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Geral 02/09/2024 17:01
Por: Arthur Mallmann

Museu passa a abrigar novas réplicas e fósseis

Evento realizado na manhã de sábado, 31, reuniu comunidade paleontológica do estado e evidencia potencial do município nesta área

  • Professores Felipe Pinheiro, da Unipampa, e Flávio Pretto, da UFSM.

No último sábado, 31, o Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues, em Candelária, tornou-se o epicentro de uma celebração que reuniu antigos e novos pesquisadores da paleontologia e representantes da comunidade local. O evento marcou a inauguração de uma nova exposição paleontológica, que apresenta dez réplicas inéditas do período triássico (período geológico que ocorreu entre 252 e 201 milhões de anos), além de fósseis recém-descobertos na região. A exposição foi viabilizada por meio de recursos da Malha de Proteção ao Patrimônio Cultural, através da Lei Paulo Gustavo (Lei Complementar 195/2022), reforçando o compromisso de preservar e divulgar o patrimônio paleontológico local.

O evento reuniu pesquisadores de diversas partes do Brasil, como Maranhão, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo – e até do mundo, como Argentina e Itália. A inauguração da exposição, conduzida pelo curador do museu, Carlos Rodrigues, contou com a presença de figuras que constroem a paleontologia no Rio Grande do Sul, como o paleontólogo argentino Augustin Martinelli; o professor da UFRGS Heitor Schultz, que atua no município há cerca de duas décadas; e seus ex-orientandos, hoje professores universitários na Unipampa e na UFSM.

Caminho paleontológico do município "não tem mais volta"

O professor da UFSM, Átila da Rosa, deu o tom sobre a relevância da ocasião. “O que vocês estão vendo aqui é a melhor exposição paleontológica do estado fora das universidades. E isso é uma construção de toda a comunidade”, enfatiza.

O professor Heitor Schultz, homenageado durante o evento, reforçou o compromisso necessário para o futuro. “O potencial de crescimento desse museu é muito grande, mas precisa também contar com a colaboração de todo mundo. Mesmo que Candelária não queira, não tem mais volta. O mundo inteiro conhece Candelária por causa dos seus fósseis”, destaca.

Construção acadêmica em Candelária

Os professores Felipe Pinheiro, do Laboratório de Paleobiologia da Unipampa, e Flávio Pretto, do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica (Cappa), da UFSM, ambos ex-orientandos do professor Heitor Schultz, compartilharam suas reflexões sobre o crescimento e a importância do museu.

“Eu lembro de quando o museu era apenas um quartinho. Agora, ele está desse tamanho, e o Schultz falou sobre o potencial de crescimento daqui. Candelária já entrou num caminho que não tem mais volta”, afirmou Felipe.

Flávio Pretto, por sua vez, destacou o papel afetivo que Candelária desempenhou em sua trajetória. “Candelária tem um papel afetivo muito grande. A gente cresceu como cientista aqui, e o trabalho do Schultz, do Carlos [Rodrigues] e do seu Belarmino [Stefanello] nos inspirou a fazer o que fazemos hoje em outros lugares. A paleontologia não precisa ser restrita aos acadêmicos. O fóssil não é só uma ferramenta científica, mas um promotor de cultura, pertencimento e orgulho”, disse Pretto.

Conservação do patrimônio local

Ambos os paleontólogos enfatizaram a importância de manter os fósseis em suas regiões de origem, garantindo que a herança paleontológica permaneça nas comunidades que a preservam.

“O patrimônio paleontológico deve ficar nos locais de origem. Historicamente, os fósseis eram coletados em pequenas comunidades e levados para grandes centros. Mas agora, com o Museu de Candelária, temos um local apropriado para o resguardo desse material”, concluiu Felipe.

As novas réplicas

Segundo Carlos Rodrigues, curador do museu, o espaço abriga fósseis de 60 animais, somando ao todo 25 réplicas. No sábado, foram inauguradas as réplicas das seguintes espécies: Proterochampsa nodosa, Clevosaurus hadroprodon, Exaeretodon, Bagualossauria, Pampadromaeus, Neoteropode, Clevosaurus brasiliensis, Sauropodomorpha.


(Foto: Arthur L. Mallmann | Folha de Candelária)