Por: Diego Foppa
Reunião debate cronograma e ajustes no projeto da 287
Encontro contou com representantes da Sacyr, Corsan e MP. Estimativa é que a duplicação chegue em Candelária até 2028
Uma obra complexa e que vai gerar um grande impacto na comunidade candelariense, a duplicação da RSC-287 foi pauta de uma importante reunião realizada na manhã de quinta, 16, no gabinete do prefeito Nestor Ellwanger (Rim). O encontro, além do chefe do executivo, contou com a participação de secretários municipais, do gerente socioambiental da Sacyr, César Cruvinel, acompanhado de técnicos da concessionária, do gestor de relações institucionais na região central da Corsan, André Finamor, e do promotor de justiça da comarca, Martin Albino Jora. Inicialmente, o prefeito Rim e o secretário de Planejamento, Jorge Willian Feistler, explicaram que a reunião tinha por objetivo esclarecer diversas questões sobre o projeto e definir responsabilidades das partes envolvidas sobre os impactos das obras. O representante da Sacyr informou aos presentes que a catástrofe climática de 2024 trouxe importantes impactos para o projeto. Neste sentido, registrou que a rodovia será idealizada não para 10 anos mas para além do período de concessão. Por isso, as obras terão projetos mais robustos, com maior resiliência climática.
César Cruvinel observou que a Sacyr irá agora priorizar trechos de reconstrução, afetados pela enchente, que incluem a área próxima ao trevo de acesso à Linha do Rio, em Candelária. Esta obra, segundo informou, irá iniciar ainda este ano. Questionado sobre o impacto da rodovia naquele trecho que, nas enchentes, funciona como uma taipa, agravando os efeitos da cheia do rio, o gerente respondeu que o novo projeto irá levar em conta esta circunstância com a construção de pontes secas e mais altas. “O projeto foi planejado para enchentes ainda maiores do que a de 2024”, enfatizou. Cruvinel explicou, ainda, que o projeto com o reequilíbrio financeiro exigido está sendo finalizado junto ao governo estadual, prometendo, assim que for concluído, realizar nova reunião para apresentação à comunidade local e suas lideranças. Em resposta a um questionamento do prefeito, o gerente da Sacyr disse que a duplicação será realizada preferencialmente do lado direito, no sentido de Santa Cruz do Sul a Candelária. Esclareceu, porém, que alguns pontos podem ser readequados. Afirmou também que a nova pista será mais alta em relação à existente. O projeto também contempla uma ou mais passarelas para pedestres nas áreas próximas às entradas principais para a cidade.
A respeito das dificuldades dos agricultores que moram de um lado e têm a propriedade na outra margem, César Cruvinel disse que o projeto prevê retornos em alguns trechos. No entanto, ele enfatizou que a duplicação vai mudar as características da rodovia e que não é lógico combater o projeto. Como benefícios, destacou a segurança à medida que irá eliminar as colisões frontais. Também projetou impactos econômicos relevantes para a comunidade. “A rodovia duplicada traz desenvolvimento, pois favorece a logística das empresas”, completou. O promotor Martin Jora afirmou que o interesse coletivo terá que se sobrepor aos interesses individuais. Outra questão tratada na reunião diz respeito aos acessos à rodovia. O representante da Sacyr salientou que acessos residenciais e de pequenos comércios serão responsabilidade do Estado, desde que existentes até 31 de agosto de 2021, data do início da concessão. Já os acessos de grandes comércios e empresas serão de responsabilidade dos próprios proprietários. Por fim, ao ser perguntado da estimativa de chegada da duplicação a Candelária, Cruvinel respondeu acreditar que isso irá acontecer entre 2027 e 2028.
Os impactos no tratamento do esgoto
Os representantes da Sacyr esclareceram no encontro que a concessionária não pode aceitar esgoto a céu aberto na faixa de domínio da rodovia, admitindo a necessidade de debater soluções para o problema. Representando a Corsan, André Finamor, reconheceu a dificuldade do município na questão de esgotamento sanitário, salientando que, atualmente, Candelária possui índice zero em esgoto tratado. “Hoje todo o esgoto entra na rede pluvial ou através de fossas sépticas”, frisou. Para mudar essa realidade, registrou existir um período de transição no contrato com a Prefeitura, que prevê iniciar o tratamento de esgoto em 2027. Neste aspecto, explicou que o município terá uma estação de tratamento em um local que já está pré-definido e que todas as ruas terão redes coletoras, que incluirão elevatórias e travessias não destrutivas. “Em 2033, teremos 100% do esgoto tratado no município”, destacou.
André Finamor afirmou que o esgoto tratado avança em redes a partir da estação de tratamento. Para equacionar as exigências da rodovia, os presentes, com a anuência do promotor, concordaram em minimizar os impactos para a população através de soluções paliativas. Ao final do encontro, os presentes destacaram a importância de uma correta comunicação entre as partes envolvidas para amenizar e equacionar problemas e impactos para a população, que são, conforme todos concordaram, inevitáveis em uma obra deste porte.