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25/08/2009 16:56
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A mais pura falta de sorte

Tive mais uma brilhante idéia nesta semana, mas não recomendo a leitura dos próximos parágrafos em horário próximo ou pós-refeições. Estava sem inspiração nenhuma para escrever quando um neurônio cutucou na costela do outro e disse: manda este rapaz ir a frente da Folha e inspirar-se na primeira coisa ou pessoa que enxergar. O cérebro repassou o conjunto de informações e, obediente, desci os dois degraus que separam o hall da calçada. Olhando para baixo, a primeira coisa que avisto é.... um catarro. Caramba! E um dos verdes, dos maiores que já vi; daqueles que parecem ter puxados lá do calcanhar por alguém dotado de muita força pulmonar. Vá ter falta de sorte assim lá nos quintos, mas como sou norteado por princípios morais severos e criado como um perfeito lorde inglês, não poderia deixar de cumprir à promessa que fiz para mim mesmo. Desse modo, recorri a certas experiências que vivenciei (ou que presenciei), para discorrer sobre este assunto que tanto agrada às mulheres: a excreção.
Nos tempos de colégio, quando dois garotos queriam brigar e ninguém conseguia fazer os dois se grudarem no soco, os patranheiros recorriam a uma técnica um tanto interessante. Colocavam os dois cara a cara, a dois palmos de distância, levantavam a mão verticalmente na altura do nariz da dupla e diziam: quem é macho cospe aqui. Na hora certa, o embusteiro levantava a mão e um sempre  acertava o focinho do outro. Era batata, e quem levava a cuspida se atracava imediatamente no outro. Vou poupar dois amigos desta vez, não revelando seus nomes, mas  ainda nos tempos de colégio existia um tipo de competição para ver quem conseguia cuspir mais alto. O objetivo era acertar o teto do banheiro e formar uma espécie de estalactite mole, e deixar o troço lá, balançando, torcendo para que caísse na cabeça de alguém. Coisa boba, mas brincadeira muito sadia que não sei se existe ainda.
Agora, com a chegada do inverno e desta vasta quantidade de gripes, é que acontecem as situações mais complicadas. Nos ônibus, então, nem se fala. Dia desses peguei o ônibus cedinho em Cabrais, me sentei à janela e vim feliz pro trabalho. Numa destas paradas ali da Vila, sentou um tio ao meu lado, numa tosse, numa fungação que parecia porco brigando por farelo no cocho. De repente, o cidadão saca do bolso da calça de tergal um lenço, o que me deu um certo medo. O lenço estava meio estranho, esverdeado, e o homem tinha dificuldade em abri-lo porque tava colado entre as dobras; a certa altura deu pra ouvir até o barulhinho do pano se desprendendo da meleca que, àquela altura, já estava seca. Não quis ver a cena e virei para o lado, mas nos momentos que se passaram quase tive um infarto. O ônibus freou bruscamente e ouvi um barulho tal qual a buzinha de um caminhão, destas a ar, sabem? Primeiramente achei que estava na iminência de ocorrer um acidente gravíssimo; mas não, era o homem assoando o nariz com tanta força que parecia mesmo uma buzina. Exatamente naquele momento o ônibus estava parando para recolher um passageiro que estava escondido dentro da casinha de esperar ônibus. Foi por isso que o motorista diminuiu a velocidade. Passado o susto, e mais umas quinze assoadas de nariz depois, chegamos à rodoviária de Candelária. Ali é um verdadeiro perigo de se estar no inverno, mas não por causa do pessoal que assoa o nariz com lenço. Tem uns que seguram a ponta do nariz com o dedão e o fura-bolo e assopram com toda a força, uma venta por vez, voando meleca pra tudo quanto é lado. E se não bastasse isso, usam o fura-bolo para tirar o que sobrou nas ventas, e como se fosse um chicote atiram longe o resto que ficou grudado. Uma verdadeira nojeira, mas de certa forma uma demonstração de habilidade também. E falando em habilidade, lembrei que contar uma história é fácil, o difícil é terminar, ainda mais com um assunto desse tipo. Mas desta vez não vou complementar. Algo muito do diferente acontece nesta cabeça e vou terminar a história pela metade, deixando o final para o nunca. Tchau, espero que tenham gostado. Se não, cortem esta parte e usem para assoar o nariz e não fazer feio na frente de outras pessoas!