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25/08/2009 16:56
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A avicultura e a diversidade de espcies

A série “Riquezas da Nossa Terra” publica hoje, 12, a última reportagem sobre avicultura. Esta é a terceira abordagem sobre a atividade, que serve como alternativa para geração de renda em Candelária. Nas duas edições anteriores foi demonstrado o potencial avícola para a postura e o corte. O leitor conferiu que a produção de ovos tem mais evidência embora a voltada ao abate dê mais retorno financeiro. Outra diferença é que na postura o criador é comercial (com bom mercado) e no corte é integrado com a indústria. O que há em comum, no entanto, são os altos custos de infraestrutura - fato, aliás, tido como entrave para aumento da produção ou ingresso de novos adeptos. De modo geral, se observa que deveria haver mais incentivo à produção comercial, já que a atividade é economicamente viável para as pequenas propriedades porque as aves podem ser criadas em áreas menores.
Entretanto, é no modo doméstico que se destaca a variedade de espécies. Independente do espaço ou da estrutura, os agricultores apostam na diversificação das criações e investem em novas raças. O frango branco, específico para o corte, que até alguns anos tinha procura expressiva em função de seu rápido desenvolvimento, aos poucos tem compartilhado espaço com as aves de linhagem francesa. Conforme o responsável técnico da Agro Avícola Candelária, Vilar Gewehr, isto começou a ocorrer porque os consumidores buscavam frangos com crescimento mais lento. “O branco pode ser abatido com 28 ou 30 dias, quando atinge até um quilo e meio; aí a carne é muito macia”, diz. “Foi então que surgiu a linhagem francesa, que demora mais para se desenvolver (em torno de oito meses) e apresenta uma carne com gosto melhor”, acrescenta. Segundo ele, só se caracteriza como colonial a ave que é abatida com mais de 65 dias. A granja começou a comercializar estas raças há 15 anos e atualmente fornece o pescoço pelado (vermelho, branco e carijó), o pesadão vermelho e o carijó pesado.
A linhagem francesa é híbrida, ou seja, resulta de cruzamentos. “As galinhas são todas iguais, o que muda é a tipagem do galo”, resume. Na avaliação de Gewehr, mesmo que as aves sejam criadas na propriedade, ao estilo caseiro, é importante que o criador fique atento ao melhoramento genético. “Galinha de fundo de quintal é economicamente inviável. O agricultor tem que se convencer de que é preciso investir em aves que produzam em maior quantidade e que consumam menos ração”, afirma. No que se refere à alimentação, ele adianta que a linhagem francesa é agressiva (tem mais fome) e consome, além da ração inicial, o que tiver na lavoura - aipim, abóbora, milho. “Não dá para criar em lugares muito apertados porque senão um come o outro”, alerta.   

OUTROS - Além destas, há outras espécies de aves - um tanto exóticas, em Candelária. Na propriedade de Telmo Küffner, na Linha Boa Vista, há mini galinhas de raças pouco conhecidas. Há cinco anos, ele iniciou uma criação ornamental como hobby, mas com o passar do tempo teve que se desfazer das aves devido aos furtos. “Tive que entregar para alguns conhecidos, em locais mais seguros, e um dia pretendo resgatá-las para reiniciar a criação”, garante. Atualmente, Telmo possui galinhas da raça Zebraite (dourada e prateada). “Já criei as polonesas, paduanas, a sedosa do Japão e a Brahma gigante”, lembra. Estas espécies, segundo ele, foram obtidas com criadores de várias regiões do Estado, como Cachoeira e Viamão.   

Marrecos-de-Pequim no arroz
Por durante alguns anos, a Emater incentivou a utilização dos marrecos-de-Pequim nas lavouras de arroz. A prática, ainda pioneira em Candelária, já era bastante conhecida em outras regiões. Conforme o técnico agrícola e extensionista da empresa, Sanderlei Pereira, o objetivo era acelerar a limpeza das áreas destinadas ao cultivo do grão. “Os marrecos podem ser colocados na lavoura após a colheita ou quando a plantação tiver com uns 30 centímetros de altura; eles comem as sementes de inço, de arroz vermelho e preto, além de caramujos e a ‘bicheira’ da raiz”, explica. “No primeiro sistema é necessário de dois a seis marrecos por hectare, e no segundo de 60 a 80 por hectare”, acrescenta.
O trabalho foi iniciado por um grupo de 10 produtores, mas não teve êxito. “A experiência não avançou porque o fornecimento das aves ficou comprometido. Os lotes vinham para o Rio Grande do Sul de Santa Catarina e, aos poucos, a quantia começou a ficar limitada. Além disso, na hora de tirar os marrecos da lavoura os produtores não tinham um local ideal para fazer o abate”, destaca. Apesar disso, a prática ainda é utilizada pelo orizicultor José Porto, que cultiva 85 hectares de arroz em Parada Fontoura, interior de Cachoeira. “Comecei há seis anos por incentivo da Emater. O principal benefício é a limpeza da lavoura; coloco os lotes depois da colheita”, diz.
Ele deverá receber 240 marrecos na semana que vem. “O ideal para esta área seria de umas duas mil aves, mas os lotes diminuíram”, afirma. Após a utilização, em meados de setembro, Porto comercializa os marrecos na região.