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25/08/2009 16:56
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Desvendando os mitos de Noel

Papai Noel é um ser mitológico; não desses que têm superpoderes, que lançam chamas, que utilizam martelos que podem bater mil bifes de uma só vez ou daqueles que com um só sopro frio conseguem fazer toneladas de sorvete. Noel até que tem alguns poderes, como fabricar brinquedos para todas as crianças do mundo e fazer todos eles entrar no seu saco mágico. Aliás, o que diferencia ele dos outros seres mitológicos – além da roupa e do hohoho – é que ele tem um segundo saco, que não é mágico, mas isso não é assunto apropriado para a data. De resto, ele  tem a mesma forma física do que um ser humano qualquer e passa por coisas que nós, reles mortais, também passamos. Por falar em reles mortais, descobri na semana passada que a esposa do Papai Noel, a Mamãe Noel, é fumante. Sim, atravessando a rua dia desses vi Mamãe Noel arrumando um canteiro do centro com um “pito” na mão, mas isso é problema do casal, o negócio aqui é contar história e para tanto vou recorrer à herança dos antepassados, os alemães Alves. Aliás, aqui cabe um tradicional parêntese.
Os alemães Alves, que residiam aqui no passado, foram os principais responsáveis por destruir a redução jesuítica e mandar os índios embora. Foram duramente penalizados por isso e até a penúltima geração todos só ganhavam carpim no Natal. Mas segundo os anais da história, o problema é que os índios dançavam pelados o dia todo, e cada índio pegava a índia que quisesse e bem entendesse. Como os Alves eram muito respeitadores, acabaram se invocando com aquela orgia silvícola, botaram respeito e enfiaram o pé na bunda dos índios numa luta sem igual. Mas ninguém sabia deste fato até hoje, isso porque um atochador de primeira chamado Raposo Tavares inventou que foi ele quem expulsou os índios daqui. Na verdade o nome do Raposo era Antônio, mas todo mundo conhecia ele por “Tonho”; até aquele dia... Louco de medo dos índios, quando “Tonho” viu a coisa feia se enfiou numa toca de raposa, decerto com medo de levar uns sopapos. Resultado: acabou sendo apelidado de “raposo” pelos Alves. Terminada a peleia, o encagaçado “Tonho” sumiu dali e foi para Minas Gerais, morar onde hoje fica o campo do Cruzeiro. Mas como ele tinha amizade com um pessoal da “imprensa parceira”, acabou desvirtuando os fatos e ficando com a fama de desbravador e coisital. Muito, mas muito depois de a casa de tabatinga com sapé cair, foi que os mineiros ficaram sabendo da verdadeira história, e aproveitaram a deixa para batizar o campo do Cruzeiro de “Toca da Raposa”. Fecha parêntese.
Voltando ao assunto do Papai Noel, antigamente Candelária ainda era um potreiro, tinha bosta de vaca e de galinha por tudo quanto é lado, mais ainda do que sorvete derretido nas ruas hoje em dia. Papai Noel utilizava uma roupa branca, para se parecer com um fantasma e amedrondar as crianças, e usava uma barba preta. Mas um dia, se encostou numa casa recém-pintada com cal e Xadrez vermelho (que era a tinta da moda naquela época) e a roupa acabou ficando... vermelha. Por isso, e só por isso que a roupa de Papai Noel é vermelha, porque se o dono da casa usasse Xadrez verde, a roupa seria verde, se usasse azul seria azul, e eticétra. Desvendado mais este mistério e com pouco espaço sobrando aí embaixo, não me resta outra coisa a não ser desejar um feliz e abençoado Natal antecipado a todos e dizer que semana que vem não tem coluna, pois tem edição especial de Natal.
PS.: Mito ou não, não deixe que o encanto que o velhinho traz às crianças se perca por aí. Economize em cigarros e cervejas e peça para o Noel trazer um presentinho para seu filho(a) no final de ano. Olhinhos brilhando são os mais lindos enfeites que Deus já pôs no mundo.