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Região 10/07/2024 14:43
Por: Odete Jochims

Água Fator de Desenvolvimento - Irrigação Tecnologia de Produção

As constantes estiagens que ocorrem no Estado do Rio Grande do Sul evidenciam a fragilidade do sistema de abastecimento e de produção, que traduzem prejuízos significativos para a sociedade, com o aumento dos custos de captação, transporte e tratamento da água para a manutenção da produção, ocasionando desde a perda da eficiência produtiva até a redução e a paralisação de atividades agropecuárias.

A necessidade de reservação de água fica cada vez mais necessária. Ao longo do ano têm-se períodos de escassez com prejuízos considerados e períodos chuvosos com grandes volumes excedentes de água, e algumas vezes com ocorrência de enchentes, ocasionando perdas também nos meios rural e urbano.

Para que não haja grandes impactos ambientais de estiagem e de cheias é necessário construir mais barragens e microaçudes para armazenar mais água das chuvas, e suprir as necessidades das demandas principalmente nos meses de primavera, verão e outono.

 

Portanto, há necessidade de se planejar e executar obras de captação e armazenagem de água, principalmente de escorrimentos superficiais, nos meses de primavera e inverno quando ocorrem chuvas acima da média e têm-se excedentes hídricos no Estado Gaúcho.

Também é necessário planejar ações de capacitação e orientação técnica dos técnicos e dos produtores, quanto ao manejo do solo para armazenar água no próprio solo e regularizar a vazão dos mananciais hídricos.

A capacitação e motivação dos produtores agrícolas e usuários da água tanto do meio rural como urbano é de fundamental importância para que possam buscar formas e alternativas adequadas de captação, armazenagem e uso da água.

“Temos que armazenar mais água através de cisternas, microaçudes e barragens e melhorar o manejo do solo para produzir mais, preservando os recursos hídricos, e usando-os de forma inteligente”.

Em novembro de 2008 o Estado do Rio Grande do Sul criou o programa estadual de irrigação através da lei 13.063. Em outubro de 2013 através da lei 14.328, instituiu a Política Estadual de Irrigação, o Plano Diretor de Irrigação no contexto dos Usos Múltiplos da Água, o conselho Gestor da Política Estadual de Irrigação e o Fundo Estadual de Irrigação. O objetivo desse programa é de incentivar a reservação da água e a irrigação para amenizar os efeitos das constantes estiagens que ocorrem no Estado. Segundo dados históricos meteorológicos observam-se que de cada 10 anos tem-se 7 anos com precipitações mal distribuídas acarretando deficiência hídrica em quase todas as regiões do solo. Hoje a Assembleia Legislativa do RS, através de seu Presidente Adolfo Brito, vem trabalhando para atualizar a legislação de recursos hídricos, de reservação de água, irrigação e piscicultura, através de seu plano RS SUSTENTÁVEL “CADA GOTA CONTA” e com isso incrementar a área irrigada no Estado.

No Estado do Rio Grande do Sul, segundo a Secretaria Estadual de agricultura e Pecuária, Produção sustentável e Irrigação, 45% do PIB estão vinculados ao agronegócio. No entanto, com a ocorrência de falta de chuvas bem distribuídas ocorrem reduções nas produções agrícolas e animal. Neste sentido, para diminuir as perdas de produção por estiagem e apresentar uma produção crescente de alimentos, a alternativa está na produção agrícola irrigada.

Os programas estaduais de irrigação  ”Mais água mais renda”, “ Irrigando a agricultura familiar” e de ”Apoio e desenvolvimento da infraestrutura rural” e o atual programa “AVANÇAR/SUPERA ESTIAGEM” tem buscado incentivar o uso da irrigação e da reservação de água para mitigar as reduções de produção que ocorrem no Estado Gaúcho.

