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O Brasil tem jeito
Lauro Mainardi - Prefeito de Candelária
Desde a volta da democracia, em 1985, o país tem passado por uma série de escândalos na esfera institucional.
No Poder Executivo houve desde cassações e prisões de prefeitos corruptos até o impeachment de um presidente e a demissão de ministros envolvidos em esquemas ilícitos.
No Legislativo, por seu turno, ainda se escutam os ecos de mensalinho, do mensalão e dos diaristas que costumam passear por este Brasil a fora, com o dinheiro do povo e a desculpa de estar fazendo cursos e dos “anões” da Máfia do Orçamento, mas eles estão sendo banidos da vida pública. Agora, com a Operação Hurricane (furacão, em inglês), deflagrada pela Polícia Federal para prender os integrantes de uma quadrilha que explora o jogo de caça-níqueis, chegou a vez de o Judiciário ter exposta a sua banda podre.
Três Desembargadores foram presos e um Ministro do STJ está afastado de suas funções. Pesa sobre esses togados acusação de venda de liminares. Com tais instrumentos jurídicos, os exploradores do jogo conseguiam manter em funcionamento milhares de casas ilegais de jogatina, dotadas de máquinas manipuladas para lesar o jogador.
Há indícios de que pode haver ainda outros altos integrantes do judiciário, comparsas desta máfia. A sucessão de escândalos de corrupção no Brasil costuma provocar nos cidadãos a impressão de que o país não tem jeito. É como se a desonestidade fosse parte inextirpável do caráter nacional.
Compreende-se que os ânimos se arrefeçam, mas é preciso enxergar o fenômeno de um ângulo mais amplo. Em primeiro lugar, os escândalos só vêm a tona graças ao bom funcionamento das instâncias responsáveis pela fiscalização do poder – entre as quais a imprensa livre, a polícia, o Ministério Público e ressalta-se ainda, a imensa maioria dos integrantes do Poder Judiciário. Em segundo lugar, a cada quadrilha estourada, a cada esquema desvendado, dá-se um passo a mais para a depuração das instituições, porque lugar de safados e corruptos não é na vida pública, o lugar deles é na cadeia.
Por isso, pode-se analisar a operação da Polícia Federal ora em curso como uma contribuição ao aprimoramento da Justiça, cuja distribuição igualitária é eficiente e um dos pilares das sociedades abertas e modernas. A continuar por este caminho, o Brasil tem jeito, sim!