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Polícia 22/03/2019 11:14
Por: Diego Foppa

Após ‘brincar’ com ataque à escola, jovem é investigado

Brincadeira de mau gosto, sugerindo fazer “uma visita” à escola onde estudou para reproduzir jogo de tiro emque pessoas são alvejadas aleatoriamente, causou medo e apreensão

  • Material foi apreendido na casa do jovem e passará por uma perícia - Crédito: Imprensa / BM
  • Tânia Steil: “Monitorar e impor limites é necessário sempre”

O massacre ocorrido na escola Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, na semana passada, que deixou um saldo de dez mortos, incluindo os dois assassinos, chocando o País, pode ter inspirado um jovem candelariense de 24 anos a fazer uma brincadeira que gerou pânico e apreensão no município. O jovem utilizava como foto do perfil do Facebook uma foto inspirada no game Free Fire  -, que consiste em matar pessoas aleatoriamente -, e quando um amigo o questionou se ele também estava jogando o game. Como resposta, o jovem disse que sim e complementou com a seguinte frase: "pensei em visitar nossa querida escola Guia Lopes um dia desses". Os comentários logo começaram a ser compartilhados por usuários do Facebook e, consequentemente, ganhando grandes proporções e causando medo e apreensão, especialmente aos pais, alunos e direção da escola Guia Lopes. Segundo a diretora do educandário, a publicação acabou gerando pânico. “Não sabíamos até que ponto isso poderia ser uma brincadeira. Tivemos muitos alunos faltando na segunda e pais ou responsáveis completamente apreensivos com a situação”, relata a diretora. Devido a isso, a diretora registrou um boletim de ocorrência ainda na segunda na Polícia Civil de Candelária. “Também solicitamos, conforme a disponibilidade, que a Brigada Militar fizesse rondas extras nos arredores da escola”, relembra. Com isso, a Polícia Civil deu início às investigações e, ainda durante a tarde de segunda, cumpriu, com o apoio da Brigada Militar, um mandado de busca na casa do jovem. No local, os policiais apreenderam alguns itens, como um notebook, uma máscara e um aparelho celular. 

Segundo a delegada substituta da DP de Candelária, Graciela Foresti Chagas, o jovem foi ouvido e alegou que tudo não passava de uma brincadeira, que nunca passou pela cabeça dele cometer algum tipo de crime. “O material apreendido será periciado e aguardamos o resultado para darmos continuidade na investigação”, explicou à delegada. 

 

Psicóloga alerta para o uso excessivo de internet e jogos 

O ataque em Suzano traz à tona um tema que está muito presente em nosso no dia a dia: o uso das tecnologias. Hoje em dia é muito comum que crianças de pouca idade tenham acesso fácil a essas tecnologias. No entanto, a psicóloga Tânia Steil alerta para pais ou responsáveis dosarem o uso e acompanhar de perto não somente os jogos virtuais, mas também tudo que os filhos fazem na internet, visto que a relação de crianças e adolescentes com o universo online pode resultar em mudanças de comportamento. “Monitorar e impor limites é necessário sempre. É preciso construir uma rotina desde muito cedo, pois de uma hora para outra isso é muito complicado”, salientou a psicóloga. Para a profissional, outro ponto importante é que haja políticas públicas voltadas aos jovens. “É um contexto geral, não se trata apenas de jogos ou tecnologias. O jovem precisa de projetos para envolvê-los e explorar sua criatividade e capacidade, despertando seu interesse em fazer outras coisas que não envolvam apenas o mundo virtual”, disse. Tânia destaca ainda que a conversa com a família é um ponto muito importante para evitar problemas. “Muitas vezes o uso excessivo da rede social pode ser um refúgio para não lidar com problemas reais. A solidão e a falta de amigos podem levar um jovem a se refugiar na tecnologia”, alerta a psicóloga.