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25/08/2009 16:56
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As intermin?veis historinhas de ?nibus (parte MDLXII de n?o sei quantas)

Até a semana retrasada eu não sabia o que significavam aquelas coisas parecidas com televisores de 14 polegadas instaladas no teto dos ônibus. Mas isso foi só até a semana retrasada. Muita gente desinformada acha que aquilo são mesmo televisores de 14 polegadas, mas se fossem televisores de 14 polegadas deveriam cumprir a função de televisores de 14 polegadas, como passar algum filme, por exemplo. Mas acho que não é bem esta a função da coisa, explico. Naquele dia saí de casa e cumpri o longo trajeto da minha casa até a rodoviária, cerca de 150 metros. Comprei aquele bilhetinho – aquele papelzinho que os cobradores e os motoristas insistem em rasgar – e aguardei sentado confortavelmente em um dos bancos da rodoviária de Cabrais a chegada do veículo que me traria ao trabalho. Ao estacionar, subi os degraus daquela enorme marinete e me instalei também confortavelmente em uma de suas poltronas macias, justamente abaixo de uma destas coisas parecidas com televisores de 14 polegadas. Sonolento e com a tradicional inércia mental que acometem aos que madrugam como eu (por volta das 7h) e são obrigados a fazer longas viagens, cheguei à estação de Candelária. Ao me levantar da poltrona, dei uma cabeçada naquela coisa parecida com um televisor de 14 polegadas que o troço quase arrebentou o teto. Logicamente, quando tem muita gente assistindo a episódios deste tipo, a pancada não dói tanto quanto ver a cara do pessoal com aquela risadinha no canto da boca. O silêncio total que se instala por segundos também é constrangedor, depois, é só o cara sumir de cena para que os que ficam se desmanchem em gargalhadas. Impressionantemente o torpor matutino que me assediava desapareceu de imediato, então, com base nestes dados científicos, posso afirmar que as coisas parecidas com televisores de 14 polegadas nada mais são do que despertadores para incautos que, como eu, não olham pra cima ao levantar da poltrona. Só uma coisinha me deixa encucado: por que só tem aquelas coisas em cima de dois dos bancos? Será que os demais passageiros não têm direito dar cabeçadas naqueles troços para começar o dia bem acordados? Vou falar com o Jorge Kochenborger sobre isso e repasso a resposta outra hora. No mesmo ensejo, vou aproveitar para dirimir a dúvida do leitor César Pereira, que quer saber de quem é o direito de escorar o braço naquela coisa que fica entre as poltronas.

Troca de conveniências - Este outro assunto não é dos meus preferidos, mas dada a instalação de nova crise política, não posso deixar de fazer um comentário como mero espectador. O bolor e o mofo já estavam se instalando no projeto que o executivo mandou à Câmara para ampliar os cargos para CC’s na prefeitura. Acredito que ele não tenha sido apreciado porque o projeto dos assessores para a câmara ainda não estava bem maduro. Todo mundo sabe que os dois projetos iriam à votação na mesma sessão e, sendo ambos aprovados, o prefeito não poderia falar dos vereadores e vice-versa. Trocas de conveniências não constituem novidade alguma nem nesta nem em qualquer outra administração, basta recorrer ao passado e ver a dança dos partidos na composição das majoritárias e a migração de alguns de seus filiados sempre para o lado de quem oferece mais. Com a criação dos CC’s na prefeitura e dos assessores na Câmara, quem sairia ganhado mais seria o PSDB, levando cargos na prefeitura e, de quebra, colocando os assessores que bem quisesse na Câmara. Não esqueçam que até parente pode. Quando o projeto dos CC’s foi para a câmara, os vereadores do PSDB haviam parado de criticar o prefeito e tudo se encaminhava para o bem-estar entre os aliados (sic) políticos. O PP, sempre firme, se manteve coerente na posição de oposição. Mas bastou o prefeito retirar o projeto para que novamente se instalasse o clima pesado e os desacertos voltassem. Certamente os leitores ouvirão daqui para diante muitas críticas ao chefe do executivo. Que fique bem claro que não o estou defendendo, só não consigo entender como o prefeito pode ser bom quando promete cargos e passa a ser ruim quando alguns interesses pessoais não são alcançados. “Sem querer querendo”, como dizia o Chaves, o prefeito chutou a taquara do varal, esta trincou e as roupas foram ao chão. Mesmo tendo trabalho, prevejo que o chefe do executivo vá lavar de novo as roupas, mas deverá se cercar de alguns cuidados, como não encher demais o varal sob o risco da taquara quebrar de vez. Uma coisa é certa, os que já tinham cargos prometidos vão ficar sem e acredito que até alguns que já detém funções na prefeitura não estão muito seguros com esta peleia. Começo a achar que “bala trocada” dói, sim, ainda mais quando pega no bolso.