Segundo a SENIR – Secretaria Nacional de Irrigação; estudos revelam que o potencial de área para a irrigação, segundo variáveis como: aptidão agrícola - solo e relevo - disponibilidade hídrica preservação ambiental, infraestrutura existente e características sócios ambientais do meio rural, é de 38 milhões de há para o Brasil e de 2,2 milhões de há para o Rio Grande do Sul.

Atualmente, o Rio Grande do Sul irriga cerca de 1.353.142 há em 26.430 estabelecimentos; 1,0 milhão de há de arroz e 0,3 milhões de há outras culturas, principalmente milho e soja.

A pergunta que não que calar é; o “Há água suficiente no Estado para garantir o bem estar da população, o desenvolvimento econômico e qualidade ambiental dos ecossistemas?. Segundo dados históricos a precipitação média anual do Estado é de 1.500 mm, e considerando que o escorrimento superficial, a infiltração e a evaporação cheguem a 1.000 mm anual, sobrariam ainda 500 mm, que se for reservado, seria mais que suficiente para atender essa demanda de água. Considerando ainda que a irrigação no estado é complementar a precipitação. Nos anos com maior déficit hídrico a demanda chega ao máximo em 300 mm, praticamente menos da metade do que demanda a cultura por ciclo.

Os projetos de irrigação em pastagens para a produção de leite possibilitam colocar ate 7 vacas em lactação /ha, chegando a produzir 20.000 litros de leite por ha/ano.

A irrigação está proporcionando aos produtores o acréscimo de 10.000 litros de leite por ha ano. Outro entrave que dificulta a implantação de mais projetos de irrigação é a potência energética instalada nas propriedades rurais. A disponibilidade está no limite para atender as demandas hoje existentes, impossibilitando o produtor de ampliar qualquer atividade que demandem mais energia. Onde não é possível ter energia elétrica com potência adequada, está se buscando alternativas como o uso de motores de combustão (motor diesel. Cerca de 33% das instalações usam motores diesel para acionar as bombas de irrigação.

Os conhecimentos gerados precisam ser divulgados através da extensão rural, representada pela Emater/RS, IRGA enquanto órgãos públicos, Universidades, cooperativas, Instituições e empresas privadas.

Além de capacitar técnicos dos órgãos públicos do Estado e de prefeituras, precisa-se capacitar também técnicos da assistência privada, técnicos de cooperativas de empresas que comercializam sistemas de irrigação; em elaboração de projetos de reservação de água, irrigação, manejo de solos e de sustentabilidade ambiental.

Os produtores também devem ser orientados e capacitados constantemente em sistemas de irrigação e especialmente em manejo da irrigação.

Conclusões

O incentivo do uso da irrigação para minimizar as perdas que ocorrem na produção agropecuária Gaúcha passa por alguns gargalos como:

  • Conhecimentos dos técnicos e dos produtores
  • Reservação de água através de microaçudes e barragens
  • Melhoria da potência e da qualidade da energia elétrica no meio rural
  • Pré-conceito de que a irrigação é cara
  • Demora nas liberações de licenças ambientais e outorgas
  • As potencialidades para o desenvolvimento da irrigação no Estado do Rio Grande do sul está mais que evidente, pois se tem:

  • Disponibilidade de água - Precipitação alta
  • Áreas disponíveis
  • Relevo e topografia adequados
  • Equipamentos e sistemas de irrigação modernos
  • Incentivos financeiros
  • Conhecimentos técnicos
  • Agricultores interessados
  • Com esses cenários precisa-se continuar buscando incentivos financeiros através de políticas públicas e privadas, facilidades na obtenção de licenciamentos ambientais e outorgas do uso da água, envolvimento dos comitês de bacias nas decisões dessas potencialidades, mais conhecimentos de todos os envolvidos e o Estado através dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário tomarem decisões que permitam facilidades e segurança jurídica para que os empresários rurais possam implantar seus projetos de reservação de água e irrigação. ( Texto José Enoir De Stefani Daniel )