalta Mainardi. Para reforçar esta conclusão, o advogado ainda chama a atenção para alguns aspectos. Questiona, por exemplo, como André e seu advogado sabiam do novo depoimento de Fábio. “Outras perguntas sem resposta: porque esse novo depoimento foi prestado em Porto Alegre? As autoridades de Candelária não são suficientemente idôneas para tal procedimento?” O advogado ainda alerta para uma coincidência. “O delegado é ligado a um órgão estadual que, por sua vez, está atrelado ao governo estadual do mesmo partido do candidato André”, enfatiza, indagando na seqüência: “Não é estranho ele dizer que não sabe como Fábio foi parar em Porto Alegre e ter um cartão do delegado?”
O advogado da coligação Lauro/Rui revelou por fim que, além das evidências neste sentido, já tem informações concretas indicando ter sido o próprio André que levou Fábio a Porto Alegre. Ele conclui salientando que André está flagrantemente tentando tumultuar uma realidade eleitoral que lhe é muito desfavorável. “Felizmente a justiça está atenta a todas essas atitudes lamentáveis e que tentam em vão confundir a opinião pública”, conclui.