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Geral 17/09/2021 08:43
Por: Diego Foppa

Uma relação de confiança entre homem e animal

Criador do Centro de Doma Galpão Haragano, Gustavo Rodrigo Burtzlaff, de 42 anos, é um apaixonado por cavalos e desenvolve o método da doma sem violência

  • Gustavo Rodrigo Burtzlaff, ao lado da filha Ana Júlia, que acompanha o pai desde muito cedo na lida com os cavalos
  • Domador destaca importância de passar confiança para o animal:
  • Gustavo conta com o auxílio de um ferrador
  • Centro de Doma Galpão Haragano está localizado na Linha Palmeira, no interior de Candelária

A relação do homem com o cavalo faz parte da cultura do gaúcho desde sempre, seja por lazer, esporte ou trabalho. Apesar dessa familiaridade, algumas situações de amizade chamam atenção. É o caso do candelariense Gustavo Rodrigo Burtzlaff, de 42 anos, que possui um grande entrosamento e cumplicidade com os animais. “Sempre fui apaixonado por cavalos. Mas, após trabalhar um período na Cabanha Miramont, em Cachoeira do Sul, esse fascínio só aumentou”, comenta. Prova disso, é que após deixar o emprego, ele decidiu abrir o próprio negócio: o Centro de Doma Galpão Haragano, na Linha Palmeira, interior de Candelária. “Fui bastante incentivado por um ex-colega de serviço e pela minha sobrinha (Daniela). Apesar de ter tido uma vivência com cavalos, também me aperfeiçoei realizando um curso de rédea, em Júlio de Castilhos”, relembra. Com o centro de doma, Gustavo pôde unir o útil ao agradável. “Faço o que eu realmente gosto e estou perto da minha família”, ressalta. No entanto, engana-se quem pensa que domar o animal é tarefa fácil. O peso do cavalo e sua animosidade natural fazem com quem sua violência possa ser fatal para o homem. Gustavo conta que utiliza o método conhecido como doma racional, que usa racionalidade ao invés da violência. Sendo assim, nenhum tipo de equipamento é utilizado. “É fundamental passar confiança para o animal para que aos poucos ele comece a seguir as ordens”, destaca. As técnicas para tanto são: criar exercícios que deixem claro na cabeça do cavalo a repetição de movimentos, de práticas que o façam ganhar tempo e o cansem ao ponto dele passar a obedecer os comandos, entre outras. “É uma relação de ser vivo para ser vivo. O objetivo é fazer com que o cavalo enxergue o ser humano como alguém que não lhe cause ameaça”, afirma o domador. 

 FILHA QUER SEGUIR OS PASSOS DO PAI   
Quem visita o local percebe que Ana Júlia, de apenas nove anos, filha de Gustavo e Janaína Burtzlaff, quer mesmo seguir os passos do pai na carreira. Além de ter seu próprio cavalo, ela acompanha a rotina do pai e diz ser uma apaixonada por cavalos. “Estou sempre junto”, resume a jovem.  

 A importância de não pular etapas 

De acordo com Gustavo, o trabalho realizado com cada equino é praticamente o mesmo, mas a aceitação é bastante variada, pois depende de uma série de fatores como raça, genética e idade. “Normalmente, o trabalho inicia no redondel, pois é um ambiente seguro e proporciona um maior contato com o cavalo. É importante entender que tudo é feito em etapas e elas não podem ser puladas. Por exemplo, só se pode montar no cavalo enquanto ele não demonstrar aceitação pelo treinamento”, explica. O trabalho com o animal também envolve a alimentação diária e os cuidados com os cascos. Para isso, Gustavo conta com o auxílio de um ferrador. 
SAIBA MAIS – Qualquer cavalo pode ser domado com idade a partir dos dois anos. O trabalho do domador pode levar aproximadamente seis meses e o valor cobrado pelo profissional é mensal. O Centro de Doma Galpão Haragano também conta uma pista de incremento e curral.  

Fotos: Diego Foppa