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Primeira Guerra Mundial atrasou emancipao
No obstante j houvesse sido solicitada no ano de 1873, a Povoao Germnia precisou esperar at 1881 para testemunhar o sonho de um templo catlico, cuja pedra fundamental foi lanada em julho desse ano. Por parte dos praticantes dessa religio, partiu a reivindicao elevao do ento povoado categoria de Freguesia, justificado pela densidade populacional, os relativos xitos obtidos atravs da produo primria, tanto agrcola como pecuria, alm dos progressos verificados no setor industrial. O projeto, datado de 9 de maio de 1876, teve a invocao de Nossa Senhora da Candelria. A partir de ento, toda a margem esquerda do rio Pardo, anteriormente pertencente aos municpios de Rio Pardo e Santa Cruz do Sul, passou a pertencer a Candelria. A aprovao definitiva das autoridades eclesisticas, entretanto, veio apenas em 21 de junho de 1880.
Entre o final do sculo XIX e 1903, a Freguesia soube com grande decepo do desaparecimento de Jlio de Castilhos, fundador do Partido Republicano, que havia prometido a Joo Kochenborger Filho a criao do municpio de Candelria. Com ele, morria tambm a primeira tentativa de emancipao. Em junho de 1914, o mundo testemunhou um conflito blico de propores nunca antes vistas. O estopim para a Primeira Grande Guerra foi o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono do Imprio Austro-Hngaro. A paz s seria reconquistada em 1918, mas no duraria muitos anos. De que forma esses acontecimentos de um continente to distante abalaram a Freguesia Nossa Senhora da Candelria? A resposta est no nome da Linha Germnia, cuja identificao com o inimigo no passou despercebida s autoridades da ainda jovem Repblica Federativa do Brasil. Os descendentes de imigrantes alemes passaram a ser vistos com desconfiana em sua prpria terra natal, o que mais tarde se agravaria ainda mais, com a ascenso de Hitler e o consequente incio da Segunda Guerra.
A realidade no ncleo urbano no era muito diferente. Mesmo assim, surgiram novos esforos no sentido da emancipao poltico-administrativa. Com esse objetivo, em janeiro de 1917, foi realizada uma reunio no Hotel dos Viajantes entre diversos cidados determinados a trazer progresso ento Freguesia. Menos de dois meses depois, foi enviado a Borges de Medeiros, ento governador do Estado, um memorial reivindicando a criao do municpio de Candelria. Entretanto, reflexos da guerra novamente foram sentidos em nossa terra, e a tentativa no teve xito.
Novos passos rumo emancipao foram dados a partir de maio de 1924, ano de eleies para senador e deputados federais. O resultado desfavorvel ao Partido Republicano. Um grupo de republicanos rene-se informalmente no Clube Rio Branco, na qual surge a ideia de criar uma Coletoria Estadual. Poucos dias depois, a comisso executiva envia ao chefe do Partido Republicano em Rio Pardo, coronel Jos Antnio Pereira Rego, um memorial contendo uma reivindicao nesse sentido. Pereira Rego fez mais do que isso. Rejeita o pedido e prope a criao de um municpio autnomo e, dessa forma, oportuniza a concretizao dos anseios no apenas dos republicanos, mas de toda a populao da ento Freguesia. Contando com o apoio de Pereira Rego e do governador do Estado, Borges de Medeiros, "a comisso executiva do Partido Republicano dirigiu a campanha de emancipao de Candelria. Essa campanha pode ser resumida como uma grande soma de esforos de inmeros filhos desta terra. Impossvel seria nome-los todos. Impossvel tambm seria descrever todos os pormenores das tratativas. O desmembramento de Rio Pardo foi decretado em 7 de julho de 1925. A partir dessa data, Candelria era, enfim, um municpio independente.