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Deciso da Cop 4 ameniza preocupao com o Burley
Entre as vrias decises adotadas pela 4 Conferncia das Partes (Cop 4), ocorrida em Punta del Este, no Uruguai, de 15 a 20 de novembro, em termos de recomendaes relacionadas implementao da Conveno-Quadro, a que mais preocupava os produtores de fumo est relacionada aos artigos 9 e 10. Estes, tratam sobre a proibio do uso de alguns ingredientes na fabricao de cigarros, o que poderia levar prejuzos aos produtores de Burley. Essa variedade de fumo, durante o seu processo de secagem, sofre a perda do seu acar natural, sendo necessria a adio no momento da fabricao dos cigarros. A deciso da Cop 4 recomenda a proibio do uso dos aromatizantes, mas mantm a possibilidade da adio de acar, necessria para a recomposio do Burley.
A proposta dos representantes dos produtores havia sido pela postergao da definio referente aos artigos 9 e 10. A posio da Conferncia torna-se um meio termo, devido s divergncias de interesse do conjunto de pases representados e a possibilidade de manter a recomposio garante a utilizao do Burley na fabricao de cigarros, o que ameniza uma das maiores preocupaes dos fumicultores. A deciso final da Cop 4 , de certa forma, tambm ficou alinhada com a posio do governo brasileiro pela implementao, com cada pas definindo, por lei nacional, a seu tempo e modo, os aspectos relacionados aos artigos.
Para o vice-presidente da Associao dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Heitor Petry, "a mobilizao dos representantes dos fumicultores foi fundamental para alertar e sensibilizar as autoridades brasileiras e os delegados da Conferncia. No deixou de ser um processo de presso, com respeito aos princpios democrticos e autnticos de uma classe trabalhadora". Heitor coloca ainda que as entidades ligadas aos produtores de tabaco tm cincia que o combate ao tabagismo um movimento mundial irreversvel. "Acompanhamos a evoluo desse processo para podermos preparar os fumicultores, buscando alternativas de complementao de renda para reduzir o grau de dependncia econmica que hoje , em mdia, de 68% da renda dos fumicultores sul-brasileiros", ressalta Petry, ao complementar a necessidade de que "as questes relacionadas ao tabaco no devem ser tratadas ou s como sade ou s como produo, mas sim, na relao produo e sade".
DILOGO - Outro ponto destacado por Petry foi a oportunidade de dilogo, em vrias momentos, dos representantes dos fumicultores com a delegao brasileira. "Esperamos que esta elogivel atitude do embaixador do Brasil no Uruguai, Jos Carlos Souza Gomes, e do diplomata brasileiro, Fernando Figueira de Mello, que tiveram uma percepo da necessidade de estabelecer um espao de interlocuo entre governo e produtores de tabaco, seja mantida. fundamental esse espao de debate e de construo positiva de trabalhos voltados a resguardar os interesses e necessidades dos fumicultores, sem prejuzo s aes voltadas para a sade", enfatiza Petry.
O vice-presidente complementa que as entidades continuaro acompanhando as decorrncias das definies da Cop 4 e engajadas no trabalho pela diversificao. "A prpria Conferncia, na ausncia de culturas alternativas, apontou a necessidade da continuao na busca destas, o que as entidades j vem realizando".
A comitiva de representantes dos fumicultores brasileiros foi integrada pela Afubra, Contag, Fetag-RS, Farsul e Fetaesc, alm de deputados federais e estaduais, prefeitos, vereadores e sindicalistas.