Na Linha do Rio, drama com morte e sobreviventes

O tamanho da enchente neste in�cio de 2010 come�ou a se desenhar na Linha do Rio, Passa Sete e nas localidades situadas em dire��o � serra ainda na manh� de segunda-feira, 4. Os moradores em �rea pr�xima ao rio Pardo j� conviveram com muitas cheias. Esta, por�m, surpreendeu pelo tamanho e pela rapidez. Alguns, como o ex-vereador e morador do Quilombo, Darci Beise, de 59 anos, contam que nunca viram uma enchente como essa. Outros mais antigos chegaram a descrever um cen�rio parecido ou at� maior do que aquele da grande enchente de 1959, que causou a morte de cerca de 100 pessoas. Decorridos mais de 50 anos, as caracter�sticas do rio e as circunst�ncias gerais atuais s�o muito diferentes, justificando, dessa forma, um saldo tr�gico significativamente menor. Por enquanto, a �nica morte confirmada foi a do caminhoneiro e agricultor Hari Kappaun, 53 anos, que desapareceu na manh� de segunda-feira e cujo corpo foi encontrado na tarde do dia seguinte, a cerca de 500 metros de sua resid�ncia. Kappaun foi velado numa das capelas da Comunidade Cat�lica e sepultado na manh� de quarta-feira, 6, no Cemit�rio S�o Bento, no Quilombo. Uma atividade de rotina precipitou os fatos que culminaram na morte de Hari Kap-paun. No meio da manh�, ele tentou recolher algumas cabe�as de gado que pastavam em um potreiro situado na margem oposta do lado da rodovia onde residia. Diante do surpreendente avan�o do rio, ele pediu ajuda ao vizinho Arc�lio Bringmann, 55 anos. Prontamente, Arc�lio e seus dois filhos, F�bio e Fernando, foram auxiliar o vizinho na tarefa. A dificuldade em recolher uma vaca fez com que Kappaun retardasse seu retorno � margem ficando ilhado numa coxilha. A partir da� a situa��o assumiu contornos dram�ticos. Arc�lio e Fernando tamb�m ficaram isolados na �gua. Arc�lio com Hari e Fernando mais adiante, onde havia uma lavoura. O rio subia cada vez mais r�pido e j� amea�ava engoli-los. Sem sa�da, Arc�lio - que sabia nadar razoavelmente - conseguiu agarrar-se em uma �rvore pr�xima. Sem saber nadar, Kappaun pediu socorro. O agricultor da localidade, Juarez dos Santos, se atirou na �gua para tentar o salvamento e chegou a tentar traz�-lo para um local seguro. Por�m, a for�a da correnteza n�o permitiu que completasse a miss�o e Kappaun se desgarrou e desapareceu logo em seguida. Na sequ�ncia, j� com a presen�a de bombeiros volunt�rios, teve in�cio a opera��o de salvamento de Arc�lio e Fernando, que contou tamb�m com a corajosa participa��o dos moradores da localidade Delmar Diehl e S�rgio Ellwanger. Fernando foi salvo em duas etapas. Inicialmente, foi trazido com uma canoa at� uma torre de alta tens�o da CEEE. Ali esperou at� a canoa recolher seu pai que, naquela altura, j� tinha dificuldades em se segurar na �rvore. O bombeiro Roy Joel Y Castro acompanhou o resgate de Fernando na canoa e depois ficou ao lado do jovem na torre de energia. Delmar e S�rgio retornaram � margem e depois continuaram o trabalho de salvamento. Mostrando destreza e habilidade, utilizando-se de remos, eles levaram a canoa at� junto � �rvore onde estava Arc�lio, que, sem demora, entrou na pequena embarca��o, sendo ent�o levado at� a margem. Depois, finalmente, a canoa voltou �s �guas revoltas e dirigiu-se at� a torre para buscar Fernando e Joel, tamb�m resgatados com sucesso. Detalhe: pouco depois, as �guas levaram a �rvore em que Arc�lio se segurou e, ainda naquela tarde, tamb�m a torre na qual Fernando e o bombeiro Joel esperaram o resgate. Tinha fim, assim, um epis�dio com uma morte a lamentar e, pelo menos, dois sobreviventes a comemorar. Acompanhe as fotos exclusivas do resgate de pai e filho.