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Ns, professores: os filhos do medo e do silncio
Terminei de assistir ao filme verídico sobre a vida de Zuzu Angel, estilista conceituada e brasileira, cujo filho, nascido nos EUA mas crescido no Brasil, lutou contra a ditadura e por isso foi morto e jogado ao mar. Sua mãe empenhou-se todos os seus dias para revelar ao mundo como fora morto o seu filho. Queria, no seu direito, saber onde estavam os seus restos mortais para cantar-lhe a última canção de ninar. Por este sonho pagou também com sua vida, mas ousou e usou de toda oportunidade para desmascarar para o Brasil e para o mundo que toda aparência de normalidade eram falsas em nosso país.
Gente! Como o medo, a conformidade, a subordinação continuam vivas entre nós. Somos herdeiros do silêncio e do medo.
Eduardo Galeano em seu livro “A cultura do terror” escreve: “o sistema nos convence de que a servidão é um destino e a impotência, a tua natureza; te convence de que não se pode dizer não; não se pode fazer; não se pode ser;...”
O professor não pode fazer greve para não punir os pais, os alunos. O professor não pode ser, não pode querer ao menos um aumento de salário, nem sequer que a lei nacional seja cumprida. O professor não é covarde, é submisso, e submisso não pode dar exemplo a seus alunos, ao pais aos outros trabalhadores. Se soubesse a força que tem, se uniria e lutando nasceria o homem novo.
Vejam, vão cortar nosso ponto! Não pagarão os dias parados! Então optamos por ter pão na mesa e algumas contas pagas! Não precisamos ir ao dentista, comprar livros, direitos assegurados. A governadora é o sistema. Manda quem pode. Vamos continuar em silêncio! Um dia, de tanto ficarmos cabisbaixos, nossa cabeça varrerá o chão, não posso falar, não posso contestar... o silêncio garante o pão na mesa, o emprego, a mesmice.
Geraldo Vandré já cantava: “amar a pátria e viver sem razão”. Gandhi fez uma luta pacífica, silenciosa. Era uma insurreição, mas era uma ação, jejuava e sofria, mas não compactuava com o poder que oprimia.
Quem sabe se vestíssemos roupas alvas e andássemos descalços e silenciosos e se fôssemos aos milhares morrer em frente ao palácio do poder, imitando Gandhi, nos chamariam de loucos. Creio que o pessoal da Brigada Militar e todo o funcionalismo poderiam juntar-se a nós. Mas agora é a hora do silêncio!?
Não! Não! Quero gritar: chega! Quero que este texto escrito por uma professora aposentada, seja lido por todos que sentem medo. Eu também sinto, eu sei, e provei na pele o poder dos grandes, dos torturadores... Mas eu quero me sentir viva! Eu quero, na hora de morrer, então, sim, calar-me, com a sensação de que apesar do medo, EU NÃO ME CALEI.
Professora Sônia Maria Petermann
Gente! Como o medo, a conformidade, a subordinação continuam vivas entre nós. Somos herdeiros do silêncio e do medo.
Eduardo Galeano em seu livro “A cultura do terror” escreve: “o sistema nos convence de que a servidão é um destino e a impotência, a tua natureza; te convence de que não se pode dizer não; não se pode fazer; não se pode ser;...”
O professor não pode fazer greve para não punir os pais, os alunos. O professor não pode ser, não pode querer ao menos um aumento de salário, nem sequer que a lei nacional seja cumprida. O professor não é covarde, é submisso, e submisso não pode dar exemplo a seus alunos, ao pais aos outros trabalhadores. Se soubesse a força que tem, se uniria e lutando nasceria o homem novo.
Vejam, vão cortar nosso ponto! Não pagarão os dias parados! Então optamos por ter pão na mesa e algumas contas pagas! Não precisamos ir ao dentista, comprar livros, direitos assegurados. A governadora é o sistema. Manda quem pode. Vamos continuar em silêncio! Um dia, de tanto ficarmos cabisbaixos, nossa cabeça varrerá o chão, não posso falar, não posso contestar... o silêncio garante o pão na mesa, o emprego, a mesmice.
Geraldo Vandré já cantava: “amar a pátria e viver sem razão”. Gandhi fez uma luta pacífica, silenciosa. Era uma insurreição, mas era uma ação, jejuava e sofria, mas não compactuava com o poder que oprimia.
Quem sabe se vestíssemos roupas alvas e andássemos descalços e silenciosos e se fôssemos aos milhares morrer em frente ao palácio do poder, imitando Gandhi, nos chamariam de loucos. Creio que o pessoal da Brigada Militar e todo o funcionalismo poderiam juntar-se a nós. Mas agora é a hora do silêncio!?
Não! Não! Quero gritar: chega! Quero que este texto escrito por uma professora aposentada, seja lido por todos que sentem medo. Eu também sinto, eu sei, e provei na pele o poder dos grandes, dos torturadores... Mas eu quero me sentir viva! Eu quero, na hora de morrer, então, sim, calar-me, com a sensação de que apesar do medo, EU NÃO ME CALEI.
Professora Sônia Maria Petermann