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Geral 24/06/2022 10:00
Por: Odete Jochims

Fumo, produtores fazem experimentos com plantio antecipado na Sesmaria do Cerro

Com o objetivo de escapar do calor e da estiagem, o casal Samuel e Andresa Rehbein iniciaram parte do seu plantio ainda em abril

  • Samuel Rehbein: experimento com cultivo antecipado de tabaco

Com o calendário em meados de junho, a maioria dos fumicultores de Candelária ainda não começou a plantar os pés de tabaco no solo. No entanto, cada vez mais fumicultores da região buscam fazer experiências com a antecipação do plantio. O casal da Sesmaria do Cerro, Samuel Henrique Rehbein, 37, e Andresa Simone Nery Rehbein, 29, por exemplo, são um dos poucos produtores que já deram início ao plantio. Segundo dados da Afubra, a área cultivada no município gira em torno de 2 a 3%. Para tanto, eles separaram 30 mil pés (de um total de 130 mil) do chamado “fumo de inverno”, que foram plantados no dia 21 de abril.

Conforme Samuel relata à reportagem, a ideia de fazer o experimento surgiu a partir de trocas de informações com outros produtores em uma rede social. Foi então que o agricultor tomou conhecimento de que, na região de Camaquã e São Lourenço do Sul, alguns produtores já vêm há anos plantando nessa época. “Ali surgiu a ideia. Mais tarde, uma firma de fumo me incentivou a botar em prática. É um experimento. Cada região tem seu clima e seu solo. Se der certo, podemos escapar do calorão e da estiagem”, explica.

Um ponto que tem levado à antecipação do plantio do tabaco é que alguns fumicultores, como Samuel Rehbein, terceirizam o serviço da colheita para empreiteiras. Nesse sentido, também é interessante para estas empresas incentivarem os agricultores parceiros a diversificarem seus tempos de colheita. Desse modo, haveria maior disponibilidade de agenda para a empreiteira atuar ao longo do ano.

O agricultor também salienta que, apesar de plantar milho na resteva do tabaco, passou a conhecer produtores que buscam antecipar o plantio do fumo para, na sequência, plantar soja entre os meses de outubro e dezembro. Segundo Carlos Loewe, coordenador de mutualidade da Afubra, tem sido cada vez mais comum produtores optarem por outras culturas, como a soja, na entressafra. Essa opção se deve principalmente ao baixo retorno do milho da entressafra em relação ao crescente custo de produção. “Na resteva do fumo, a produtividade do milho fica em torno de 80 sacos por hectare. Como primeira safra, o milho pode chegar a até 200 sacos por hectare com o mesmo custo de produção”, ressalta.