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25/08/2009 16:56
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Arroz: colheita em ritmo acelerado

Os reflexos da estiagem já são percebidos em algumas lavouras do Vale do Rio Pardo. A falta de chuvas, que se verifica há cerca de um mês na região, combinada com as altas temperaturas, tem acelerado o desenvolvimento de algumas plantações e prejudicado outras. É o caso do arroz e do milho, respectivamente. Em Candelária, o setor orizícola tem registrado acréscimo no volume colhido com perspectivas de estocar toda produção até a primeira semana de maio. O último levantamento do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), divulgado ontem, aponta que 65% das lavouras já foram colhidas no município. Em algumas regiões do Estado o índice já ultrapassa a 80%.
Conforme o engenheiro agrônomo do Irga, Luciano Siqueira, a produção da safra 2008/2009 igualmente será beneficiada pelas condições climáticas. "Apenas na época da germinação, em meados de outubro e novembro, faltou um pouco de chuva, mas depois houve nova precipitação e a situação normalizou", explica. Segundo ele, neste período não houve prejuízos consideráveis. "Os produtores tiveram que gastar mais água que, igualmente, precisaria ser utilizada na irrigação em outro momento", acrescenta. Siqueira avalia como excelente o clima das últimas semanas, mas não descarta uma possível quebra de grãos em função da troca de temperaturas. "O calor do dia e o frio da noite, observados neste período, podem ocasionar uma pequena quebra de produção", sinaliza. Entretanto, como grande parte do produto está colhida, não deve haver perdas significativas.
Neste ano a média de produtividade deve ultrapassar a 7.000 kg/hectare. De acordo com Siqueira, numa amostragem feita com cerca de 30% dos orizicultores se constatou que a produção poderia atingir até 7.800 kg/hectare - o equivalente a 156 sacos. "A previsão é de que este número ainda reduza, mas de qualquer maneira será superior a estimativa inicial", completa. No que se refere a preço (do produtor para indústria ou cooperativa de beneficiamento), o saco de 50 kg está cotado em R$ 27,00 em Candelária. A tendência, na avaliação de Siqueira, é de que haja uma melhora até junho ou julho, quando se acentua a comercialização. "A partir de maio já começa a ter acréscimo e até fim de junho se cogita uma cotação média de até R$ 33,00", finaliza.
Outro fator que deve contribuir na valorização do produto é o EGF (Empréstimo do Governo Federal), que disponibiliza crédito aos agricultores que preferem tardar a entrega do produto para garantir melhores cotações. "É uma opção que desafoga a venda porque muitos comercializam o produto logo após a colheita para custear as despesas, já que não têm outro recurso", diz. Neste ano, o governo liberou cerca de R$ 500 milhões para o setor.

PERFIL - Em Candelária são cultivados 8.200 hectares com arroz. A atividade gera renda a 230 produtores de diversas localidades. Atualmente, segundo informações do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), a colheita está adiantada em lavouras da Linha Palmeira, Linha do Rio e Linha Facão. Estas duas últimas têm, em média, 30 hectares e são, portanto, de porte menor. Algumas propriedades da Rebentona também seguem em ritmo adiantado de colheita. "Geralmente os agricultores plantam mais no cedo para evitar que a produção seja prejudicada com a incidência de enchentes", ressalta. O nível de qualidade é considerado excelente pelo Irga, já que a porcentagem de grãos inteiros é de 58%.