Por: Odete Jochims
Tabaco orgânico se apresenta como alternativa viável ao produtor
Há cerca de 15 anos cultivando tabaco orgânico, a família Menezes foi uma das pioneiras da região na atividade
Uma prática que é motivo de desconfiança para muitos produtores de tabaco já é há muitos anos realidade para uma família que reside na localidade de Taboão, entre Cachoeira do Sul e Novo Cabrais. Márcio de Menezes, 44 anos, e sua esposa, Deise de Menezes, 38 anos, já plantaram arroz e soja, mas migraram para o plantio de tabaco em certo momento. Entretanto, há aproximadamente 15 anos, optaram por seguir o caminho do cultivo orgânico. “Um orientador me convidou para conhecer um projeto piloto de fumo orgânico da antiga Kannenberg e o que eu vi me agradou. Como gostamos de desafios, nós topamos”, conta Márcio.
Deise e Márcio separaram uma pequena área para iniciar o plantio orgânico. Tendo gostado do resultado, passaram a adaptar o restante para manter apenas o cultivo orgânico. Segundo Márcio, é necessário cerca de 2 anos para que uma terra onde são utilizados químicos possa estar inteiramente livre de agrotóxicos. “Na época, a valorização era de praticamente 100% sobre o fumo com químicos. Por ser orgânico, havia uma valorização de 60%, mas eles também elevavam a classificação das folhas”, explica.
PLANTIO ORGÂNICO
O casal afirma não entender por que outros produtores não buscam o caminho do plantio orgânico. “Alguns tem medo que a plantação seja atacada. É preciso capinar algumas vezes, mas todas as plantações ao nosso redor que usam químicos também capinam. Nós não entendemos o motivo”, pontua Deise. Eles explicam que a produção realmente é menor, mas a rentabilidade compensa. Nestes anos de plantio orgânico, os Menezes não tiveram perdas em razão de pragas. “Somente granizo”, complementam.
O pai de Márcio manteve plantando o fumo com químicos e o contraste chamou a atenção da família. “Ele usava todos os agrotóxicos e eu aplicava somente o Óleo de Neem, que é um inseticida orgânico. Naquele ano, a lavoura dele foi atacada por pulgões enquanto a nossa permanecia intacta. Aí eu comecei a analisar: na minha plantação, existiam todos os tipos de predadores naturais; na dele não. Os químicos matam os pulgões, mas também exterminam os outros insetos”, pondera.
VENDAS
Em razão do plantio orgânico, a família Menezes foi objeto de matéria do Anuário Brasileiro de Tabaco, produzido pela Editora Gazeta, em 2011. Foi através dela que o atual parceiro de Minas Gerais passou a conhecer os fumicultores. “Ele nos viu na matéria do Anuário e entrou em contato conosco. Eu jamais imaginei que ele iria vir até nossa casa conhecer a produção”, comenta Márcio. O mineiro gostou tanto do produto que construiu uma marca de fumo orgânico da qual a família Menezes é a fornecedora exclusiva. A picagem do tabaco também é realizada na propriedade. “Atualmente plantamos cerca de 70 mil pés, mas pretendemos ampliar para 100 mil na próxima safra”, finaliza.
(Por Arthur Lersch Mallmann)