Por: Arthur Mallmann
Museu passa a abrigar novas réplicas e fósseis
Evento realizado na manhã de sábado, 31, reuniu comunidade paleontológica do estado e evidencia potencial do município nesta área
No último sábado, 31, o Museu Municipal Aristides Carlos
Rodrigues, em Candelária, tornou-se o epicentro de uma celebração que reuniu
antigos e novos pesquisadores da paleontologia e representantes da comunidade
local. O evento marcou a inauguração de uma nova exposição paleontológica, que
apresenta dez réplicas inéditas do período triássico (período geológico que ocorreu entre 252 e 201 milhões de anos), além de fósseis
recém-descobertos na região. A exposição foi viabilizada por meio de recursos
da Malha de Proteção ao Patrimônio Cultural, através da Lei Paulo Gustavo (Lei
Complementar 195/2022), reforçando o compromisso de preservar e divulgar o patrimônio
paleontológico local.
O evento reuniu pesquisadores de diversas partes do Brasil,
como Maranhão, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo – e até do mundo, como
Argentina e Itália. A inauguração da exposição, conduzida pelo curador do
museu, Carlos Rodrigues, contou com a presença de figuras que constroem a
paleontologia no Rio Grande do Sul, como o paleontólogo argentino Augustin
Martinelli; o professor da UFRGS Heitor Schultz, que atua no município há cerca
de duas décadas; e seus ex-orientandos, hoje professores universitários na
Unipampa e na UFSM.
Caminho paleontológico do município "não tem mais volta"
O professor da UFSM, Átila da Rosa, deu o tom sobre a
relevância da ocasião. “O que vocês estão vendo aqui é a melhor exposição
paleontológica do estado fora das universidades. E isso é uma construção de
toda a comunidade”, enfatiza.
O professor Heitor Schultz, homenageado durante o evento,
reforçou o compromisso necessário para o futuro. “O potencial de crescimento
desse museu é muito grande, mas precisa também contar com a colaboração de todo
mundo. Mesmo que Candelária não queira, não tem mais volta. O mundo inteiro
conhece Candelária por causa dos seus fósseis”, destaca.
Construção acadêmica
em Candelária
Os professores Felipe Pinheiro, do Laboratório de
Paleobiologia da Unipampa, e Flávio Pretto, do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica
(Cappa), da UFSM, ambos ex-orientandos do professor Heitor Schultz, compartilharam
suas reflexões sobre o crescimento e a importância do museu.
“Eu lembro de quando o museu era apenas um quartinho. Agora,
ele está desse tamanho, e o Schultz falou sobre o potencial de crescimento
daqui. Candelária já entrou num caminho que não tem mais volta”, afirmou Felipe.
Flávio Pretto, por sua vez, destacou o papel afetivo que
Candelária desempenhou em sua trajetória. “Candelária tem um papel afetivo
muito grande. A gente cresceu como cientista aqui, e o trabalho do Schultz, do
Carlos [Rodrigues] e do seu Belarmino [Stefanello] nos inspirou a fazer o que
fazemos hoje em outros lugares. A paleontologia não precisa ser restrita aos
acadêmicos. O fóssil não é só uma ferramenta científica, mas um promotor de
cultura, pertencimento e orgulho”, disse Pretto.
Conservação do
patrimônio local
Ambos os paleontólogos enfatizaram a importância de manter
os fósseis em suas regiões de origem, garantindo que a herança paleontológica
permaneça nas comunidades que a preservam.
“O patrimônio paleontológico deve ficar nos locais de
origem. Historicamente, os fósseis eram coletados em pequenas comunidades e
levados para grandes centros. Mas agora, com o Museu de Candelária, temos um
local apropriado para o resguardo desse material”, concluiu Felipe.
As novas réplicas
Segundo Carlos Rodrigues, curador do museu, o espaço abriga fósseis de 60 animais, somando ao todo 25 réplicas. No sábado, foram inauguradas as réplicas das seguintes espécies: Proterochampsa nodosa, Clevosaurus
hadroprodon, Exaeretodon, Bagualossauria, Pampadromaeus, Neoteropode,
Clevosaurus brasiliensis, Sauropodomorpha.
(Foto: Arthur L. Mallmann | Folha de Candelária)