Arroz, renda na lavoura e fartura na mesa

A orizicultura est� entre as atividades mais rent�veis da agricultura familiar. Embora exija altos investimentos (em maquin�rios e insumos), v�-se que ainda gera retorno �s propriedades. Na edi��o de hoje, 1�, a s�rie "Riquezas da Nossa Terra" descreve o potencial das lavouras de arroz cultivadas em Candel�ria. Esta � mais uma alternativa de diversifica��o e que desenvolve os campos. Isto porque maioria dos agricultores tem apostado na moderniza��o da �rea plantada e buscado recursos extras para incrementar a produtividade. O mesmo ocorre nas lavouras de soja, cujo plantio foi descrito na edi��o da �ltima ter�a, 25. O leitor conferiu que a cultivar possui de m�dia a alta tecnologia - o que varia de acordo com o rendimento de cada produtor. Foi evidenciado que do ponto de vista comercial a lavoura ainda � uma das mais rent�veis, visto que possui cota��o superior a de produtos como arroz e milho. A produ��o abastece cooperativas e empresas particulares da regi�o. O gr�o tem um rendimento m�dio de 2.700 quilos por hectare e � beneficiado e transformado em v�rios subprodutos. J� o arroz rende 6.900 quilos por hectare - o equivalente a 138 sacos. Conforme o engenheiro agr�nomo Luciano Siqueira, que presta assessoria para o Irga em Candel�ria, a �rea plantada tem se mantido est�vel nos �ltimos anos. "O munic�pio tem potencial para at� 13 mil hectares, mas n�o expande porque falta �gua para irrigar", explica. Conforme ele, isto se deve � inexist�ncia de barragens. "As �reas plantadas ficam pr�ximas da costa do rio Pardo e do rio Botucara�, que t�m baixo volume de �gua. S�o rios de passagem e que n�o ficam com �gua armazenada. Se fossem feitas micro barragens a �gua da chuva levaria mais dias para chegar at� o rio Jacu� e os produtores seriam beneficiados", acrescenta. Al�m de impedir a expans�o da �rea, esta dificuldade tem alterado a rotina de trabalho. "Para lidar com isso os produtores est�o antecipando o plantio para setembro. O hist�rico era geralmente em novembro, dezembro. De uns dois anos para c�, cerca de dois mil hectares j� s�o cultivados mais no cedo", afirma. Ele destaca que a irriga��o � cont�nua (at� fase de amadurecimento) e que ajuda a controlar as plantas invasoras. GANHOS - Para garantir bons rendimentos na lavoura, o orizicultor deve iniciar a irriga��o o quanto antes. O ideal, na avalia��o de Siqueira, � quando a germina��o completar 15 dias. "Nesse per�odo o arroz estar� com duas ou tr�s folhas. A partir da�, cada dia de atraso significa a perda de at� 100 quilos por hectare", alerta. Este n�mero � comprovado por estudos feitos em �reas de demonstra��o. No que se refere ao tipo de plantio, a prefer�ncia � pelo pr�-germinado (47%) e pelo cultivo m�nimo (35%). J� o direto e o convencional t�m um n�mero m�nimo de adeptos. Quanto �s cultivares, se evidenciam, em m�dia, nove tipos em Candel�ria. "Ao todo, o mercado disp�e de 35 cultivares. As mais utilizadas no munic�pio s�o a 422 do Irga e a 108 e 114 da Epagri", garante. CICLOS - Estimativas do Irga apontam que 45% da �rea de Candel�ria s�o plantados no ciclo m�dio, 40% no ciclo longo e 15% no precoce. A escolha, conforme o engenheiro agr�nomo Luciano Siqueira, varia de acordo com o tipo de solo e de cultivar. "O longo tem manejo mais f�cil; tem mais tempo flex�vel para o produtor aplicar os herbicidas ou irrigar. O menor � mais t�cnico e o manejo deve ser cumprido rigorosamente na �poca certa", esclarece. Outro ponto importante e que precisa ser observado � a flora��o. "Esta fase deve coincidir com os per�odos de maior luminosidade, como dezembro e janeiro, porque � isso que determina uma boa produtividade", ressalta. Em m�dia, os ciclos se estendem de 95 at� 160 dias. Investimentos para aumentar a produ��o O setor arrozeiro enfrentou per�odos de crise com o endividamento dos produtores e a desvaloriza��o do gr�o, mas a situa��o come�a a se estabilizar. No momento, os agricultores tentam se capitalizar para fazer novos investimentos na propriedade. Entre as prioridades evidencia-se a constru��o de silos, que permite estocar a produ��o na tentativa de obter pre�os mais vantajosos. Conforme o engenheiro agr�nomo Luciano Siqueira, atualmente cerca de 30% do que � produzido � armazenado e seco na propriedade. Um dos agricultores que, em breve, far� isso � Marcos Luiz Dunke, 46 anos, da Linha Palmeira. Recentemente, ele e os filhos Josiel e Everton, de 18 e 23, respectivamente, iniciaram a constru��o de um silo com capacidade para estocar at� 12 mil sacos de arroz. "� importante porque vamos conseguir a �segurar� o arroz em casa e reduzir os custos com fretes. Tamb�m vai dar para negociar melhor o pre�o com as cooperativas e os engenhos", diz Marcos. Os investimentos da fam�lia iniciaram em meados do ano 2000, quando o filho mais velho, �verton, assumiu os neg�cios. Mais tarde, em 2005, o ca�ula Josiel tamb�m optou pela lavoura e ajudou a ampliar a �rea plantada. Hoje, eles cultivam 160 hectares, possuem quatro tratores e duas colheitadeiras. "Comecei com 25 hectares e depois aumentei para 50. Com aux�lio dos meninos, estou expandindo a �rea e a produ��o", relata. Ele conta que h� nove anos eram produzidos 72 sacos por hectare - n�mero que praticamente duplicou desde ent�o. "Hoje colhemos uns 150 sacos por hectare, em m�dia", explica. Na propriedade de Dunke, o arroz � a principal cultura de subsist�ncia.