Riquezas do nosso futebol - Cap�tulo XXV - O Guarani e o Cruzeiro, da cidade

O Guarani, da cidade Os anos 60, acima de tudo, tiveram a "explos�o" da juventude em todos os aspectos. Era a �poca dos jovens, influenciados pelas id�ias de liberdade, come�arem a se opor � sociedade de consumo vigente. O movimento, que nos anos 50 seguia recluso, passou a caminhar pelas ruas nesta d�cada, influenciando novas mudan�as de comportamento. O per�odo de 60 seguramente n�o foi uma, mas sim duas d�cadas. A primeira (60 a 65) foi marcada por um sabor de inoc�ncia e at� de lirismo nas manifesta��es s�cio-culturais enquanto que no cen�rio pol�tico se evidenciava o idealismo e o entusiasmo no esp�rito de luta do povo. A segunda (66 a 68), em um tom mais �cido, revelou as experi�ncias com drogas, a perda da inoc�ncia, a revolu��o sexual e os protestos juvenis contra a amea�a de endurecimento dos governos. No in�cio dos anos 60, o futebol j� era uma forte realidade em Candel�ria. A participa��o do Gr�mio Esportivo Juventude no Campeonato Estadual de Amadores, no qual foi vice-campe�o em 1958, era a febre da �poca entre os esportistas do munic�pio. Foi por causa desta empolga��o e pelo anseio de difundir o futebol que novas equipes amadoras come�aram a surgir em Candel�ria. Conforme o aposentado Edegar Wernz, de 66 anos, atrav�s de uma iniciativa do esportista Igno Machado, foi fundado em 1960, no bairro Rinc�o Comprido, a equipe do Esporte Clube Guarani. O primeiro campo do time ficava na rua Daltro Filho, no mesmo local em que anos depois se formou o Camboim. Todavia, quando a agremia��o come�ou a disputar os primeiros amistosos, os jogos passaram a se realizar no est�dio Darcy Martin. A equipe enfrentou Pinheiro, Ga�cho (Linha Palmeira), Botucara�, Estrela (Picada Pfeifer), Real (Cerro Branco), entre outros. Edegar recorda dos torneios que a equipe realizava aos finais de semana no Darcy Martin "Organiz�vamos um torneio de n�vel regional, que contava com a participa��o de times de v�rios munic�pios. Os jogos iniciavam no s�bado e as finais aconteciam no domingo", lembra. O time do Guarani contava com os seguintes jogadores: Formiga, Edegar Wernz, Dird�o, Jo�o Marcos de Souza, Tio Mico, Paulo, L� Martin, Acir, S�rgio, Adroaldo, Pinguinho, Ira� Ritzel, Arno Weirich, entre outros. Edegar lembra de um jogo amistoso que o Guarani realizou na Picada Escura contra o Picada Escura. O ex-defensor da equipe conta que devido � falta de recursos financeiros, os jogadores se deslocaram a p� at� a localidade para disputar a partida. "Saimos pela manh� da cidade e ap�s duas horas de caminhada, chegamos ao campo. Jogamos o amistoso, mas acho que perdemos por 2x1 e, depois, voltamos a p� para cidade, onde chegamos � noite", diz. Em fun��o de alguns atletas terem sa�do de Candel�ria, a equipe do Guarani existiu at� meados de 1963. Ao analisar o futebol de hoje, Edegar destaca que atualmente n�o existe mais vontade de jogar. "Na �poca n�s pag�vamos para jogar. Hoje, tem que pedir 'por favor' e pagar uma alta quantia para um jogador atuar. Infelizmente o nosso futebol acabou perdendo a gra�a", finaliza. O Cruzeiro, da cidade Com o t�rmino do Guarani, alguns meses depois - atrav�s de uma iniciativa do deficiente f�sico Chico Mesquita - foi fundada a equipe do Gr�mio Esportivo Cruzeiro, da cidade. O ano era 1963. De acordo com o aposentando Tabajara Wernz, o Cruzeiro foi uma dissid�ncia do Guarani, j� que alguns jogadores passaram a defender as cores do Cruzeiro. Sobre o fundador, presidente e patrono da equipe, Chico Mesquita, Tabajara comenta que era um apaixonado pelo futebol, apesar da defici�ncia. "Todos tinham um respeito enorme pelo Chico, que mesmo sem poder caminhar, era muito dedicado em organizar o futebol", diz. O time contava, na �poca, com os jogadores que faziam parte do segundo quadro do Juventude. "O Cruzeiro era um time imbat�vel, que possu�a grandes jogadores", lembra Tabajara. A agremia��o mandava os seus jogos no est�dio Darcy Martin e era formada por Bugrinho, Beto Oliveira, Mesquita, Pelego, Adroaldo, Maneco, Rubem Schneider, Maur�cio Oliveira, Gilberto Sch�nke, Maurilio Moraes, Nei Costa, Cenatiel, Arno Weirich, Tabajara Wernz, Ari Filter, Ery Matana, Chico Matana, entre outros. PEDRADAS - Chico e Tabajara recordam de um amistoso que o Cruzeiro disputou contra o Estrela, na localidade de Picada Pfeifer. "O campo deles era uma ladeira e no segundo tempo n�s jogamos de cima para baixo. O Pelego cobrou o tiro de meta, mas a bola foi t�o forte, que estourou no travess�o. No rebote, o Maurilio Moraes apareceu na �rea e fez o gol de cabe�a. Vencemos aquele jogo por 1x0". Depois da partida, prosseguem, os jogadores do Cruzeiro estavam dentro do caminh�o e tiveram que sair da localidade a pedradas, desferidas pelos torcedores do Estrela. "Eles nunca tinham perdido no campo deles e n�o engoliram aquela derrota. Na sa�da, fomos apedrejados pela torcida", lembra. J� em torneios, o azul e branco conquistou mais de 40 ta�as no per�odo. "Como n�o existia campeonatos, todo o fim de semana eram disputados os torneios com a participa��o de mais de 20 times", diz Tabajara. A equipe do Cruzeiro existiu at� meados de 1965, quando o fundador teve que largar o futebol e os demais atletas passaram a se dedicar exclusivamete ao Juventude na disputa do estadual amador. Comparando o futebol de hoje com o daquela �poca, Tabajara comenta que n�o se faz futebol como antes porque ningu�m quer organizar. "Hoje est� mais f�cil de fazer futebol, pois tem mais dinheiro, estrutura e bons jogadores. O que falta s�o as pessoas certas para organizar um bom time", finaliza.