Logo Folha de Candelária
25/08/2009 16:56
Por:

Uma campanha que se concentra no Frum

Com a publicação de várias resoluções para regulamentar as eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) abriu caminho para uma movimentação paralela à campanha eleitoral. Por ela transitam candidatos, partidos, coligações e seus advogados e acaba, inevitavelmente, abastecendo os órgãos de imprensa, tendo em vista o interesse que o assunto e as questões controversas despertam na opinião pública. Em Candelária não tem sido diferente. Qualquer detalhe virou motivo de representação na justiça e, como o juizado eleitoral tem prioridade máxima para julgar estas questões, o trabalho praticamente dobrou nos últimos dois meses, transformando a rotina no Fórum de Candelária. Até quarta-feira, 24, foram pelo menos 14 as ações e representações que aportaram no Cartório da 13ª zona. Oito foram arquivadas, duas estão sob análise do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), três continuam em andamento em primeiro grau e uma foi parar na polícia. Deixado de lado, resta ao eleitor acompanhar o desdobramento dos processos, quando na verdade deveria ser ele o alvo especial das atenções dos candidatos nesta época.
Para o juiz eleitoral Gérson Martins da Silva, o número de representações está dentro do esperado, porém, salienta que está havendo uma espécie de judicialização da campanha. Ele evidenciou que o judiciário está sendo utilizado mais como forma de campanha do que para a busca do voto do eleitor. A falta de nexo e casualidade das representações eleitorais resultou no indeferimento de quase a totalidade dos pedidos. Das 13, só uma havia logrado êxito até quarta-feira, por propaganda irregular num dos trevos da RSC 287 e que acabou multando a coligação infratora em pouco mais de R$ 5 mil. O juiz observou que boa parte das denúncias apresentadas são infundadas e tem como objetivo gerar notícia na mídia. “Isto evidencia o caráter jurídico e pouca ação política na campanha”, analisou o juiz. “Seria interessante que os candidatos procurassem formas mais inteligentes para fazer campanha e utilizassem menos a justiça eleitoral”, destacou. O recado serve não somente como crítica, mas sobretudo para a valorização da desgastada classe política, que deveria se preocupar em apresentar propostas com dignidade e respeito ao eleitorado, o que, infelizmente, não é o que se vê.