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Ano Novo que j ficou velho
O que mais vir neste ano que j ficou velho? "No h nada de novo neste mundo", j disse o sbio trs mil anos atrs. Por isto a concluso: "Todas as coisas levam a gente ao cansao" (Eclesiastes 1.8).
Sim, j estamos sem flego no comeo, cansados em ver e ouvir tanta coisa ruim e mesmo assim no querendo acreditar que "tudo iluso" (1.2). Iluso do paraso que virou inferno.
Olhei as fotos da pousada Sankay em Angra dos Reis antes e depois da tragdia. A vida humana assim. Se as avalanches no soterram sonhos e projetos em segundos, desfazem-lhes lenta e progressivamente em poucos anos. Qual a diferena quando tudo tem o mesmo destino? s comparar as nossas fotos atuais com as amareladas, aquelas do tempo quando ramos jovens. Parece que foi ontem, resmungamos.
Mas o Senhor Calendrio no discute nem manda recados. Terrvel mesmo quando surge a Senhora Tragdia. Inesperadamente, sem aviso prvio, no meio da noite sob o assombroso estrondo de um morro que despenca, ou de cima de uma ponte que cai, ou num acidente de carro, num afogamento... A dita cuja nem est a com nossos votos para "que tudo se realize no ano que vai nascer". Ela simplesmente aparece proclamando o que teimamos apagar da lembrana: "Estamos em perigo de morte o dia inteiro" (Romanos 8.36).
Mas ento, como seguir adiante? Fazendo de conta que tudo um eterno rveillon? Isto s piora as coisas. Precisamos de base, de solidez.
Ouvi de um especialista que avalanches deste tipo em Angra acontecem em grande parte porque a base do morro comprometida. Ora, isto em tudo. A sociedade est se desmanchando porque a famlia ruiu. A famlia est rolando morro abaixo porque o casamento se foi. As relaes humanas esto deteriorando porque o respeito no existe mais. E se o assunto f, Jesus pontual: "Quem ouve os meus ensinamentos e vive de acordo com eles como um homem sbio que construiu a sua casa na rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, e o vento soprou com fora contra aquela casa. Porm ela no caiu porque havia sido construda na rocha" (Mateus 7.24,25).
Precisamos de ajuda, pois estamos nas encostas dos montes e no temos para onde fugir. Mas, "olho para os montes e pergunto: De onde vir o meu socorro? " A resposta oportuna: "O meu socorro vem do Senhor Deus, que fez o cu e a terra" (Salmo 121.1,2). Por isto "no teremos medo, ainda que a terra seja abalada e as montanhas caiam nas profundezas do oceano" (Salmo 46.2). "Pois eu tenho a certeza que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida (...) nem o presente, nem o futuro" (Romanos 8.38). o nico jeito de encarar o ano novo que j ficou velho...
Texto do P.Marcos Schmidt enviado por P. Ismar Pinz