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25/08/2009 16:56
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Litros que viram assento de cadeiras

Há seis anos, o candelariense Egon Follmer ganha dinheiro preservando o meio ambiente. Cada cadeira de praia que ele conserta equivale a 10 litros de plástico a menos no lixo. O trabalho surgiu como uma alternativa para reduzir custos, já que o material era facilmente encontrado naquela época. Antes disso, o aposentado consertava cadeiras com um fio semelhante à corda, que era obtido com mais facilidade em Santa Cruz do Sul. "Era muito caro. Com aquele valor dava para fazer duas cadeiras com esse plástico das embalagens de refrigerante", conta. "Não dava para seguir com aquele material porque as despesas eram muito elevadas", acrescenta.
Na quarta, 27, a reportagem da Folha foi até a casa de Follmer, na esquina das ruas Garibaldi e La Salle, no bairro Marilene, para conferir de perto a preparação das cadeiras. Com muita técnica e prática, ele confeccionou uma espécie de bitola manual que dá a medida exata para cortar os litros. O procedimento é o seguinte: o bico é preso e a embalagem é girada, próximo a uma faca, que corta o material em tirinhas de poucos centímetros. Um litrão, segundo ele, rende uma tira de aproximadamente 11 metros de comprimento. Na hora de fazer o assento da cadeira, as tiras são amarradas uma a uma. "Faço um nó que aperta quando a pessoa senta. Quanto mais ele for forçado, mais firme fica", garante. Com as sobras são feitos arremates. "Não vai nada de cola, é só o plástico", diz. E ainda tem um segredo. "Dá pra utilizar só os litros destes refrigerantes mais comuns, que não tem relevo na embalagem".
Atualmente, ele tem tido dificuldade para encontrar os litrões. "Tenho comprado a 10 centavos, cada, porque já não se acha mais por aí; tem muita gente juntando para reciclar. Parece que as pessoas estão mais conscientes de que é vantajoso vender plástico", calcula. Ele conserta, em média, duas cadeiras por dia. São três horas e meia para confeccionar cada uma.

PRODUTO - As cadeiras de praia feitas com plástico apresentam maior resistência. Egon Follmer estima que os assentos durem até quatro anos se não forem deixados em ambientes com excesso de sol ou de frio - o que poderia ocasionar  o ressecamento do material. O produto já é conhecido por clientes de Candelária, Santa Cruz, Cachoeira, Santa Maria, Rio Pardo e Porto Alegre. Pa-ra fazer o conserto, basta levar a armação de ferro da cadeira. O serviço tem um custo de R$ 10,00. A procura, segundo ele, tem sido satisfatória. "Em de-zembro do ano passado consertei 44 cadeiras. Geralmente a oferta é maior no verão. Não dá para sobreviver com isso. É só uma fonte de renda para a aposentadoria", finaliza. Um ganho honesto e que, com certeza, beneficia a natureza.