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25/08/2009 16:56
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Uma cidade de ndios

Um dos mais belos e trágicos capítulos da história de Candelária começou a ser escrito em 1633, data estimada da fundação, pelo jesuíta espanhol Pedro Mola, da Redução Jesus- Maria. Situada no local conhecido como Trincheira, na localidade de Linha Curitiba, a cerca de 3,5 km da cidade, a povoação de índios é uma das 18 fundadas na primeira fase das reduções. Elas surgiram em decorrência do acordo firmado, em 4 de julho de 1626, entre o então governador da Província do Rio do Prata e a Companhia de Jesus.
A Redução Jesus-Maria é a que mais prosperou entre todas da primeira fase. Estima-se que tenha abrigado uma espécie de cidade, formada por um contingente entre seis a 10 mil índios. Estes representantes da nação Tupi-Guarani apresentavam condições de vida bastante favoráveis, pelo menos no aspecto de subsistência. Além de se dedicar à agricultura, cultivando produtos como trigo, milho e mandioca, os índios possuíam grandes rebanhos de bovinos, suínos e ovinos. Por seu grande porte, a redução candelariense acabou sendo alvo da ação dos bandeirantes paulistas, que desciam ao sul com o objetivo de aprisionar os índios e transformá-los em escravos. Tal circunstância tornou marcante o sistema de defesa montado pelos jesuítas em Jesus-Maria, não só no que diz respeito às fortificações (trincheira e paliçadas) e armamentos, como no adestramento militar ministrado aos índios por especialistas em operações de guerra. Isso justifica como foi possível a padres e índios resistirem à poderosa bandeira de Antônio Raposo Tavares durante seis longas horas (das 8h da manhã às 14h). A batalha que pôs fim à Redução Jesus-Maria foi travada no dia 3 de dezembro de 1636, encerrando com requintes de heroísmo essa importante página da trajetória histórica de Candelária.