No Brasil do milho e circo

Ontem finalmente terminou a propaganda pol�tica no r�dio e na televis�o, o que poder�amos chamar de micronovela de cap�tulos repetidos e na qual o que menos se viu foram propostas dos candidatos � presid�ncia. N�o assisti em todos os dias, mas quando pude, observei que um se limitou a pisar no rabo do outro e vice-versa. Solu��es para os problemas do Pa�s, como a educa��o e a sa�de, necas de pitibiriba. Passada a avant premi�re, a novela propriamente dita e que ter� quatro anos de dura��o, escolhe seu protagonista no domingo, quando seremos novamente obrigados a comparecer nas urnas para votar, o que para mim configura o exerc�cio do dever e n�o o do direito. Em nosso Pa�s, em tese uma democracia, o voto ainda � uma das obriga��es, assim como o alistamento militar para os jovens, por�m uma coisa n�o deve ser misturada com a outra. De um lado, se justifica plenamente o arregimento de um contingente para integrar as For�as Armadas que protegem nossa P�tria; de outro, existe a constitui��o, feita por pol�ticos, que nos impuseram a obriga��o de votar, em mais um desses casos de legisla��o em causa pr�pria. Se o povo n�o fosse obrigado a votar, certamente n�o compareceria. Ali�s, se realmente valesse o que interessa ao povo, deveria ser feito um plebiscito para apurar se o voto deve ser ou n�o obrigat�rio. No site do TSE (http://www.tse.gov.br/internet/partidos/index.htm) descobri que atualmente s�o 27 partidos pol�ticos legalizados no Pa�s. Somadas, estas 27 "agremia��es" tiveram uma dota��o or�ament�ria para 2010 de R$160.425.649,00. O dinheiro � proveniente da arrecada��o de valores, distribu�do proporcionalmente aos partidos pol�ticos pelo Estado e com determinadas naturezas: um percentual � para aplica��o na publicidade ideol�gica, outro � para cursos que envolvam a cidadania e a implementa��o pol�tica de sua ideologia e, entre elas, destinar um percentual para as campanhas dos candidatos do partido. A prop�sito, ideologia � a permissividade de partidos considerados "inimigos" ontem estarem juntos hoje neste jogo de gan�ncia e busca do poder? Ou � o conjunto de ideias que expressam e refor�am as rela��es que conferem unidade a determinado grupo social? Para percebermos a grosseria com que a propagada ideologia � tratada na pol�tica brasileira, basta acompanhar as not�cias e ver que os chamados "partidos nanicos" se juntam aos maiores para estes obterem mais benef�cios, como tempo na propaganda no r�dio e na TV. Depois, o pagamento vem com um empreguinho aqui, um favorzinho ali e tudo fica bem. E isso me fez lembrar de uma hist�ria que recebi, guardei e achei oportuno publicar hoje. "Havia um professor de qu�mica em um grande col�gio com alunos de interc�mbio em sua turma. Um dia, enquanto a turma estava no laborat�rio, o professor notou um jovem do interc�mbio que continuamente co�ava as costas e se esticava como se elas doessem. O professor perguntou ao jovem qual era o problema. O aluno respondeu que tinha uma bala alojada nas costas pois tinha sido alvejado enquanto lutava contra os comunistas de seu Pa�s nativo que estavam tentando derrubar seu governo e instalar um novo regime, um "outro mundo poss�vel". No meio da sua hist�ria ele olhou para o professor e fez uma estranha pergunta: - "O senhor sabe como se capturam porcos selvagens?" O professor achou que se tratava de uma piada e esperava uma resposta engra�ada. O jovem disse que n�o era piada. - "Voc� captura porcos selvagens encontrando um lugar adequado na floresta e colocando algum milho no ch�o. Os porcos v�m todos os dias comer o milho gratuitamente. Quando eles se acostumam a vir todos os dias, voc� coloca uma cerca, mas s� em um lado, do lugar em que eles se acostumaram a vir. Quando eles se acostumam com a cerca, ele voltam a comer o milho e voc� coloca um outro lado da cerca. Mais uma vez eles se acostumam e voltam a comer. Voc� continua desse jeito at� colocar os quatro lados da cerca em volta deles com uma porteira no �ltimo lado. Os porcos, que j� se acostumaram ao milho f�cil e �s cercas, come�am a vir sozinhos pela entrada. Voc� ent�o fecha a porteira e captura o grupo todo. Assim, os porcos perdem sua liberdade. Eles ficam correndo e dando voltas dentro da cerca, mas quando se d�o por conta, j� foram pegos. Logo, voltam a comer o milho f�cil e gratuito. Eles ficam t�o acostumados a ele que esquecem como ca�ar na floresta por si pr�prios, e por isso aceitam a servid�o." Por isso, enquanto houver interesses maiores por detr�s de elei��es, enquanto a lei da Ficha Limpa n�o prevalecer de fato, enquanto existir aqueles que se vendem a custa de favores, enquanto houver determinados "porcos" que se deixam prender por milho gr�tis, rendo gra�as por ainda n�o terem retirado a tecla branca de um certo equipamento.