A inversão da realidade ou O mundo se transformou num hospício
Não se trata de alardear falsamente alguma coisa, mas de falsificações da própria coisa. De juntar dois conceitos contraditórios para fazer de conta que algo é o que não pode ser.
Não se trata de alardear falsamente alguma coisa, mas de falsificações da própria coisa. De juntar dois conceitos contraditórios para fazer de conta que algo é o que não pode ser.
É preciso reconhecer que a maior loucura está instalada na realidade, faz parte dos protocolos cotidianos das instituições e diz respeito à essência das narrativas que constituem os sujeitos e os partidos.
Caso Temer também fosse cassado, não haveria mais como sustentar a falácia de que Dilma fora derrubada por um golpe.
A esquerda brasileira tampouco é liberal. Para ela, liberalismo é um palavrão, resultado da redução do conceito a sua expressão econômica, desconsiderando a tradição dos direitos civis e a própria ideia de direitos humanos.
A iminência das reformas da previdência e trabalhista, uma possível eleição indireta, o controle da classe política e empresarial na vida de trabalhadores e trabalhadoras são sinais das utopias esfaceladas do tempo que vivemos.
Pode ser que eleições sejam convenientes agora. Pode ser até que sejam recomendáveis em vista da bagunça imperante. Mas de modo algum resolvem quaisquer dos problemas criados com o passar do tempo pelo próprio estado.
Armados com o conhecimento de que a realidade sempre vai nos causar dor, as adversidades, por maiores que sejam, apesar de nos fazer padecer, não nos espantam, pois então saberemos que a aflição realiza o próprio fim da vida.
Um projeto popular de Libertação não está nas mãos da presidência ou do congresso, tampouco dos empresários e da mídia. Ela só será concreta no povo. No povo.
Os interesses particulares são preponderantes de tal modo que somos obrigados a testemunhar a recusa patética de Temer em renunciar frente a uma situação insustentável.
O debate público exige que os participantes tenham presente, de início, seus campos de ignorância. Somos todos ignorantes sobre muitas coisas e ter uma ideia - aproximada, pelo menos - daquilo que ignoramos é muito útil.
Quando lidamos com rótulos e com noções preconcebidas, deixamos de reconhecer fenômenos, fatos e características que contrariam nossos pressupostos. Lidamos, assim, com “vendas” e “viseiras".
Se na democracia há uma indicação e um consentimento formal, em qualquer forma de governo tem de haver pelo menos um consentimento tácito.
Além do discurso em defesa da ordem a da alienação do trabalhador, não há nada que justifique e garanta a legitimidade da adjetivação dos grevistas como vândalos e vagabundos.
“Através desses milênios, o autor ou a autora está falando clara e silenciosamente dentro da sua cabeça, diretamente para você – o livro rompe as correntes do tempo”.
Até que ponto não estamos todos superlotados de histórias únicas? Até que ponto a dignidade das pessoas não tem sido subtraída pela repetição insistente de estereótipos?
Se o Brasil fosse composto de pessoas normais, dentre elas os partidários de Lula, elas se sentiriam embaraçadas por seu ídolo ser acusado de praticar crimes enquanto e por ser presidente.
Para que a pós-verdade triunfe, é preciso que as garantias individuais sejam soterradas, que a ciência seja ignorada e que fenômenos como a violência e a corrupção se transformem em paisagem.
Não ignoro a importância de tornar públicos os nomes dos políticos envolvidos, mas que tiremos um tempo também para refletir os problemas do nosso sistema político e os possíveis caminhos que devemos tomar daqui para a frente.
A “Descoberta do Brasil” bem em verdade encobriu com uma mortalha a vida e a história originária do continente. Até mesmo a busca pela “origem” perpassa por uma dita “racionalidade moderna” aos padrões do mesmo que conquistaram.
“Invertendo o raciocínio, a constatação da pesquisa prova pelo menos que não é correto afirmar que todos os pobres se veem como vítimas da sociedade, dependentes do estado e que querem uma revolução para mudar tudo”.