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Geral 29/07/2022 09:40
Por: Odete Jochims

Nova direção: um ciclo se encerra na Rodoviária de Candelária

Concessão que teve início com Haro Prass, em 1949, terá futuro em nova administração

  • Jacqueline Prass Heinze: sentimento de gratidão
  • Ofício remonta ao ano de 1949, quando Haro Prass, pai de Jacqueline, inaugurou a rodoviária

 

Como afirma a famosa canção composta por Milton Nascimento e Fernando Brant, também eternizada na voz de Maria Rita, “a vida se repete na estação”. Após o verso, a música trata de eventos que ocorrem tanto na estação quanto na vida: quem vai; quem fica; quem está de passagem; e assim por diante. Se a estação é feita de movimentos e mudanças, a vida de quem a administra não é diferente. E, a partir da próxima segunda, 1º, Jacqueline Prass Heinze e sua família, depois de 29 anos, estarão encerrando um ciclo de 73 anos da família Prass na Rodoviária de Candelária.

O setor rodoviário tem vivido um período bastante conturbado nos últimos anos. Segundo levantamento feito por GZH a partir de dados do DAER, 28 terminais fecharam as portas de 2020 para cá. Conforme as mesmas fontes, o número de estações rodoviárias no Rio Grande do Sul em 2012 era de 294; hoje, este número já caiu para 174 – uma queda de mais de 40%. Vivendo as dificuldades deste cenário, Jacqueline conta que sua família vinha ventilando desde o ano passado a possibilidade de fechar o estabelecimento. Entretanto, um grupo de Candelária, que prefere não se identificar, passou a negociar a compra da concessão.

Jacqueline explica que a concessão será mantida e não haverá interrupção de nenhuma linha em decorrência desta transição para a nova administração. “A cidade precisa desse serviço. Nós acreditamos em Candelária e fizemos o possível para manter a Estação Rodoviária aberta dentro das nossas possibilidades. Estou chegando próximo da minha aposentadoria e, por isso, é necessário que pessoas novas sigam tocando a rodoviária com um novo ânimo. No momento, estamos treinando a nova equipe, que assumirá a partir do dia 1º de agosto. Queremos passar adiante para a próxima equipe o que aprendemos com o meu pai, Haro Prass: o ato de bem-servir à comunidade”, destaca.

HISTÓRIAS – Jaque da rodoviária (como é conhecida por tantas pessoas) coleciona diversos afetos que provém da sua vivência na estação. Na semana passada, Jacque conta que uma menina cadeirante esteve na rodoviária. As duas trocaram abraços, deram risadas e jogaram conversa fora. Tratava-se, afinal, de uma velha conhecida. A rodoviária as uniu quando a menina ainda era pequena, há cerca de dez anos atrás. “Quando ela era uma criança, me deu um quadro que eu guardo até os dias de hoje. Essas pessoas só cruzaram a minha vida por causa da rodoviária. Assim como ela, tem inúmeras outras que guardo com muito carinho no meu coração”, completa.

GRATIDÃO – Ao final dessa trajetória, a maior vontade de Jacque é prestar seu reconhecimento a todos que participaram, de uma forma de outra, dessa história. “Eu gostaria de agradecer a todas as pessoas que pudemos tocar de alguma forma pelo nosso atendimento. Eu tenho uma gratidão imensa de poder ter conhecido e criado vínculos com diversas pessoas que passaram por aqui”, finaliza. ( Por : Arthur Lersch Mallmann )