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Rural 16/11/2023 19:19
Por: Diego Foppa

Excesso de chuva eleva risco de prejuízo nas lavouras

Além do impacto na qualidade e produtividade das culturas, a instabilidade dificulta também o avanço do plantio

O excesso de chuva registrado ao longo dos últimos dias já causa impactos negativos na agricultura. Somente nesta semana, entre domingo, 12, e a última quinta, 16, a precipitação ultrapassou os 140 milímetros em Candelária. Já durante o mês de novembro são 200 milímetros contabilizados. Os dias excessivos de chuva, céu nublado e baixa incidência de solar, excesso de umidade já provocam transtornos para as culturas de grãos, tabaco e hortaliças. 

Conforme o engenheiro agrônomo do Escritório de Planejamento Agrícola e Consultoria de Candelária (Agrican), Adalton Siqueira, é possível observar que a semeadura de soja está atrasada no ciclo 2023/2024. “Temos cerca de 20% da área plantada. Um ano antes a área plantada era de aproximadamente 50%”, resume. Segundo Adalton, as condições climáticas atuais são desfavoráveis para a semeadura da oleaginosa. “Os efeitos do fenômeno El Niño tem impactado negativamente nas fases do ciclo o que, consequentemente, pode representar perda no potencial da soja, pois o ideal é que ela seja totalmente plantada até 10 de dezembro, embora o zoneamento agrícola aponte para início de janeiro”, destaca.  

No caso do trigo, que está com praticamente 95% da área colhida, Adalton ressalta que tem sido um dos cultivos mais prejudicados, o que tem frustrado os produtores. “Os resultados são inferiores aos das três últimas safras. O excesso de umidade foi o principal fator para essa perda de qualidade e peso do grão”, afirma. A média de produção tem sido entre 40 e 50 sacas por hectare. Além disso, o preço saca de 60 quilos também baixou consideravelmente (está sendo comercializada em média entre R$ 55,00 e R$ 56,00 o de boa qualidade). É um valor bem abaixo da safra passada, onde o valor variou entre R$ 80,00 e 90,00”, comenta. 

HORTALIÇAS – De acordo com o chefe do escritório municipal da Emater, Sanderlei Pereira, as hortaliças tem sido os vegetais mais afetados pela umidade, por conta do solo encharcado.  

 

Plantio do arroz está atrasado 

O plantio do arroz na região vem sofrendo com o excesso de chuva desde o início de setembro. As lavouras nas áreas do 5º e do 27º Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), sediadas em Rio Pardo e Candelária, respectivamente, estão com a etapa de semeadura atrasada na comparação com o ano anterior. Tendo em vista a previsão de precipitações constantes e volumosas para os próximos meses, os especialistas estão atentos para possíveis prejuízos.
 O engenheiro agrônomo José Fernando Rech de Andrade, chefe da regional do Irga Candelária, observa que chuva além do necessário prejudica todo o ciclo do arroz. “Inicialmente, atrasa o plantio, e uma lavoura plantada fora da época preferencial terá um potencial produtivo menor”, destaca. Além disso, a umidade favorece o desenvolvimento de doenças pelo fato da perda de eficiência de herbicidas, bem como uma possível redução na produtividade. O engenheiro ainda observa que por conta do grande volume de chuva, a maioria dos produtores tem optado migrar para o sistema pré-germinado (aumentou de 60% para 85% somente em candelária). Porém, mesmo assim o plantio está atrasado. “Temos cerca de 70% da área plantada. É um número inferior ao da safra passada, quando tínhamos mais de 85%”, revela.