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29/07/2011 12:49
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Sob escolta, Seco volta terra natal

Um dos maiores aparatos de segurana dos ltimos tempos em Candelria foi montado na manh de tera, 26, em frente ao Frum, para a audincia da quadrilha do assaltante de bancos e carros-fortes Jos Carlos dos Santos, o Seco. Cerca de 100 policiais e agentes penitencirios, fortemente armados e distribudos em 20 viaturas, foram mobilizados para a operao, que teve um comboio vindo da Penitenciria de Alta Segurana de Charqueadas (Pasc) e outro procedente do Presdio Central, de Porto Alegre. Alm de Seco, estiveram em Candelria Antnio Marcos Soares Floriano, o Marquinho, de 32 anos; Jlio Csar Reis da Costa, o Zoreia, de 26 anos; Marcos Antnio Martins Borchhard, o Marco, de 35 anos; Sandro Lima Silveira, o Boca, de 41 anos; e Srgio Rudinei Bauermann, o Da Nota, de 32 anos. Marcos Guatimosim, o Magui, de 45 anos, intimado para depor, no compareceu audincia. O juiz Celso Roberto Mernack Fialho Fagundes determinou ainda a deprecao do interrogatrio do ru Gustavo Roennau, o Bomba, de 36 anos, para a comarca de Taquara. A avenida Pereira Rego, na quadra em que est localizado o Frum de Candelria, foi momentaneamente fechada ao trnsito durante a movimentao do 1 Batalho de Operaes Especiais (BOE) da BM - incluindo o Grupo de Aes Tticas Especiais (Gate) - e da Superintendncia dos Servios Penitencirios (Susepe), com a equipe do Ncleo de Segurana e Disciplina. Seco, com cabelos bem aparados e barba por fazer, vestia uma camisa xadrez, calas jeans e tnis, e tentou evitar que fosse fotografado. Ao sair do Frum, ficou de cabea baixa at entrar em um dos veculos de escolta da Susepe, de onde seguiu para a Pasc. A audincia est associada ao processo judicial relativo apreenso de bananas de dinamite em uma ponte da RSC 287, em Candelria, no dia 13 de janeiro de 2004. Na ocasio, as autoridades suspeitaram que os explosivos seriam usados para detonar a travessia e bloquear um carro-forte que passaria pelo local. Na audincia, que durou cerca de uma hora, alm dos seis rus, dois agricultores, um pedreiro e um policial civil prestaram depoimento como testemunhas de acusao. O que disseram os rus Antnio Marcos Soares Floriano, o Marquinho, de 32 anos - Disse que j havia sido preso por roubo, condenado e absolvido na apelao. Em relao aos fatos ocorridos em Candelria, disse que no tinha conhecimento, que no conhecia nenhum dos outros rus e que nunca havia estado no municpio. Sobre o teor do processo, disse que teve conhecimento em razo de outras audincias de que participou, relacionadas ao mesmo assunto. Sandro de Lima da Silveira, o Boca, de 41 anos - Relatou que esteve preso por assalto a banco, mas negou participao na suposta ao que estaria sendo arquitetada em Candelria. Disse que veio ao municpio apenas para a audincia de tera-feira e que conhecia alguns dos rus pelo sistema carcerrio. Quando o juiz disse que Jlio Csar Reis da Costa, o "Zoreia", o havia delatado pela co-participao no suposto esquema, disse que este era um "timo caloteiro". Srgio Rudinei Bauermann, o Da Nota, de 32 anos - Contou que nunca havia sido preso, que trabalhava em Estncia Velha na poca dos fatos ocorridos em Candelria e que no conhecia os demais rus do processo. Negou que tivesse participao nos fatos e disse que j havia sido ouvido em Lajeado sobre um assalto a carro-forte ocorrido no dia 13 de janeiro de 2004, do qual tambm negou ter participado. Marco Antnio Martins Borchhard, o Marco, de 35 anos - Respondeu ao juiz que nunca havia sido preso e negou a possvel formao de quadrilha e a participao na tentativa de ataque em Candelria. Dos rus do processo, disse que conhecia apenas Srgio (Bauermann) e que desconhecia a acusao. Jos Carlos dos Santos, o Seco, de 31 anos - Assistido pelo advogado Jorge Dalmas, relatou que nunca tinha sido preso at o dia 16 de abril de 2006, em Paverama. Nos dias 12 e 13 de janeiro de 2004, disse que estava com sua companheira, na cidade de Canoas, e que raramente vinha para Candelria, apesar de ter parentes residindo no interior. Em relao s acusaes, disse que seu nome foi associado a esse episdio pelo fato de estar sendo veiculado seguidamente na mdia e pelos explosivos terem sido encontrados em Candelria. Ele negou veementemente sua participao e disse ao juiz que no h nenhuma prova contra ele, que sequer seu telefone foi grampeado. Em relao aos demais rus, falou