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Geral 21/09/2023 17:50
Por: Charles Silva

Candelariense relata como superou a depressão através da escrita

Rodrigo Paranhos já teve diversas poesias publicadas em periódicos da região e, recentemente, foi convidado à integrar o livro “Poetas do Vale – volume 7”, que será lançado durante a Feira do Livro de Cachoeira do Sul, em outubro

Em meio a campanha “Setembro Amarelo”, dedicada à conscientização sobre saúde mental e prevenção ao suicídio, o candelariense Rodrigo Stoll Paranhos se destaca como um exemplo de superação e inspiração. Após um período desafiador em sua vida, quando teve que encerrar precocemente sua jornada no exército, em 2012, devido a uma grave depressão, Paranhos encontrou na escrita uma forma saudável de enfrentar a doença, cultivando um gosto pela poesia que viria a marcar toda sua vida.

De acordo com o jovem, inicialmente a escrita era parte do tratamento e uma forma de dar sentido à sua existência. Contudo, não demorou para que o exercício se torna-se um hobby e o hobby evoluísse para uma grande paixão. “No início eu não compartilhava os textos com ninguém. Tive pouco acesso a literatura enquanto era jovem e estou apenas começando a ter contato com as grandes obras e autores. Tudo pra mim era novidade, por isso sempre me mantive reservado quanto as minhas composições. No entanto, há alguns anos comecei a me perceber mais maduro, tanto como escritor, quando como pessoa e decidi sair da minha bolha e mostrar meu trabalho ao mundo”, conta.

Seu primeiro poema foi publicado em 2016, no Riovale Jornal de Santa Cruz do Sul, e, de lá para cá o autor tem buscado seu espaço no mundo da literatura. Algumas obras de Paranhos começaram a ganhar destaque nas redes sociais e, posteriormente, suas poesias foram publicadas pelo professor e escritor Tiago Vargas, no Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, que recentemente o convidou para participar do livro “Poetas do Vale – volume 7”, que será lançado durante a Feira do Livro de Cachoeira do Sul, em outubro, reunindo obras de diversos autores da região.

Atualmente Paranhos trabalha em período integral na indústria e tenta escrever seus textos na horas vagas. Seu objetivo é publicar um livro solo. “A vida não permite tantos privilégios, é difícil equilibrar o tempo, mas é a convivência com o outro e a superação das dificuldades que me inspiram para criar. Espero transmitir uma motivação, um exemplo às pessoas que estão passando pelo que passei. Sei que é um mundo difícil, mas não vou desistir de conquistar reconhecimento”, conclui.


 Conheça algumas obras do autor:
 

TENTAÇÃO 
Tu é um oásis 
No deserto do meu coração 
De dia  quente
De noite gelo e solidão.

Teu corpo 
É a sombra  onde descanso
Teu olhos  
São como àgua cristalina 
Teus  beijos  
Matam minha sede.

Tu é rosa  do deserto
De uma  fragrância rara
Que  não se flagra.

Tu é pra mim
O mais saboroso néctar 
Que  não pude provar.
 

PRO VENTO LEVAR

Deixei o vento levar 
A saudade que  sentia de ti
Deixei o vento te  levar
Pra nunca mais voltar

Deixei o amor  
Pro vento levar
Esqueci teu sabor
Pra nunca mais chorar

Deixei tudo mudar
Deixei tudo passar
Te  deixei 
Pro vento levar.

POEMAS EM CATIVEIRO

Meus poemas são silvestres 
Livres pra voar 
A quem os queres
Meus poemas são libertos
Livres pra encontrar 
Sua própria paz
Meus poemas 
Os crio em cativeiro
E os deixo livres 
Pra encontrar vocês 
Neste livro.

MEU AMOR A TI EM VERBOS E DORES

Em registro, faço a ti um verbo 
Indesconhecido do verdadeiro amar
Vou parafraseara você este ad-verso 
Em instâncias gramaticais 
(Irrealistas...)
No teu vestido in-pálido 
Da cor da tua nudez 
Visto-me de cinzarel áspero
(E te aspiro...)
Ao meu mundo límpido 
Em águas e cristais nus
E ainda puros ao teu charme
(Do mais lindo filme...)
E te concedo 
(Ou te cedo...)
Um breve perfume de permissão
Em alta concentração
De nós e arredores
Do meu amor, in-dores.