Por:
De aliado a opositor: Flamarion o presidente da Cmara
O fim de ano reservou uma surpresa no meio poltico na ltima segunda-feira, 20, pela manh, por ocasio da eleio da mesa diretora do Legislativo candelariense para 2011. At o incio da sesso, prevalecia um acordo entre cavalheiros alinhavado por lderes partidrios do PMDB, que dava como certo o apoio dos vereadores tucanos Flamarion Galetto e Cristina Rohde para garantir a eleio do candidato peemedebista Alan Wagner. O voto dos dois, somados ao do candidato Alan e de seus colegas de bancada Cristiano Cunha e Cristiano Becker lhe dariam a presidncia. Porm, no foi o que aconteceu. Indicado para ser o vice-presidente de Alan Wagner (PMDB), o vereador Flamarion Galeto (PSDB) mudou sua posio na ltima hora e encabeou a chapa que lhe garantiu o mandato como presidente do Legislativo para o prximo ano. Alan concorreu com Paulo Hoffmann (PDT) de vice e Cristiano Cunha (PMDB) de secretrio. Na chapa de Flamarion, Cludio Gehres (PP) foi o vice e Cristina Rohde, a secretria.
Metade das cadeiras do plenrio foi ocupada pela plateia, que assistiu a duas votaes. Na primeira, as chapas empataram em 4x4, e um voto em branco foi registrado. Se permanecesse o resultado na segunda votao, Flamarion seria eleito pelo critrio da idade - pela Lei Orgnica, no caso de empate o cargo fica com o mais velho. Na segunda votao, o vereador que havia votado em branco na primeira eleio, mudou seu critrio e resolveu apoiar a chapa de Galetto, que, dessa forma, venceu por 5 votos contra 4. A votao foi secreta, mas, a julgar pelo resultado, teriam votado em Alan o prprio candidato, Cristiano Cunha, Cristiano Becker e Paulo Hoffmann, que comps como vice do peemedebista. Por excluso, pode-se imaginar que os demais vereadores apoiaram a chapa vencedora.
POSTURA - Em depoimento reportagem da Folha veiculado na ltima sexta-feira, 17, Flamarion Galetto observou a importncia de estreitar laos com o Executivo, elencando uma srie de benefcios que a bancada de seu partido conseguiu, principalmente junto ao Governo do Estado. " importante que se busque uma aproximao com o Executivo. Independente da minha filiao partidria sempre vou defender os interesses do municpio e priorizar o que bom para a comunidade", disse Galetto na entrevista. No sbado pela manh, no programa da prefeitura transmitido pela Rdio Princesa, o prefeito Lauro Mainardi elogiou a postura de Galetto em favor da coletividade. Em relao mudana de deciso, Galetto justificou que foi por fora do partido, j que no pode decidir sozinho.
Alan: "quem perdeu foi a comunidade"
Com os planos frustrados pelo que designou de manobra dos partidos de oposio ao atual governo, o vereador Alan Patrick Wagner disse que no sente-se derrotado, que foi para a luta, mas que caiu em p. Logo aps a sesso da Cmara de segunda-feira, ele relatou reportagem da Folha que o fato de ser alado a chefe de um poder no era seu principal objetivo, pois seus planos eram de implantar uma poltica de reduo de custos na Cmara de Veradores e aplicar as sobras de recursos em obras que realmente atendessem s necessidades da comunidade. "Infelizmente, quem perde a comunidade, pois prevaleceram os interesses pessoais", considerou. " difcil entender porque as opinies mudam to repentinamente; um dia se diz uma coisa, no outro se age diferente", observou, dirigindo crticas atitude do colega Flamarion Galetto. "Fatos como esse que colocam a credibilidade da classe poltica em xeque", enfatizou.
Por fim, relatou que a partir de agora ir intensificar ainda mais sua atuao como fiscalizador rigoroso no que diz respeito ao uso de dirias e gastos desnecessrios no poder Legislativo. "No vou admitir farras e nem luxos, pois minha bandeira sempre foi a da comunidade", pontuou.
Flamarion: "a vaga no minha, mas do partido"
Em visita redao da Folha na tera-feira, 21, o vereador Flamarion Galetto apresentava um semblante um tanto entristecido, dando indcios de que havia passado a noite em claro. Segundo declarou, foi o que efetivamente aconteceu. Em relao eleio que o alou presidncia da Cmara, ele confirmou ao editor da Folha que minutos antes do prazo dado para a inscrio de chapas era certa sua participao como vice de Alan Wagner. "Era esse o acordo e o caminho a ser seguido", garantiu. Em relao sua mudana de posio, atribuiu o fato grande presso exercida por lderes do PP e da direo de seu partido. "A vaga na Cmara no minha, mas do partido, que me deu espao para concorrer", justificou. "Naquele momento, em uma sala reservada, me reuni com lideranas do PP e recebi ligaes de lderes do meu partido, expondo que a chapa com Alan no seria interessante para o PSDB", continuou. "Com a sinalizao de que at integrantes da situao seriam a favor da inscrio de uma chapa encabeada por mim, pensei: por que deixar de ser presidente para ser vice? Foi s a que tomei a deciso de concorrer", complementou. Na entrevista, Galetto disse que ganhar a presidncia da Cmara no foi uma vitria e que se sente frustrado em ter decepcionado o colega Alan. "Se soubesse tudo o que estou sentindo em relao a isso, hoje (no dia seguinte eleio) minha atitude seria diferente", avaliou o vereador.
GESTO - Galetto assume no dia 1 de janeiro com a promessa de manter sua postura ponderada em relao administrao municipal. "No haver retaliaes, pois isso no faz parte do meu perfil, e todos os projetos considerados polmicos devero ser ajustados de forma com que atendam s reais necessidades da comunidade", evidenciou. Por fim, destacou que pretende estreitar os laos com a imprensa para dar visibilidade s realizaes da Cmara de Vereadores.
PDT pede desculpas pelo incidente
O presidente do diretrio municipal do PDT, Carlos Gomes da Rosa, esteve nesta semana na redao da Folha para pedir desculpas s lideranas do PMDB pelo mal-estar causado depois da eleio de Flamarion Galetto. Rosa no tem dvida de que o voto que decidiu a eleio a favor de Galetto partiu do vereador Ovdio da Silveira. Segundo explicou, nos dois primeiros anos os vereadores do PMDB cumpriram o acordo entre cavalheiros e elegeram Ovdio e Paulo Hoffmann para presidir o Legislativo, e que neste ano deveriam votar em Alan Wagner. Ele considerou como antitica a atitude do parlamentar do PDT e disse que passou a semana recebendo ligaes de afiliados que manifestaram o desejo de deixar o partido aps o episdio de segunda-feira. O "racha" parece inevitvel, e neste sentido Carlos da Rosa enfatizou que o PDT j tem dois nomes para a majoritria em que deve concorrer novamente como aliado do PMDB na prxima eleio municipal: o vereador Paulo Hoffmann e o atual vice-prefeito, Rui Leopoldo Beise.