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25/08/2009 16:56
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Pecuria de leite inaugura a srie especial

A força do rebanho bovino

Candelária tem mais de 40 mil bovinos conforme relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE – 2007). Deste total, mais de quatro mil estão na ordenha (produção de leite).
As primeiras edições da série “Riquezas da Nossa Terra” serão dedicadas à pecuária. A previsão inicial é de que sejam publicadas 11 matérias relacionadas ao tema. Os assuntos foram pautados com base na lista das atividades que o IBGE considera predominantes em Candelária. Hoje, por exemplo, é descrito o potencial dos bovinos de leite, que geram renda para 60 produtores. A atividade é incentivada desde 2007 no município e se destaca principalmente nas localidades de Passa Sete, Linha do Rio, Faxinal dos Porto e Capão do Valo.


De acordo com o IBGE, Candelária tem 40.185 bovinos, dos quais 4.086 são destinados para ordenha. Apesar de ser inferior à quantidade que vai para o corte, a produção de leite é fundamental para o fortalecimento da economia. Informações da secretaria municipal de Agricultura apontam que em 2008 foram vendidos 1 milhão 470 mil litros de leite produzidos no município para duas empresas de laticínios do Vale do Rio Pardo e Taquari. Em média, significa uma produção mensal de 122.500 litros. Já o faturamento anual fica em torno de R$ 882 mil. O valor, que é calculado com base no preço médio pago pelo litro (varia de 48 a 62 centavos), incrementa a renda familiar e contribui para a arrecadação de impostos no município.
O leite produzido em Candelária é comercializado para a Parmalat e a Cosuel (Cooperativa de Suinocultores de Encantado Ltda.). O produto é responsável pelo abastecimento de inúmeros mercados e tem gerado o desenvolvimento de várias propriedades em Candelária. Um dos produtores que está na atividade há 15 anos é Adair Knies, de Vila  Passa Sete. Com 18 vacas holandesas, ele tem uma produção diária de 400 litros. Por mês, são 12 mil litros.  Em entrevista à reportagem da Folha ele conta que ingressou na área por incentivo de um técnico da Parmalat, que lhe sugeriu a diversificação do rebanho. “No início tinha seis vacas e, aos poucos, fui investindo e comprando mais”, lembra. Na propriedade de Knies, o leite incrementa a produção de fumo e de milho.

INVESTIMENTOS – Nos últimos anos, o produtor investiu pesado para se manter na atividade. “Hoje o leite é pago por qualidade; produto ruim não entra no mercado. Quem quer se manter na atividade tem que investir”, completa Knies. Além dele, se destacam outros produtores como Duarte e Adriano Severo (Capão do Valo), Darlan Wachholz (Faxinal dos Porto) e Roni Rehbein (Linha do Rio), que igualmente investiram e, hoje, tem uma produção  significativa nas  propriedades. Conforme o técnico em agropecuária Dione Lazzari, que presta assessoria para o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), a bacia leiteira tem sido fortalecida nos últimos anos. Segundo ele, a atuação do grupo formado por representantes do STR, Sindicato Rural (SR), Emater, Inspetoria Veterinária, Sicredi e Banco do Brasil deu um novo direcionamento para a atividade. Com o objetivo de organizar e desenvolver o setor, estas lideranças têm colaborado na cedência de assistência técnica e na negociação de crédito para aquisição de animais e equipamentos (ordenhadeiras, misturadores de ração, ensiladeiras, resfriadores, entre outros) e na melhoria das instalações.        

ANIMAIS - Conforme Lazzari, o rebanho de Candelária é formado por vacas da raça Holandesa (produz leite em maior quantidade), Jersey (produz leite com maior quantidade de gordura - ideal para fabricação de queijo e outros subprodutos), e Pardo Suíço (produz tanto leite quanto carne, é uma raça intermediária). O modo de produção mais utilizado no município é o da pastagem com complemento de cilagem e ração concentrada. Esta alternativa, segundo o técnico, é mais barata para o produtor. “Outra forma que poderia ser utilizada é a do confinamento, que é mais rápida, porém mais cara”, explica. Já a reprodução é feita, na maioria dos casos, por inseminação artificial, que garante o melhoramento genético dos animais.
Na edição da próxima terça, 10, a série vai abordar os potenciais do rebanho de corte, que é formado por animais de raça européia e zebuína.

Perfil
População    30.369*
- homens    14.894
- mulheres    15.475
Porte    médio**
Altitude da sede    57 metros
Área    943,7 km²
Latitude    -29,6
Longitude    -52,7
Microrregião    Santa Cruz do Sul
Mesorregião    Centro Oriental
Região Geográfica    Sul

*Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE – 2008)
** Fonte: Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs – 2009)

As potencialidades
Mais da metade da população de Candelária (51,2%) mora no interior, de acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE – 2008). A estatística confirma o quanto a agricultura é importante para a economia do município. Mais do que isso, revela a parcela significativa de trabalhadores que acreditam na força da terra, que exploram estas riquezas para sobreviver e abastecer o mercado consumidor e que, sobretudo, investem nas propriedades.
São por fatores como estes que a atividade é um dos segmentos que mais contribui para a formação do PIB (soma de todos os bens e serviços produzidos no município). É a segunda do ranking com 36,8% de participação, conforme a Fundação de Economia e Estatística do RS – FEE (2006, estimativa mais recente). Já na formação do Valor Adicionado Bruto (VAB), que tem por base de cálculo o Índice de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o setor primário lidera com 59,7% de contribuição. O destaque é para o fumo (49%), o arroz (22%) e a soja (18%). Considerando o VAB dos produtos, Candelária figura como a 28ª economia do Rio Grande do Sul.
Embora os dados mais atuais sejam referentes ao período de 2006, percebe-se que a agricultura é peça chave para o desenvolvimento econômico do município. A participação no PIB estadual, por exemplo, ficou na casa dos 0,18% no período. Já o PIB per capita (que indica a contribuição média de cada habitante para a sua região na divisão do PIB) ficou em torno de R$ 9.000,00.