Mainardi perde no voto para Almedo na Amvarp

Depois de dez anos escolhendo seus presidentes sem necessidade de eleição em função de acordos políticos, a Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) voltou a ser disputada no voto. Por nove a seis o prefeito de Venâncio Aires, Almedo Dettenborn (PMDB), venceu a disputa e assumiu ontem mesmo a presidência da entidade em assembléia extraordinária realizada no salão nobre da Prefeitura de Santa Cruz do Sul. Como vice ficaram os prefeitos de Sinimbu, Mário Rabuske (PP), e de Vale Verde, Emir Rosa da Silva (PMDB). O mandato tem duração de um ano.
Um acordo firmado no começo de 2005 entre os prefeitos estabeleceu que naquele ano a entidade ficaria com um representante do PSDB, no seguinte com um do PP e, em 2007, com um do PMDB. Há pelo menos dois meses o prefeito de Candelária, Lauro Mainardi, acabou lançando a candidatura de Almedo, pré-candidato desde então. Na manhã desta terça-feira o prefeito de Venâncio telefonou para o de Candelária dizendo que não concorreria e pedindo que Mainardi representasse o partido no comando da entidade. “Não podia negar a indicação do prefeito. Conversei com minha família e assessores e confirmeia intenção de presidir a entidade. Ainda pela manhã comecei a fazer contato com os outros prefeitos”, contou Mainardi.
Na quarta-feira à noite, no entanto, durante o lançamento da Festa do Milho & Feijão na AABB de Venâncio, Almedo teria sido convencido por prefeitos da região a voltar atrás e concorrer à presidência da Amvarp. E foi o que ocorreu. O dia da assembléia começou com Almedo, Mainardi e mais o prefeito de Vale Verde na disputa. Emir da Rosa, porém, abriu mão em conversa com prefeitos no começo da assembléia. “Eu não posso desistir. O que vou dizer lá em casa, que abri mão da disputa? Que não tenho capacidade para presidir a Amvarp?”, questinou o candelariense. Almedo disse que foi assediado pelos colegas, que defenderiam um prefeito mais experiente no comando da associação.
A presidente da Amvarp e prefeita de Vale do Sol, Beatriz Krainovic (PP), teve que suspender a reunião antes do pleito para que os candidatos fizessem uma rápida campanha. Mainardi abriu mão de pedir votos. “Eles que sabem”, reiterou, criticando a posição de Almedo. “É por atos como esse que os políticos perdem credibilidade”, atacou. Um a um os 15 prefeitos foram à urna e acabaram escolhendo Almedo Dettenborn (por nove votos a seis) para presidir a Amvarp nos próximos 12 meses. “Só tenho a agradecer. Não é uma candidatura minha”, comentou ele. O prefeito de Candelária saiu mais cedo dizendo que enquanto Almedo estiver no cargo ele não participa das reuniões da Amvarp. “Candelária terá sempre um representante nas reuniões da entidade. Mas esse representante não será eu”.
O impasse acabou provocando mal-estar entre os prefeitos, que na composição da chapa ainda tentaram acalmar os ânimos e indicar Mainardi para ser o primeiro vice-presidente. “Ele foi o segundo mais votado. Nada mais justo do que ser o vice do Almedo”, sugeriu o prefeito de Gramado Xavier, Alan Cleófas dos Reis. Ele teve apoio da maioria na sugestão, mas Mainardi recusou. “Eu era cabo eleitoral e eleitor do Almedo, mas depois dessa não dá. Isso aqui virou um galinheiro”, atirou.

Faltou ética, disse Mainardi

“Perdi a eleição mas não a dignidade”. Assim foi o desabafo do prefeito Lauro Mainardi, ontem à tarde, ao voltar de Santa Cruz do Sul. Bastante chateado com a postura do colega venâncio-airense e também com o prefeito de Vale Verde, Emir da Rosa, que acabou abrindo mão da candidatura a favor de Detenborn, Mainardi destacou que não é pelo tamanho de um município que se mede a competência de seu administrador, elogiando a prefeita de Vale do Sol, Beatriz Krainovic pela condução dos trabalhos neste último ano. “Me senti credenciado para assumir a presidência da Amvarp, não para subir em um pedestal, mas para trabalhar pela região. Acho que faltou ética ao colega de Venâncio, por quem até então nutria um grande respeito. Não sou menino de recados e nem moleque e resolvi manter minha canditatura em respeito aos demais colegas e à minha própria família”, concluiu Lauro.