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Geral 12/08/2022 08:57
Por: Odete Jochims

Pesquisa da Folha: mesmo com deflação, preço dos alimentos segue subindo

Levantamento feito pela Folha indica que, em dez anos, salário mínimo dobrou, mas o preço de itens alimentícios praticamente triplicou.

  • No intervalo de dez anos, leite aumentou seu preço em mais de quatro vezes
  • Crescimento percentual dos alimentos em comparação com o salário mínimo
  • Gráfico comparativo entre os preços de itens alimentícios em 2012 e 2022
  • Tabela comparativa entre os preços de itens alimentícios em 2012 e 2022

As compras de rotina feitas no supermercado têm se tornado uma dor de cabeça para os brasileiros há pelo menos dois anos. Em abril, um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou a maior inflação para o mês desde 1996. Na ocasião, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou 1,06%. Desde então, o Governo Federal tomou ações para buscar frear a inflação, tais como os cortes nas alíquotas de ICMS e de impostos de importação.

Mesmo com o IPCA mais recente apontando uma deflação (isto é, uma queda de preços) de 0,68% no mês de julho, os alimentos seguiram com tendência de alta. Puxado por um aumento de mais de 25% no leite longa vida, que impacta em seus derivados (queijo, manteiga, iogurte, leite condensado, etc.), os alimentos subiram 1,30% em julho.

Na tentativa de compreender os reflexos deste cenário em Candelária, a reportagem da Folha realizou uma pequena pesquisa amostral. Para tanto, buscamos os preços de itens alimentícios em anúncios de supermercado em nossos arquivos há pouco mais de dez anos atrás. Entre as edições de 6 e 20 de julho de 2012, levantamos os preços dos seguintes itens: farinha de trigo, leite, ovos vermelhos, óleo de soja, feijão preto, café moído, arroz e linguiça toscana.

Com os valores em mãos, fizemos um comparativo com os preços de dois supermercados da cidade entre os dias 9 e 10 de agosto. Como regra, sempre foi escolhido o preço mais barato dentre as marcas disponíveis. Em alguns casos, como na linguiça toscana, o preço precisou ser convertido para o valor do kilograma. Dentre os itens da amostra, o campeão do aumento foi o leite, que subiu 313%: de R$ 1,49 para R$ 6,15. Na sequência vem a farinha de trigo, que foi de R$ 1,19 para R$ 4,19 – um aumento de 261%. A dúzia de ovos vermelhos (202%), o óleo de soja (186%), o feijão preto (184%) e o arroz (183%) também tiveram aumentos significativos.

Como parâmetro do levantamento, verificamos o valor do salário mínimo em janeiro de 2012 e em janeiro de 2022. Há dez anos atrás, o salário mínimo era de R$ 622; no início deste ano, era de R$ 1.212. Assim, enquanto o salário mínimo subiu 95%, os itens analisados subiram em média 208%. Em termos gerais, enquanto o salário mínimo dobrou de valor, os preços dos alimentos triplicaram. ( por Arthur Mallmann)