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Geral 28/12/2023 16:44
Por: Charles Silva

Sino do Monge está exposto no Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS, em Porto Alegre

Forjado em 1719, o sino é um dos mais antigos do estado e compõe o acervo do Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues desde 2003

Desde o último dia 19 de dezembro, o Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, está promovendo uma exposição que apresenta ao grande púbico alguns dos sinos mais antigos do estado. A peça principal, conhecida como “Sino do Monge”, foi forjada na Argentina em 1719 e está intimamente ligada à história de Candelária por meio de uma de suas figuras mais peculiares e misteriosas, o Monge João Maria D'Agostini.

Conforme o líder do projeto, o professor Edison Hüttner, do Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS, o sino foi fundido em bronze pelo padre Antônio Clemente Sepp, em 1719, na redução jesuítica de La Cruz, na Argentina. Entre diversos símbolos e desenhos inscritos na peça, pode-se ler seu ano de fundição (1719), o nome S. Clemente (abreviatura de São Clemente) e a frase em latim “Ora pro nobis”, que significa Rogai por nós.

O sino teria vindo ao Brasil após ser saqueado por milicianos durante os primeiros conflitos da Guerra da Cisplatina, entre 1812 e 1817. Sem registros de seu paradeiro por cerca de três décadas, a peça acabou em posse do monge João Maria entre 1844 e 1848, quando foi instalada em sua ermida (como eram chamadas as pequenas igrejas instaladas em lugares ermos) que ficava no topo do Cerro Botucaraí. Muito popular por suas atividades místicas ou religiosas, o período em que o eremita viveu na região tornou o local ainda mais conhecido e procurado por turistas e fieis.

Conforme o curador do Museu Municipal, Carlos Nunes Rodrigues, em algum momento da história o sino acabou sendo jogado pelos paredões do Cerro Botucaraí e, posteriormente, acabou em posse da Comunidade Católica da Sesmaria do Cerro, passou pela Igreja matriz e Comunidade Católica do Quilombo, antes de ser doado ao museu municipal, em 2003.

Sob a liderança do o professor Edison Hüttner, o sino passou por uma restauração, recebeu um novo suporte e, quem visitar a exposição, poderá badala-lo e ouvir seu som. A peça ficará no Museu da PUCRS até fevereiro e depois retorna à Candelária. De acordo com Carlos Rodrigues, a peça deverá ser exposta novamente na próxima Expocande, entre os dias 30 de abril a 5 de maio de 2024.