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Opinião 29/05/2021 20:09
Por: Redação

Por Erni Bender: Abila, Rorô e Roró

Dinheiro nenhum pode pagar o grande sorriso que ela dá quando me vê e abre os braços para me abraçar

Quem tem netos sabe muito bem o que eu vou falar. Não tem nada mais gostoso. Pelo menos enquanto são crianças, pois são motivos de imensa alegria, algumas preocupações claro, mas neste momento afirmo que sou imensamente feliz com a situação de ser vovô e de brincar com minha adorável neta.

A começar pelo vocabulário que eu adoro. Palavras como bicá, rorô e outras precisam do convívio para a gente poder “traduzir”, mas é lindo demais. Tivemos a ideia de colocar um parquinho em casa, com balanços e escorregador, e a Ana Julia chega lá, já aponta para o parque e carrega o Rorô (eu) e a Roró (Miriam) para bicá (brincar). É muito divertido.

Outra ideia que tive foi a de colocar uma caixa de abelhas mirim, aquelas abelhinhas que não tem ferrão, totalmente inofensivas e minúsculas, e levei a Ana para ver. Expliquei para ela o que a abelha faz. Comecei dizendo que se tratava de uma abelha sem ferrão, que são pequenas, bem menores que as abelhas normais, De pronto minha neta perguntou: “Abila nenê???” Na inocente cabeça dela, abelha mirim é nenê. É muito divertido e bonitinho.

Minha neta nasceu prematura. Tenho uma amiga, a Carine Carvalho, casada com meu amigo Alan Wagner, pais da Caetana, que nasceu prematura também. Quando a Ana Julia veio ao mundo, uma das pessoas que mais me trouxe alento foi a Carine, que relatava as diversas fases da Caetana e como os prematuros, depois de passar o susto da UTI, se tornam extremamente ativos. Lembro da Carine todas as vezes que encontro a minha neta. Ela está o tempo todo ligada, 380 volts. Não para. É cansativo e ao mesmo tempo divertido.

E nesse vivenciar e aprender, vou aprendendo junto com a Ana me mostrando que somos o Rorô e a Roró, pessoas importantes na vida dela, assim como a Ivane e o Julio, o Roros paternos. Dinheiro nenhum pode pagar o grande sorriso que ela dá quando me vê e abre os braços para me abraçar. É um verdadeiro presente de Deus. Estou idoso em números, mas um menino ainda quando estou com a Ana. Brinco de boneca, de casinha, de balanço, rolo no chão, dou cambalhota, enfim, faço tudo o que ela pede, porque vovô é para isso. E essa é a grande diferença de quando somos pais e quando somos avôs. Nossa responsabilidade é infinitamente menor. Nos preocupamos em agradar e sermos agradados. Amo brincar com a Ana, mas tenho limitações que infelizmente a idade me impõe e, depois da Covid, canso muito fácil ainda. Então quando estou exausto, chamo a mamãe ou o papai, porque eles têm a responsabilidade de educar. Vovô e vovó não... ou tem?