que os conheceu depois de ter sido preso, mas antes no sabia de sua existncia. "Declaro que sou inocente e que o processo vai provar isso. S existe suspeita, e nada de concreto", alegou. Jlio Csar Reis da Costa, o Zoreia, de 26 anos - Preso por portar artefatos explosivos no dia 16 de janeiro de 2004 em Santa Cruz do Sul, disse que o fato no estava relacionado a um possvel ataque em Candelria. Sobre os demais rus, disse que passou a conhec-los dentro do sistema prisional. Condenaes de Seco j somam 160 anos Entre os anos de 2002 e 2006, o ex-operador de mquinas nascido em Candelria foi suspeito de ter praticado 22 ataques e apontado em 14 inquritos por roubos no interior do Estado. Em Santa Cruz do Sul, em 10 de abril de 2006, se envolveu na ltima investida, quando derrubou com um caminho a parede de uma filial da Proforte para roubar cerca de R$ 3 milhes. Na tentativa de evitar o assalto, o capito da BM Andr Sebastio Santos dos Santos, 34 anos, foi assassinado. Trs dias depois, no dia 13 de abril, Seco foi capturado pela Polcia Civil, em um posto de combustveis em Paverama, mas o dinheiro nunca foi encontrado. Por este processo, ele foi condenado a 46 anos de priso. Todavia, as condenaes por crimes cometidos j somam cerca de 160 anos de recluso. Alm da sentena confirmada pelo Tribunal de Justia, Seco foi apenado anteriormente pelos crimes de roubo qualificado, formao de quadrilha, assalto, receptao, falsidade em prejuzo da Unio, trs tentativas de homicdio, entre outros. Na sada da audincia, o advogado de defesa de Seco, Jorge Dalmas, disse imprensa que todos os processos so passveis de recurso. "Para a Justia, ele tido como um monstro e a fica difcil para qualquer um atuar na defesa", ponderou. Entenda o caso No dia 12 de janeiro de 2004, a descoberta de material explosivo na RSC 287, junto cabeceira de uma ponte, mereceu destaque de capa dos principais jornais do Estado. Na poca, existia a convico de que estava sendo preparado um assalto a carro-forte no municpio. Porm, a participao de um agricultor candelariense foi decisiva na frustrao da ao. No meio da tarde daquele dia, ele teve a ateno despertada para uma movimentao estranha. Trs homens saram de uma S-10 de cor prateada e, durante cerca de 10 minutos, caminharam na margem da rodovia, em local prximo da chamada ponte seca. Mais adiante, o mesmo agricultor realizou uma investigao no local e acabou se deparando com uma sacola contendo 10 bananas de dinamite, alm de uma garrafa pet com mais explosivos. O material estava em um mato situado margem esquerda da rodovia, no sentido Santa Cruz/Candelria. No dia seguinte, agentes do Gate vieram a Candelria e, aps avaliar o material, concluram tratar-se de explosivos velhos que no ofereciam condies para serem removidos para Porto Alegre. Por isso, optaram pela destruio no prprio local. Ainda no perodo da manh, durante uma inspeo na chamada ponte seca, agentes identificaram dois buracos prximos um do outro perto da cabeceira, no sentido Santa Cruz/Candelria. Um dos orifcios estava vazio. Porm, no outro, tapado por folhas de fumo, foi encontrado um saco plstico com mais 10 bananas de dinamite ligadas a fios e material detonante. No dia 15 de janeiro, uma operao conjunta da Brigada Militar e da Polcia Civil resultou na priso de um suspeito de integrar a quadrilha que colocou explosivos na cabeceira da chamada ponte seca. A mesma quadrilha foi apontada como responsvel pelo assalto a um carro-forte ocorrido quarta-feira, 14, na BR 116, no municpio de Barra do Ribeiro. Jlio Csar Reis Costa, conhecido como "Zoreia", foi detido no centro de Santa Cruz do Sul conduzindo um Vectra roubado. No veculo foram encontrados dois fuzis, um rdio comunicador, uma mquina fotogrfica digital, dinheiro, dinamite e rolos de cordel detonante de explosivos. O suspeito conduziu os policiais at um stio em Vila Mariante, interior de Venncio Aires, onde foram localizadas duas mquinas de furar asfalto e um saco de moedas, fruto do assalto praticado anteriormente num posto de pedgio em Marques de Souza. As mquinas foram utilizadas para abrir dois buracos na RSC 287, em Candelria. Um caseiro do stio foi detido para averiguaes. Em seu depoimento, "Zoreia" revelou que a ao em Candelria estava programada para quinta-feira, 15. O plano era mesmo assaltar um carro-forte, obrigando-o a parar com a exploso da dinamite colocada em buracos no asfalto. A partir de ento foram identificados os outros possveis integrantes da quadrilha.