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25/08/2009 16:56
Por:

Que gente esquisita!

* Por Nair Schwantes

Pois é, estava pensando, poucas pessoas têm interesse em viajar e conhecer o país em que nasceram, ou até têm, mas não se mexem para fazê-lo. Eu por exemplo, “até tenho”, mas aí entram as velhas desculpas: tô sem dinheiro; tô sem tempo; preciso desse valor para coisas mais importantes; quando eu me aposentar...
Até setembro do ano passado, nunca tinha saído do estado, quer dizer, até tinha, numa visita aos cânions em Cambará do Sul, voltei pela serra de Santa Catarina e desci do carro para verificar as luzes de freio, tarefa esta, efetuada em menos de dois minutos, mas que já me dá o direito de dizer que em algum momento estive em Santa Catarina.
As pessoas que me conhecem sabem que sou de origem humilde, sem recursos para passeios e que sempre sonhei em viajar, aliás, já viajei muito, mas dentro das minhas leituras. A faculdade de literatura só aguçou ainda mais a vontade de conhecer o velho mundo e então decidi: um dia vou pra Inglaterra!
Raciona daqui, economiza dali, mais um emprestimozinho acolá e finalmente o tão sonhado se torna real. Estou na Inglaterra, Bournemouth, essa mesmo, a cidade em que o príncipe William “apalpou” a brasileira. Cheguei como verdadeira desbravadora do Reino Unido, com direito a armadura metálica, lança e espada à Henrique VIII, meu rei favorito (imaginárias claro), disposta a virar tudo do avesso, absorver o possível e o impossível em termos de cultura e conhecimento.
Os colegas me achavam muito estranha, para não dizer crazy, pois as primeiras providências foram visitar as cidades e os túmulos, isso mesmo, os túmulos de ninguém mais e ninguém menos do que Shakespeare, Jane Austin, Charles Dickens e muitos outros. Ah, tinha também o de Mary Shelley que graças a Deus ficava em Bournemouth, quase ao lado da escola, o que me economizou uma viagem! Porém agora, analisando melhor, realmente é engraçado ver a criatura, estudante ou turista, chegar na cidade e sair correndo ansiosa e desesperada com o mapa na mão à procura dos cemitérios e igrejas como se fosse o mapa de um tesouro! Para mim era!
As jornadas em busca de conhecimento eram sempre aos finais de semana, aí, quando chegava a quinta-feira minha “mãe Inglesa” já perguntava meu itinerário para o final de semana, até que um dia, depois de dois meses de estadia naquela casa, ela se deu conta de que a brasileira já conhecia mais da Inglaterra do que ela que nascera ali e o mais estranho, é que ela conhecia a Espanha melhor do que a Inglaterra, pois havia uma estudante espanhola residindo lá também e que comentou não conhecer a metade dos lugares que mamãe conhecia, porém, ela conhecia Portugal, França e Alemanha como a palma da própria mão e assim aconteceu com a Colombiana, a Taiwanesa, a Italiana e com muitas outras meninas que passaram e passarão por lá!
Barbaridade tchê, que gente esquisita né!