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25/08/2009 16:56
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Ao mestre, com carinho


Por Edemar Mainardi - Engenheiro Civil

Professor, tu és um perseverante “doador de sangue”, porque sangue é vida e quem não sabe, não vive. O teu belo e fundamental ofício de ensinar, a tua nobre missão de transmitir cultura, é como acender luzes na escuridão da ignorância. Tu és uma lamparina acesa que, ao te aproximares de outras lamparinas apagadas, incendeias todas e mudas a noite pro dia. Na tua sagrada função, imitas a aurora, a precursora da luz.
Sócrates já dizia, há mais de dois mil anos, que o verdadeiro vício é a ignorância e que o conhecimento é a vertente de todas as virtudes. Para o velho filósofo grego, o valor se afere na razão direta do saber. O Homem vale quanto sabe e sabe quanto aprende. É por isso, Professor, que quando tu te deslocas de casa para a Escola tu levas contigo, além dos livros, do lápis, da régua e dos temas, tu levas contigo a vida e a virtude. A vida no sangue que doas e a virtude na cultura que transmites.
Qual é o preço da virtude? Quanto vale a vida? Tu sabes, por ser Mestre, e nós sabemos por experientes, que não há dinheiro que pague a virtude e que os grandes tesouros valem bem menos do que a vida. Teu salário, Mestre, por mais que o Governo amplie a base, não cobre o que tu vales. Como pagar a mão que semeia o trigo? Como avaliar o inebriante perfume das flores, a benfazeja energia do sol e o eficaz sereno da madrugada?
O Médico, quando medica, é remunerado pela consulta e pela cura; o Engenheiro, quando engenha, é gratificado pela planta e pela obra; e tu, Mestre, quando ensinas, quando doas teu sangue e emprestas tua chama para acender lamparinas apagadas que saem porta afora iluminando o mundo, tu deverias ser pago com salário condizente e premiado com a compreensão de toda a sociedade. Quem vai de casa pro trabalho e leva na bagagem, além dos temas a propor, leva vida e virtude, merece ser remunerado com salário digno e reconhecido com a permanente gratidão da sociedade.
Obrigado, Mestre. Eu sei o teu valor.