Por: Redação
A neuropsicologia e a busca por diagnósticos mais precisos para resultados concretos
A possibilidade de reverter danos decorrentes de um AVC, por exemplo, é uma das tantas aplicações desse ramo da psicologia
Mesmo com o avanço dos estudos científicos na área, quando se fala no cérebro, no seu funcionamento e nas suas funções, é possível dizer que este se trata ainda de um desafio para a moderna ciência, pelo fato de haver poucas certezas ou respostas prontas – até porque cada caso é único. Embora haja muito conhecimento nessa área, reconhece-se que, quando existe dano ou perda de funções devido, por exemplo, a um Acidente Vascular Cerebral (AVC), é preciso retomar pesquisas, sendo que, nesses casos, a palavra-chave parece mesmo ser investigação. É para auxiliar nesse trabalho que surgem os conhecimentos específicos da neuropsicologia. A rigor, essa área pode ser definida como um campo de especialização da psicologia caracterizada por fazer uso, como ferramenta de trabalho, de instrumentos específicos de testagem para construir um diagnóstico, seja tanto para um teste de QI (Quociente de Inteligência) como para problemas mais cotidianos, como déficit de atenção ou perda de memória. Tanto no exemplo dado do AVC como em outros, é comum o neuropiscólogo trabalhar em conjunto com profissionais das áreas da neurologia, fisioterapia, fonoaudiologia, para descobrir quais funções cerebrais podem estar prejudicadas e, através de práticas e reeducação, estabelecer novas rotas neuronais, recuperando faculdades como movimentos, fala ou memória, que, sem esse trabalho, estariam comprometidos.
Em Candelária, uma profissional que se especializou nessa área de forma pioneira é a psicóloga Tânia Steil. De acordo com ela, embora a neuropsicologia não seja mais uma novidade, seu uso ainda pode ser considerado um tanto restrito. De acordo com Tânia, a neuropsicologia é uma disciplina cientifica que estuda as relações entre o cérebro, o comportamento e os processos mentais. A psicóloga reforça que, tendo em vista a complexidade de seu objeto de estudo, a neuropsicologia é uma área necessariamente interdisciplinar, ou seja, que conta com a atuação conjunta, como foi dito, de profissionais de vários campos: neurologistas, psicopedagogos, fonoaudiólogos, psiquiatras, entre outros.
De acordo com a profissional, ao longo do último século a neuropsicologia alcançou um avanço inquestionável quanto à produção de conhecimento e desenvolvimento de estratégias de investigação, tanto para fins de diagnóstico como para uso no próprio contexto clinico. Embora em outros países tenha havido grande progresso nos conhecimentos dessa área, no Brasil essa evolução só ocorreu de forma significativa a partir de 1989, com a fundação da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia.
Tânia explica que as principais atuações da neuropsicologia abrangem diagnóstico complementar, sendo que as intervenções clinicas são voltadas para diversos quadros patológicos decorrentes de alterações do sistema nervoso central, bem como pesquisa experimental e clínica.
No âmbito clínico, os principais objetivos da avaliação neuropsicológica podem ser resumidos em investigação da natureza e grau de alterações cognitivas e comportamentais, auxiliar no tratamento e no planejamento e monitoração de programas de reabilitação voltados para as alterações cognitivas, comportamentais e de vida diária dos pacientes. Os conhecimentos da neuropsicologia podem ser usados em inúmeros casos, como no exemplo do tratamento de pessoas que tenham perdido funções e habilidades por conta de AVC, por meio de programas de reabilitação; em crianças com dificuldade de aprendizagem ou com distúrbios comportamentais, entre muitas outras aplicações. Conforme Tânia, é fundamental ressaltar que a avaliação neuropsicológica não se limita à mera aplicação e correção de testes cognitivos, mas abrange ainda a investigação das alterações do humor, do comportamento e o seu impacto nas atividades diárias. Esse trabalho é feito por meio de entrevista clinica e através de instrumentos de avaliação neuropsicológica, tais como testes psicométricos e escalas específicas.
psicóloga explica que o exame neuropsicológico é um procedimento de investigação clínica cujo objetivo está em esclarecer questões sobre funcionamento cognitivo, comportamental e, em menor grau, emocional, pois parte do pressuposto segundo o qual todo comportamento, processo cognitivo ou reação emocional tem como base a atividade de sistemas neurais específicos. Por se tratar de área relativamente nova, ainda é difícil dimensionar os limites do número de casos, bem como de sua natureza, em que o uso da neuropsicologia possa ser aplicado. Pois, tal como em tantas áreas do conhecimento, os avanços são contínuos e a busca por respostas sempre norteou o comportamento humano, desde os primórdios de sua existência. O conhecimento adquirido ao longo do tempo, por fim, acabou sendo sua principal característica, levando-o a diferenciar-se dos outros ditos animais. Trata-se de uma busca contínua, que inclui, sem dúvida, os modernos avanços da neuropsicologia.