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25/08/2009 16:56
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Sunos, incremento de renda e alimentao

A série “Riquezas da Nossa Terra” revela na edição de hoje, 24, como a suinocultura está estruturada em Candelária. Esta é quarta alternativa de renda e de diversificação que a Folha publica como forma de valorizar a potencialidade do interior. Na última terça, 17, o leitor conferiu que a caprinocultura é um mercado em expansão no município. O plantel é de aproximadamente 548 animais aptos à produção de leite e de carne. A matéria mostrou que o mercado ainda não é regular, visto que o número de caprinos é considerado pequeno. O investimento, inicialmente oneroso, é de médio prazo e o retorno financeiro ocorre a partir do segundo ou do terceiro ano. A atividade começou a ser incentivada a partir de 1998, com a liberação das primeiras linhas de crédito do Pronaf Investimento.
Já a suinocultura é bem mais antiga. Prática comum à maioria das propriedades para incrementar a alimentação e, conseqüentemente, reduzir as despesas domésticas, começou a ser fortalecida (em âmbito comercial) a partir de 1987. Foi nesta época que se percebeu a necessidade de abastecer mercados e açougues com carnes mais magras, visto que os suínos existentes produziam muita gordura. De acordo com o extensionista da Emater de Candelária, Sanderlei Pereira, também era preciso incrementar a renda, fertilizar os solos e vender o milho da safrinha, cuja comercialização era mínima. Estes foram os fatores que o levaram a idealizar a criação de condomínios para porcos.
Os projetos foram colocados em prática em duas localidades - Vila Passa Sete e Linha Alta, respectivamente. Até hoje a Associação de Produtores de Suínos de Passa Sete e a Associação Agropecuária Linha Alta mantêm as atividades (a primeira com menor expressividade). O da Linha Alta, em atividade desde agosto de 1988, é mantido por 11 associados. O local tem capacidade para criar até 120 fêmeas, mas atualmente trabalha com 60. De acordo com o funcionário do condomínio, Jorge Luiz Michel, os leitões são criados até atingir os 25 quilos. “São três chiqueirões. Num é feita a gestação, em outro (maternidade) os filhotes ficam até completar 30 dias e, no último (creche), ficam até atingir os 25 quilos”, explica. “Nos condomínios os porcos são criados na parte mais complexa e que exige mais cuidados”, acrescenta Sanderlei. Passado este período, os animais vão para a propriedade dos criadores e depois de atingir 110 quilos, em média, são destinados ao abate. Atualmente, os criadores de Candelária têm comercializado o produto a R$ 2,00, o quilo. Os suínos abastecem basicamente abatedouros, mercados e açougues da região.

CUSTOS - A alimentação é um dos principais custos da suinocultura e tem como base ração, milho, farelo de soja, farelo de trigo e sal mineral com vitaminas. Em cada uma das fases de criação é necessária uma fórmula específica de alimentação. O tipo e a quantidade de nutrientes variam, portanto, de acordo com o desenvolvimento dos animais. Conforme  o funcionário do condomínio da Linha Alta, o custo aumentou consideravelmente em função do reajuste do farelo de soja - impulsionado pela alta do grão. “Pagamos recentemente R$ 860,00 a tonelada. Há cerca de três meses custava R$ 560,00”, destaca. A utilização de tecnologia, proporcionada em condomínios, por exemplo, também é um fator que deve ser considerado nos cálculos de custos. “A tecnologia prevê uma produção com baixo custo para colocar no mercado um produto com valor acessível ao consumidor”, completa o extensionista da Emater, Sanderlei Pereira.

RAÇAS - Em Candelária, segundo o levantamento mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE - 2007), há em torno de 19.059 suínos. 70% do plantel é formado por porcos “comuns” - preto, mouro, faixa branca e piau, destinados só para o consumo doméstico. Os 30% restantes (direcionados à comercialização) são das raças Landrace, Large wite, Duroc e MS 58. Esta última possui a mistura de três sangues e foi elaborada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) de Concórdia, uma das principais referências na pesquisa de suínos.

Produção integrada ainda é inviável
A suinocultura só expandirá como atividade comercial em Candelária quando os produtores conseguirem firmar parceria com alguma empresa do setor. Na chamada “criação integrada” os animais são fornecidos para um determinado estabelecimento (cooperativa ou abatedouro) conforme contrato firmado entre as partes. No caso do município, a alternativa ainda é inviável porque a Cooperativa dos Suinocultores de Encantado - Cosuel, que poderia comercializar os animais, está localizada numa distância que encarece alguns custos.
De acordo com o técnico em agropecuária Dione Lazzari, que presta assessoria para o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), geralmente as empresas trabalham com um raio de atuação de até 100 quilômetros distante da sede. “Essa é uma regra antiga, em função dos gastos com transporte, que se torna muito oneroso. No momento, ou nas condições atuais, fica difícil firmar parceria com a Cosuel”, explica. Segundo ele, para facilitar uma possível negociação seria necessário um grupo expressivo de produtores (no mínimo 20) para que uma empresa se disponibilizasse a transportar rações e animais de Candelária.
Embora isto inviabilize as tratativas, num primeiro momento, existe a possibilidade de o município integrar um projeto regional que a Cosuel poderá implantar ainda este ano. Trata-se de uma nova Unidade de Produção de Leitões (UPL), com capacidade para 2.200 matrizes. Se o município for contemplado deverá providenciar uma área de terras, com 20 hectares, mais instalação de água e luz.

ESTRUTURA - Para a “produção integrada” é necessário basicamente um galpão (com cerca de três a quatro metros quadrados por animal), uma lagoa para tratamento de efluentes e uma área de cinco hectares para distribuição do adubo orgânico (com pastagens ou lavouras). Em média, o investimento gira em torno de R$ 90 mil.

Como funciona
A “criação integrada” ocorre mediante contrato entre a empresa e o produtor. Cada uma das partes tem uma contrapartida. A empresa, por exemplo, deve fornecer os animais, a alimentação, assistência técnica, medicamentos, entre outros. Ao produtor cabe providenciar a infraestrutura e a mão-de-obra. O criador recebe o pagamento pelo peso e a quantidade de animais entregues no final do processo. Não se preocupa, portanto, com a comercialização, já que a venda é assegurada através do contrato.
*Fonte: Dione Lazzari, técnico em agropecuária