Agricultora candelariense conquista o sonho de ser policial militar

Nascida em uma família de fumicultores do Travessão Schoenfeldt, Tanelise, 23 anos, descobriu o seu sonho profissional enquanto trabalhava no seu primeiro emprego de carteira assinada, em um posto de combustível. Foi lá que ela passou a acompanhar a rotina das viaturas do Batalhão Rodoviário da Brigada Militar de Cachoeira do Sul, que faziam sua pausa e abasteciam seus veículos no posto. Desse cotidiano, passou a nutrir uma admiração pela área militar e, o que é mais importante, passou a contemplar a possibilidade se tornar ela própria uma policial.

Segundo conta Tanelise, numa destas paradas, os policiais comentaram com ela que em breve sairia o edital para um concurso na Brigada Militar. Apesar da vontade inicial de concorrer à vaga, Tanelise ponderou muito antes de fazer a inscrição. Afinal, seu primeiro filho, Lucas, tinha apenas seis meses – e isso a preocupava muito. No último de inscrições, Tanelise se decidiu: ela iria se tornar policial militar.

Quando todas as etapas do concurso foram concluídas, em junho de 2018, veio a notícia: sua mãe estava com câncer, já em fase terminal. A jovem conta que a mãe foi uma pessoa muito batalhadora, pois havia criado ela e outros cinco filhos praticamente sozinha. No hospital, a mãe de Tanelise contava para quem pudesse, orgulhosa, que sua filha ia ser policial. Em menos de seis meses após o diagnóstico do câncer, ela veio a falecer.

Em dezembro de 2018, a jovem viveu outra situação de muita preocupação. Seu marido, Ubiratan Schumacher dos Santos, à época com 26 anos, precisaria fazer uma cirurgia no coração. Tanelise precisou largar seu emprego para cuidar do marido. Felizmente, tudo transcorreu bem. "Em junho de 2019 me empreguei novamente em uma rede de varejo em Candelária e em outubro descobri que estava grávida novamente. No dia que saiu a convocação para ingresso no Curso Básico de Formação Policial Militar (CBFPM), em 8 de dezembro de 2020, fui demitida”, conta. Antes de iniciar a sua formação, a jovem ficou trabalhando na colheita do fumo, juntando o dinheiro necessário para os exames do curso.

Com seu curso já iniciado, Lucas, o filho mais velho de Tanelise, é diagnosticado com autismo de grau leve. “É algo novo e não sabíamos o que fazer. Começamos a levar ele em uma fonoaudióloga e conseguimos colocá-lo na creche. Hoje, graças a Deus, a fala dele já evoluiu muito”, explica. A soldado Braatz, como é conhecida entre seus pares, já concluiu o curso de formação e ainda está escolhendo a cidade em que irá atuar em breve. O que transborda nela é o sentimento de realização. “Apesar de tantos obstáculos, nunca pensei em desistir. Isso tudo me deu mais forças para continuar e conseguir dar uma vida melhor aos meus filhos. Agradeço muito ao meu marido por ter cuidado dos nossos filhos e entendido e apoiado nos diversos momentos que me fiz ausente", conclui.