Por: Arthur Mallmann
Após litígio judicial, aulas tiveram início nesta quinta
Forte onda de calor justificou adiamento do reinício do ano letivo, que estava previsto para segunda, 10
O momento de reencontrar os colegas e professores é sempre
uma época especial para crianças e adolescentes. Este ano, contudo, o reinício
do ano letivo foi cercado de incerteza para os estudantes da rede estadual de
ensino que, em Candelária, somam aproximadamente 1.560 alunos. Isso porque as
aulas, que estavam previstas para iniciarem na segunda, 10, as tiveram início
somente nesta quinta, 13, em razão de uma disputa judicial.
A alteração na data foi resultado de uma liminar concedida
pelo Tribunal de Justiça (TJ), atendendo ao pedido do Cpers, que alegou as
altas temperaturas como um fator prejudicial ao início do ano letivo. A decisão
foi proferida no domingo, 9, e inicialmente adiava o começo das aulas para o
dia 17. No entanto, na terça, 11, o governo do estado teve seu recurso aceito,
possibilitando o início das atividades nesta quinta.
A decisão de suspensão das aulas pegou diretores e
professores de surpresa na noite de domingo, exigindo comunicação rápida com
alunos e familiares. A diretora da Escola Estadual Guia Lopes, Elisangela de
Souza, por exemplo, relatou que a informação foi disseminada por grupos de
WhatsApp e redes sociais, evitando que estudantes comparecessem desavisados na
segunda-feira, 10.
Na quinta-feira, 13, o retorno às aulas na rede estadual
ocorreu com relativa normalidade no município. Uma das novidades para este ano,
os uniformes adquiridos pelo governo do estado, ainda não foram distribuídos
aos alunos, mas a entrega está prevista para os próximos dias.
Salas climatizadas
Embora o impasse tenha sido resolvido, a situação das
escolas diante do que alguns cientistas chamam de "emergência
climática" permanece como um ponto de preocupação para gestores,
professores e estudantes. A reportagem da Folha procurou investigar como as
escolas estaduais de Candelária estão se preparando para lidar com eventos
extremos, como a onda de calor registrada no início da semana, que chegou a
marcar pelo menos 44 ºC nos termômetros de rua.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, a secretária estadual de
Educação, Raquel Teixeira, havia afirmado que apenas 27% das 2.320 escolas
estaduais do Rio Grande do Sul possuem ar-condicionado. A realidade do
município, felizmente, não é tão desfavorável.
Representantes das escolas Guia Lopes, Lepage, Penedo, Fábio
Nackpar, Dinarte e Eveline da Fonseca afirmaram que todas as salas de aula
possuem ar-condicionado, o que significa um alívio para estudantes e
professores. No entanto, algumas unidades, como o Penedo e o Fábio Nackpar,
alertaram para a fragilidade da rede elétrica, que apresenta um histórico de
problemas e pode não suportar o funcionamento simultâneo dos equipamentos.
Outra preocupação levantada é com o transporte escolar,
especialmente na Escola Eveline da Fonseca, da localidade de Pinheiro. Alunos
que dependem do ônibus escolar enfrentam trajetos longos em veículos sem
climatização, com alguns saindo de casa por volta das 11h30 e chegando apenas
às 12h50 na instituição. Ou seja, um trajeto de mais de uma hora realizado no
pico do calor.