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Geral 10/10/2025 08:14
Por: Diego Foppa

Crianças e tecnologia: afinal, qual é o limite?

Psicóloga alerta sobre a importância de os pais dosarem o tempo dos filhos em frente às telas

Bolita, futebol, taco, amarelinha, pega-pega, esconde-esconde, polícia e ladrão. Praticamente todas essas brincadeiras fizeram parte da infância de diversas pessoas e são boas lembranças de uma época quando a maior preocupação era fazer a tarefa da escola. Hoje, esse jeito de brincar parece algo distante no dia a dia de várias crianças. Se antes grande parte dos pequenos passava o dia brincando na rua com os amigos, hoje é cada vez mais comum encontrar crianças dentro de casa durante a maior parte do tempo. Entre outros fatores, não há dúvida de que a tecnologia tem um papel essencial nessa história. Agora, a televisão, o videogame de última geração e o computador são outros bons motivos que fazem com que as crianças saiam ainda menos de casa. Por causa disso, diversos estudos foram e continuam sendo desenvolvidos a fim de responder à (polêmica) questão: afinal, a tecnologia faz mal às crianças?
Conforme a psicóloga Tânia Steil, o uso excessivo de telas tem preocupado os especialistas em saúde e comportamento infantil. Ela ressalta que estudos indicam que crianças de até dois anos não devem ter contato nenhum com as tecnologias digitais, como celulares, tablets e televisosres. Entre os cinco e 10, o tempo de ser limitado a, no máximo, duas horas por dia. “Até os dois anos é a chamada janela de aprendizado das crianças, ou seja, elas precisam de brincadeiras para serem estimuladas e que possam interagir. Por isso, é importante que os pais procurem construir vínculos com as crianças”, observa. Além disso, a psicóloga acrescenta que entre os dois anos de idade ocorre o período chamado como poda neuronal. “As partes do cérebro que não são estimuladas tendem a deixar de existir. Por isso, é fundamental oferecer experiências variadas, e a brincadeira é o melhor estímulo para que a criança descubra, explore e socialize”, acrescenta. 

EQUILÍBRIO COMO RECEITA 
De acordo com Tânia, a melhor receita é o equilíbrio. “É óbvio que também são importantes (as tecnologias). Não se pode ignorar as telas, mas é preciso que haja um consumo adequado. Para isso, é essencial que os pais estabeleçam combinados e uma rotina de horários de uso, para que o contato com os dispositivos seja saudável”, destaca. 
Ela acrescenta que se esse uso não for dosado pode ocorrer significativos prejuízos no desenvolvimento infantil, tanto no aspecto cognitivo, como no social e afetivo.  “Dizer não também é um ato de amor. O não é estruturante. Os pais precisam compreender que impor limites não significa deixar de amar, mas ajudar na formação de um futuro adulto equilibrado”, completa.

Sobre a psicóloga
Tania Steil é formada em Psicologia pela Unisc e possui especializações em Neuropsicologia, Intervenção ABA aplicada ao Transtorno do Espectro do Autismo e Psicologia do Neurodesenvolvimento e Aprendizagem, todas realizadas no Instituto de Pós-Graduação e Graduação (IPOG), em Porto Alegre.