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25/08/2009 16:56
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O internato e os cinemas se foram com o tempo

Candelária já vivenciou de tudo um pouco nestes 84 anos de história. Com o passar dos anos e a evolução, muitas gerações passaram por essa terra e experimentaram momentos que hoje são apenas lembrados por quem acompanhou os principais fatos da história da cidade. O aposentado Edgar Ensslin, 84 anos, vivenciou dois momentos importantes que fizeram parte das primeiras gerações e que hoje estão apenas na memória: a criação e desenvolvimento do Colégio Sinodal e as sessões de cinema.
Após a emancipação de Candelária, em 7 de julho de 1925, teve início a instalação do Colégio Sinodal. Conforme Ensslin, o primeiro prédio do educandário foi instalado na Rua Dr. Middendorf. Em 1927, o colégio foi ampliado com a construção do prédio na avenida Pereira Rego. Depois da ampliação, com o apoio da comunidade, o educandário recebeu diversos animais doados por alemães, com o objetivo de levar o ensino agrícola aos alunos. As matrizes leiteiras vieram da Alemanha de navio e os candelarienses Frederico Ensslin (pai de Edgar) e Afonso Gewehr foram até o porto de Rio Grande, a cavalo, para buscá-los. Com a chegada dos animais da europa, o Colégio Sinodal passou a se tornar a primeira escola agrícola do município. Edgar Ensslin conta ainda que a escola possuía mais de 200 alunos, entre homens e mulheres, naturais de diversas cidades do estado e também da Argentina. “Os homens e as mulheres eram separados e estudavam em alas diferentes”, conta. A escola agrícola funcionou até o início da Segunda Guerra Mundial, quando houve uma espécie de perseguição a tudo que ali se praticava pelo fato de haver alunos descendentes de alemães. Após a guerra, a escola agrícola foi encampada pelo governo do Estado, que manteve as atividades rurais e o internato já existente, passando a ter a denominação de Escola Estadual de 1º e 2º graus Gastão Bragatti Lepage, que existe até hoje, porém sem as atividades do internato, desativado há alguns anos.

CINEMA – Já o cinema em Candelária foi uma atividade de lazer que se solidificou  em meados dos anos 30. Edgar Ensslin conta que o primeiro cinema foi instalado no Clube Sem Rival, de propriedade de Lysinka Becker. “As primeiras sessões não tinham áudio, os filmes eram mudos”, diz . “A orquestra da família Thumé tocava músicas para complementar os filmes”, lembra o aposentado. Mais tarde, os proprietários do cinema adquiriram outro aparelho para transmitir os filmes com áudio. Seu Etti lembra que um filme continha diversos rolos de fita, que eram trocados pelos operadores para dar sequência. “Essas trocas de rolos geravam um intervalo enorme para quem assistia”, diz. Tempos depois, os proprietários compraram um terceiro aparelho, que facilitou a projeção dos filmes sem intervalos. As sessões aconteciam sempre aos finais de semana à noite, no Clube Sem Rival. Em meados da década de 40, Candelária ganhava o Cine Coliseu, que funcionava no prédio onde hoje está localizado o Supermercado Único. Na época, a cidade chegou a possuir dois cinemas com a inauguração do Coliseu, que possuía assentos para aproximadamente 400 pessoas. Etti lembra de duas apresentações no Coliseu de um famoso grupo de teatro que estava em turnê por Santa Cruz do Sul. “Me lembro que eles entoaram a canção “O Ébrio”, interpretada por Vicente Celestino. Aquelas apresentações lotaram o Coliseu e foram espetaculares”. Os cinemas funcionaram em Candelária até a década de 70, quando a TV começou a ganhar força e a exibir filmes. “O cinema era um lazer diferente pois,  envolvia diversas famílias e era muito divertido.”