Logo Folha de Candelária
25/08/2009 16:56
Por:

Eu no mundo da publicidade

Eu sempre fiquei meio tentado a fazer uma faculdade de publicidade e propaganda. Sabem por que? Porque tenho uma veia artística, destas que dotam a gente de um potencial incrível para criar coisas mirabolantes e fazer com que uma marca realmente marque. O problema é que para pagar a faculdade é necessário muito dinheiro e empresas grandes não investem em gente que não tem curso superior. Resultado: um grande nome da publicidade está hibernando e pode ficar neste estágio eternamente por falta de apoio. Por isso escrevo estas linhas perfeitamente simétricas na tentativa de que alguém sinta compaixão de minha situação de pobreza e patrocine uma faculdade para que eu possa ganhar bastante dinheiro, ficar rico e me dedicar inteiramente ao meu verdadeiro hobby: fazer schmier de jabuticaba. Para provar que vale a pena o investimento, vou demonstrar um pouco deste potencial a ser lapidado nos bancos universitários. Agora com licença, porque tenho que me preparar psicologicamente e não fazer como alguns por aí, que chupinham tudo da internet. Vou fumar um cigarrito enquanto penso e volto já...
Feito, meu cérebro funciona melhor com fumaça. Pois não é que enquanto estava fumando acabei encontrando uma velha caixa de envelopes escrito bem grande ENVELOPES e que me deu uma baita duma inspiração? Seres comuns logo iriam pensar: mas que diacho de besteira é essa que um cabra da peste vê numa simples caixa de envelopes uma idéia tão mirabolante? Explico, caros mortais: conhecem alguém que tenha o sobrenome Lopes? Pois então, a marca dos envelopes poderia ser Enve e o Lopes poderia ser aproveitado para dar sequência ao nome, sacaram? Enve Lopes, envelopes, hã, hã?? Vamos lá, membros da família Lopes, encampem a ideia, ganhem dinheiro e mande alguns royalties como agradecimento.
Para dar o segundo exemplo não vou fumar, vou me inspirar em alguma coisa que esteja por perto tipo, hum, um telefone celular. E por falar nisso, quanta falta de criatividade estas empresas tiveram para criar os nomes das operadoras. Eu jamais iria colocar um nome tipo Vivo numa operadora. O pessoal da concorrência poderia deitar e rolar com deixas tipo: vivo caindo, vivo sem sinal, vivo fora de área, vivo dando problema e por aí vai. Claro que este nome não foi uma boa, mesmo porque às vezes o sinal não é muito claro e é claro que todos os celulares apresentam problemas em determinadas áreas. Para finalizar a lorota, se me fosse solicitado um estudo iria sugerir ao presidente da operadora a dar o nome de Edson. Bastaria pegar o Edson Celulari como garoto-propaganda e pronto. Isso sem falar que as tias do ônibus já estão bem familiarizadas com os “celulári” que todas as “cumádi” têm, basta escutar algum diálogo amistoso como este: – “Praga do diabo, dondi é qui tu conseguiu o numbro do meu celulári, cadela desgraçada? Tava co saudádi de voceis!”. Adoro este tom de conversa com intimidade explicitada pra cachorro (ou cadela).
E na propaganda na TV apareceria o Edson numa praia paradisíaca se refrestelando com um montão de mulheres bonitas e de top less enquanto que uma voz no celular diz desesperadamente: Édson, Édson, Édson, alô, Édson, por favor.... E para finalizar, um slogan em letras grandes na parte de baixo do vídeo: Edson: este pega tudo e em qualquer lugar! (fecha com o Celulari desligando o telefone e se atirando na praia com a mulherada, eita, hehehe!)
Outro exemplo – o último de hoje – da minha criatividade fértil é com respeito às abreviaturas. Quando criaram a Associação Cultural de Candelária, o pessoal veio aqui na Folha para que o Guilherme fizesse o logotipo; foi quando meti o bedelho e considerei a utilização de uma abreviatura. Como Associação Cultural de Candelária Érico Veríssimo é um nome um tanto comprido, sugeri que chamassem de Ascuca. Trancou na “cuca”, porque o pessoal não queria que confundissem com as tradicionais cucas alemãs (aquelas que tem streusel com qualhada ou frutas). Minha proposta nem foi apreciada, mas toda vez que alguém fala na associação, o nome me remete à cuca. O logotipo tem a estampa do Érico, um homem que tinha uma cuca muito legal. Só não vão fazer comparativos com isso porque o Roque Radtke anda meio buzina comigo porque entreguei ele com aquela história de pintar os cabelos.
Bom, se com um cigarro deu pra ter tanta idéia, imagine com dinheiro. Liguem, peçam o número de minha conta no banco que terei o maior prazer em fornecê-lo. A publicidade moderna agradece, meu bolso e os credores também!