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25/08/2009 16:56
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O colorido das verduras e dos legumes

A série “Riquezas da Nossa Terra” traz hoje, 23, a segunda reportagem sobre lavouras temporárias. Esta edição vai descrever o potencial das plantações de verduras e legumes, encontradas em praticamente todas as propriedades rurais do município. Embora alguns produtores cultivem as hortaliças só para o consumo próprio, como forma de incrementar a alimentação com produtos saudáveis, há os que apostam no plantio para obter mais uma fonte de renda. Na última terça, 16, o leitor conferiu algumas características do cultivo de morangos em Candelária. Foi relatado que o desenvolvimento da planta depende principalmente do clima e que o seu plantio não necessita de grandes áreas. De modo geral, é uma fruta de fácil manejo e com particularidades - cor e aroma - que despertam a gula. A colheita inicia em meados de setembro e as variedades mais cultivadas em Candelária são a Convoy, a Larsen e Oso Grande.
Os índices de produtividade, no entanto, são desconhecidos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é o órgão responsável pelo armazenamento destes dados, não disponibiliza as informações de todas as lavouras. É o que se constata também com as plantações de verduras e legumes. Das variedades que serão descritas a seguir, apenas cinco possuem os dados completos (confira tabela). Para caracterizar a produção das demais, a Folha foi até a propriedade de Astor e Delci Gewehr, na Vila Passa Sete. O casal faz parte da Associação dos Feirantes Ecológicos de Candelária e optou pela diversificação da propriedade há 26 anos. “Começamos a investir no plantio das verduras logo depois que casamos. Deixamos o fumo porque meu marido (Astor) se intoxicou”, conta Delci.
Quem apostou nas novas culturas foi Harry e Romilda Gewehr, pais de Astor. Aos poucos, eles perceberam que a produção voltada ao consumo poderia ser expandida e se tornar a principal fonte de renda da família. Com o passar dos anos o negócio evoluiu e foi assumido por Astor e Delci, que hoje dividem o trabalho com o filho Anderson e a nora Luciana. O jovem casal representa, portanto, a terceira geração da família que aposta na diversificação como forma de sustento.
A propriedade de Astor Gewehr fica há aproximadamente três quilômetros da cidade. Boa parte da área de 12 hectares é ocupada com pomares, hortas, estufas e com as criações de gado de leite, ovinos e suínos. No local é feito o cultivo de alface, cenoura, rúcula, espinafre, rabanete, couve, couve-flor, beterraba, brócolis, vagem, tempero-verde, batatinha, batata-doce, mandioca, alho, cebola e milho verde.
Tudo é produzido sem o uso de agrotóxicos. “A plantação é natural. Às vezes até perdemos algumas coisas porque não aplicamos defensivos e os produtos se estragam”, afirma Delci. Isto, no entanto, se compensa pela procura na feira. “Os consumidores preferem produtos como estes, que não tenham aplicação de nenhum agrotóxico", conclui.

Ciclo completo, da semeadura à colheita
A família de Astor Gewehr é responsável por praticamente todo o processo de produção das verduras e legumes. Até mesmo as mudas são produzidas na propriedade. As sementes são colocadas em bandejas (semelhantes às utilizadas no fumo) e, mais tarde, é feito o transplante para as hortas ou estufas. O plantio, conforme Anderson Gewehr, é programado para atender a demanda. “A gente não para nunca. Vamos plantando aos poucos para garantir a produção. Não dá para plantar de uma vez só porque senão termina tudo. Por isso que é preciso ir programando o cultivo”, explica. Segundo ele, a adubação da terra é totalmente orgânica.
Além das hortaliças eles vendem pães, cucas, bolachas e leite na feira ecológica. Os preços de comercialização são calculados livremente por cada expositor e variam conforme a qualidade do produto. Sobre novos investimentos, Anderson adianta que pretende incrementar o cultivo de frutas para igualmente expor na feira. Alguns pés de laranja já foram plantados com este propósito. A Associação dos Feirantes Ecológicos de Candelária (Afecan) é formada por 13 famílias e conta com a assistência técnica da Emater. São os extensionistas quem orientam os produtores disponibilizando informações importantes sobre manejo e cultivo.   

Produtividade
Alho
- 12 toneladas
- 4 hectares cultivados
- média de 3 mil Kg/hectare
- rendimento R$ 12 mil

Batata doce
- 1.500 toneladas
- 100 hectares cultivados
- média de 15 mil Kg/hectare
- rendimento R$ 1,5 mil

Batatinha
- 979 toneladas
- 128 hectares cultivados
- média de 7.648 Kg/hectare
- rendimento R$ 490 mil

Cebola
- 176 toneladas
- 22 hectares cultivados
- média de 8 mil Kg/hectare
- rendimento R$ 141 mil

Mandioca
- 9.000 toneladas
- 450 hectares cultivados
- média de 20 mil Kg/hectare
- rendimento R$ 3,6 mil

*Fonte: IBGE 2007 - informações relativas a produção total registrada no município