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Geral 29/09/2023 08:58
Por: Diego Foppa

O setembro mais chuvoso em 26 anos

Dados da Agrican mostram que Candelária já acumula uma precipitação de 555 milímetros

  • Uma das principais culturas de inverno, o trigo pode ser a primeira a sofrer com os impactos do fenômeno climático

Setembro chega ao fim neste sábado, 30, entrando para a história climatológica de Candelária. Dados do Escritório de Planejamento Agrícola e Consultoria de Candelária (Agrican) que registra o volume de chuvas no município há 26 anos indicam que o acumulado de chegou a 555 milímetros em Candelária. Na prática, o número representa 555 litros de água em cada metro quadrado do solo. Isso também consolida setembro como o segundo mês com mais chuvas neste período. O mês mais chuvoso deste registro continua sendo outubro de 2015, que chegou aos 564 milímetros. Os pluviômetros em que é contabilizado o volume de chuva estão localizados em Linha do Sul. Segundo o engenheiro agrônomo Adalton Siqueira, geralmente os meses de setembro e outubro são os mais chuvosos. Contudo, ele destaca que a chuva foi bastante acima da média dos “setembros’’ anteriores. “Ano passado foi registrado uma chuva abaixo da média em setembro (80 milímetros), mas a média vinha sendo de 230 milímetros”, conta. O cenário é resultado do forte El Niño que atinge o Estado. Com o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, ocorre mais evaporação. O resultado é a formação de nuvens mais carregadas e a intensificação da chuva em parte da Argentina, Uruguai e no Sul do Brasil. 

 

El Niño pode causar impactos na agricultura

Historicamente outubro é o mês com mais precipitação em Candelária e o quadro é de permanência do El Niño até o fim do ano. Os meteorologistas projetam que a chuva vai continuar acima da média, o que deve favorecer problemas como chuva intensa, grandes acumulados, temporais e cheia de rios e arroios ao longo da primavera. Caso a previsão se confirme, Adalton ressalta que esse fator climático pode causar transtornos nas culturas de inverno e primavera/verão. “40% das terras de Candelária são baixas, ou seja, tem uma tendência maior de umidade”, destaca. 
No caso da soja, o período de planta costuma iniciar no final de outubro. “Ainda não se tem impacto, mas logo ali na frente poderá ter, tendo em vista que o solo necessita de um manejo. Naturalmente, a janela de plantio se encurta também”, resume. Com relação ao arroz, a planta no sistema pré-germinado pode ser uma alternativa.    
TRIGO – Uma das principais culturas de inverno, o trigo pode ser a primeira a sofrer com os impactos do fenômeno climático. Conforme Adalton, o cereal está em fase final de enchimento de grãos e pode ser prejudicado pelo excesso de chuva. “O excesso de umidade e a falta luminosidade pode impactar na qualidade do produto. O grão acaba não enchendo tanto e pode ocorrer uma deterioração. Tudo isso afeta no PH do trigo e também na classificação do produto, pois se ele não for de uma qualidade boa, não será comercializado para farinha ou pão, por exemplo, e, consequentemente, o valor pago ao produtor será menor”, ressalta.