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25/08/2009 16:56
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Riquezas do nosso futebol - Captulo VIII

Um adolescente movido por uma paixão. Assim começa a história da equipe que deu origem ao futebol na localidade de Faxinal dos Porto, na região do Botucaraí. 1958. Com 14 anos, o jovem Ilo Machado, com a ajuda do tio, Adão Rodrigues Correa (já falecido), funda na localidade a equipe do Esporte Clube Encruzilhada. Hoje com 64 anos, o comerciante, residente na rua Roberto Kochenborger, bairro Princesa, em Candelária, relembra com saudosismo da equipe do Faxinal dos Porto. “Colocamos esse nome no time pelo fato de o campo ficar próximo à encruzilhada que existe até hoje na localidade”, lembra. Sobre o time, Machado se recorda que a equipe surgiu com o objetivo de oportunizar momentos de lazer e entretenimento para as pessoas da localidade através do esporte. A equipe possuía as camisetas brancas com a gola vermelha e o primeiro time, segundo ele, foi formado com os seguintes atletas: Ilo Machado, Naurides, Alcemar Rodrigues, Ivo Machado, Nivo Machado, Evaldo Correa, Omar Rodrigues, Vitorino Bairros, Pedrinho, Nelson, Ildo Machado, entre outros. Ilo era quem escalava a equipe. “Eu era o goleiro e dava os meus pitacos como treinador”, diz. Na época, a equipe disputava somente amistosos e torneios pela região, enfrentando adversários como o Gaúcho (Linha Palmeira), Picada Escura e Botucaraí. “Os jogos com o Botucaraí eram muito difíceis, era o clássico da época, tamanha a rivalidade entre as duas equipes”, conta.

PÊNALTIS – O fundador do Encruzilhada lembra de um campeonato que foi disputado entre os times da região. Nesta competição, Ilo defendeu as cores do Picada Escura. “Na final, disputamos o título com o Gaúcho da Palmeira. Era a primeira vez que eu jogava para o Picada Escura. Vencemos aquela final nos pênaltis e eu defendi as cinco cobranças realizadas pelo Gaúcho. Sai como herói daquela final”, conta. Ilo Machado salientou que a equipe existiu na localidade até meados de 1966. O time terminou depois que ele e o seu tio sairam da localidade para vir morar na cidade.
Alguns anos depois, o agricultor Sadi Porto (já falecido) deu seqüência com o futebol na localidade ao fundar o Esporte Clube Sarrazani. “Naquela época, jogávamos por amor a camisa, por amor a localidade, o futebol tinha uma outra visão”, conclui.

O Dragões, da cidade
Após a primeira experiência com o Encruzilhada, do Faxinal dos Porto, Ilo Machado ficou aproximadamente 10 anos sem se envolver diretamente com o futebol. Em meados de 1976, o comerciante morava na rua Botucaraí, nas proximidades da Rádio Princesa. Com o incentivo do vizinho Jeroni Wernz, Ilo resolveu fundar a equipe do Esporte Clube Dragões. “Fizemos o time com o objetivo de disputar o municipal de campo daquele ano”, conta. A equipe, comandada por Machado, possuía as cores amarelo e preto e realizava os seus jogos no antigo Estádio dos Eucaliptos, hoje Estádio Darcy Martin. Para disputar o municipal de 76, o time foi formado com Jarbas Braga, Valinho, Paulo Ubiraci Machado, Pedro Urcão e Mauro Trindade (falecido). Jeroni Wernz, Vanderlei Ribeiro, Waldemar Schwantz (Maia) e Pingo do Couto, José Luiz Gomes e Valdir Schwantz (Tiza), entre outros. Ilo era o treinador e presidente da equipe.

CAMPANHA – Na fase classificatória, o Dragões enfrentou equipes tradicionais como Olarias, Gaúcho (Linha Travessão), Minuano, Renascença, Pedras Brancas, Aliança e  Ouro Verde. A equipe da cidade chegou até as semifinais, quando foi eliminada nos pênaltis para o Botucaraí em partida realizada na Vila Botucaraí. “Infelizmente a arbitragem da época gerava muitas polêmicas. Naquele jogo nós tivemos dois gols legais que foram anulados de maneira equivocada”, conta. Após a disputa daquele municipal, Ilo conta que o time passou a competir somente amistosos, não disputando os demais campeonatos municipais existentes nos anos seguintes. A equipe do Dragões existiu até meados de 1979, quando Ilo acabou novamente não se envolvendo com o futebol. O desportista voltou às competições com o Dragões em 2008, quando a equipe de futebol sete disputou o Campeonato Intervilas, sagrando-se campeão nas categorias veteranos, reservas e titulares, feito inédito que jamais nenhuma equipe local havia alcançado no cenário esportivo candelariense.
FUTURO – Ilo, que é um apaixonado pelo futebol, sonha em construir no futuro um ginásio e um campo de futebol onze em uma área próxima à cidade, com o objetivo de resgatar a equipe do Dragões. Ao comparar o futebol atual com o que era disputado antigamente, Ilo observa que muitas coisas mudaram, principalmente em relação ao comportamento dos jogadores. “Naquela época se jogava por amor a camisa, ao clube. Hoje a gurizada só pensa em ganhar dinheiro com o futebol. Acho isso errado, pois o nosso futebol é muito amador ainda. Ninguém aqui é profissional”, finalizou.