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Geral 27/08/2021 08:08
Por: Luciano Mallmann

APAE Candelária: dia após dia, transformando conhecimento em ação

Os dias entre 21 e 28 de agosto marcam a passagem da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla; exposição anual celebra o período

  • A equipe da APAE de Candelária: educação que transforma
  • Fonoaudióloga Kelen Andres: através da fonoaudiologia, desenvolvimento da linguagem, entre outros aspectos
  • Luís Guilherme Ferreira Osório: com a fisioterapia ocorre a estimulação precoce
  • Simone J. Ellwanger: a importância da convivência e das atividades de socialização
  • A educadora especial Ana Cristina da Silva: potencializando o desenvolvimento psicomotor

No calendário de 2021, os dias entre 21 e 28 de agosto marcam a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, que, neste ano, tem como tema “É tempo de transformar conhecimento em ação”. Ao longo desse período, a APAE de Candelária realiza, desde a sexta-feira, 20, sua exposição anual com os trabalhos produzidos pelos inscritos da entidade. Resultado de um trabalho realizado ao longo de um ano, a exposição possui o dom adicional de evidenciar que na APAE de Candelária, com ou sem pandemia, o trabalho se dá de maneira ininterrupta, seja de forma presencial ou a distância, como no caso dos meses de maior contágio da pandemia. Na edição de hoje, a Folha procura mostrar um pouco sobre a dedicação sensível e abnegada dos profissionais da entidade, um trabalho conjunto, que faz toda a diferença na vida dos inscritos e de suas famílias.

Entre os atendimentos disponibilizados pela entidade em Candelária, está o de fisioterapia. Realizado pelo fisioterapeuta Luís Guilherme Ferreira Osório, o trabalho consiste na estimulação precoce dos inscritos. Em uma carga horária semanal de 12 horas, o profissional, através das mais diversas técnicas, possibilita o desenvolvimento motor e cognitivo da criança. Através disso, Luís Guilherme previne eventuais deformidades que possam surgir em pacientes portadores de deficiências, e também atua na orientação aos pais e familiares no processo de amadurecimento e autonomia dos inscritos, para que eles possam atingir o melhor desenvolvimento possível, no âmbito de um atendimento multiprofissional.

Da mesma forma, é de fundamental importância o trabalho dedicado e atencioso da fonoaudióloga Kelen Andres. Como a maior parte dos atendimentos realizados na entidade, o atendimento de fonoaudiologia, com carga horária de 16 horas semanais, é amplo e individualizado. É realizado individualmente, de acordo com as necessidades de cada inscrito. De um modo mais geral, tem, entre seus objetivos, estimular o desenvolvimento da linguagem oral, gestual e escrita. Kelen trabalha também na habilitação e reabilitação das funções relacionadas à motricidade oral e facial, que incluem a respiração, mastigação, deglutição e sucção. Em grande parte, o atendimento é realizado de forma lúdica, através de brincadeiras e jogos – muitas vezes elaborados pela própria fonoaudióloga -, direcionados a estimular as habilidades a serem trabalhadas.

Na atuação da professora de Educação Especial Ana Cristina da Silva, os objetivos são os estímulos e intervenção. A finalidade é facilitar movimentos que favoreçam a aquisição sensorial e motora, potencializando o desenvolvimento psicomotor dos alunos. Desse modo, possibilita-se a socialização dessas crianças para, quando chegarem à idade escolar, poderem ingressar na rede regular de ensino. Os atendimentos ocorrem uma vez por semana e de forma também individual. As atividades são de forma lúdica, com a utilização de materiais confeccionados pela própria Ana Cristina, com uso de material reciclado.

A importância do papel da professora Simone Jaqueline Ellwanger, que atua na entidade há 21 anos, pode ser mensurada pelo fato, tantas vezes ignorado, de que a APAE, para muitos entre os inscritos, constitui o único vínculo com a sociedade. O trabalho de Simone, realizado com inscritos a partir dos 18 anos, com carga horária de 22 horas semanais, consiste na organização do grupo de convivência, através do qual são desenvolvidos trabalhos manuais diversificados, como, por exemplo, pintura de vasos de cerâmica e confecção de papel reciclado, entre outros que buscam desenvolver a coordenação motora. Além disso, outra finalidade do trabalho da professora é estimular ações de boa convivência entre os alunos, tanto dentro como fora da entidade. Isso é realizado por meio de diálogos e atitudes de rotina, participação em projetos, encontros familiares, viagens e comemorações realizadas pela APAE ao longo do ano.

Para o bom funcionamento desses serviços e para que eles sejam realizados da melhor maneira possível, é essencial, além de ter na presidência a sempre presente Alvanira Porto da Silveira, o papel de uma coordenação sensível e atenta aos detalhes. É no exercício dessa função que a educadora especial e coordenadora geral Cleidi Limberger Marion revela uma maestria pontuada por uma dedicação exemplar. Sempre atenta a tudo que diga respeito às questões voltadas aos inscritos, é na direção e organização do trabalho de Luís Guilherme, Kelen, Ana Cristina e Simone que Cleidi demonstra uma sensibilidade única. Em conjunto, é através do trabalho de pessoas como essas mencionadas que se torna possível a tradução da palavra “excepcional” para “especial”. Sem a menor dúvida, é com a soma desse trabalho que o “educar para transformar” encontra sua maior ressonância. Em síntese, um trabalho que não deveria ser lembrado apenas uma vez por ano, mas sim em cada dia.