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Geral 04/08/2022 16:30
Por: Redação

Campanha Agosto Lilás estimula o debate sobre violência contra mulheres

Muitos candelarienses se chocaram com os recentes casos de feminicídio ocorridos no município. Mas estes crimes apresentam somente uma das faces de um problema muito maior e complexo. Em nossa sociedade, a violência contra a mulher se coloca como problema de saúde pública. Diversos estudos apontam que, em média, 30% das mulheres entre 15 e 49 anos já sofreram violência física e/ou sexual dos parceiros masculinos durante sua vida. Contudo, estima-se que este índice tenha aumentado devido aos efeitos da pandemia. Esses dados mostram que, no mínimo, uma em cada três mulheres já sofreu algum tipo de violência doméstica no Brasil.

Tentando ampliar o diálogo sobre este problema, se instituiu o Agosto Lilás, campanha de conscientização, mobilização da sociedade e instituição de medidas para coibir todas as formas de violência contra a mulher, além de fomentar as denúncias de práticas ilegais. A campanha Agosto Lilás foi criada em alusão ao mês de aniversário da Lei Maria da Penha, sancionada no dia 7 de agosto de 2006. O nome foi escolhido em homenagem à farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu agressões do ex-marido por 23 anos, ficando paraplégica após uma tentativa de assassinato e acabou se tornando o símbolo da luta contra a violência doméstica no país.

A rede de apoio em Candelária

No município, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) deve ser citado como o principal serviço para o combate à violência doméstica. O centro busca oferecer atendimento psicossocial, apoio e orientação especializada às famílias e indivíduos em situação de risco ou violação de direitos. Sua equipe é multiprofissional, contando com diversos profissionais, como: psicólogos, assistentes sociais e advogados. 

De acordo com Jaqueline Macedo dos Santos, advogada do CREAS, muitas mulheres vítimas de violência doméstica não chegam a fazer a denúncia. Segundo ela, muitos fatores influenciam esta decisão, como, por exemplo, o sentimento de vergonha pela situação que estão submetidas.  “Muitas mulheres têm vergonha de virem ao serviço e falarem sobre as agressões, não querem ser vistas como vítimas ou, em muitos casos, não se reconhecem como vítimas”, cita a advogada.

Alguns segmentos de mulheres são mais vulneráveis à violência. Entre estas, estão às mulheres rurais. Para Jaqueline, “o tamanho da área rural de Candelária representa um problema para o enfrentamento do problema. Mulheres que vivem no interior têm medo de denunciarem o agressor, pois não acreditam, por exemplo, que a polícia consiga intervir rapidamente em caso de necessidade”. Ainda, cita que outro desafio é a falta de conhecimento da legislação e dos serviços que apóiam a vítima.

Importância da denúncia

Embora existam dificuldades, a advogada reafirma a importância das vítimas fazerem a denúncia.  “Os casos precisam chegar até nós. Dos feminicídios ocorridos esse ano, por exemplo, nenhum dos casos havia sido denunciado para que pudéssemos prestar auxílio. Para proteger os envolvidos, a denúncia é sigilosa, e pode ser realizada pela vítima ou qualquer pessoa que suspeite da existência de violência”, afirma Jaqueline. O trabalho realizado pelo CREAS envolve a realização de uma escuta qualificada, que serve tanto para entender a situação da vítima, quanto para definir os meios para garantir a sua proteção. Quando necessário, o centro também encaminha as vítimas a outros serviços públicos de saúde, como tratamento psicológico e exames.

A violência doméstica é um problema complexo, mas o primeiro passo para sua resolução é tirá-lo da invisibilidade. Por isso, ações de divulgação, como o Agosto Lilás, são imprescindíveis que a população passe a conhecer melhor as políticas públicas e os serviços que a ampara.  

Como denunciar:

Creas – 3743 8137

Brigada Militar – 3743 1167

Delegacia de Polícia Civil – 3743 1187

Central de Atendimento à Mulher – 180,

Disque Direitos Humanos – 100